Movimento artístico e literário
Realismo foi
um movimento artístico e literário surgido
nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais
especificamente na França, em reação
ao Romantismo. Entre
1850 e 1880 o
movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se
estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram
a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade
de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não
inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura
e, principalmente, na arquitetura.
Características do Realismo
O movimento
realista correspondeu à ascensão da pequena burguesia, na segunda metade do século
XIX. O pensamento filosófico que exerceu mais influência no surgimento do
Realismo foi o Positivismo. Ao
contrário do gosto da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas
artísticas (a "arte pela arte"), motivou-a uma arte voltada a solução dos
problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de
"compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo romântico e
procurava incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo. O Naturalismo
é uma espécie de prolongamento do Realismo. Não chegaram a ser movimentos
literários distintos, tanto é que muitos autores são simultaneamente realistas
e naturalistas, sendo o Naturalismo cronologicamente posterior ao Realismo.
Em geral, os
realistas retratavam temas e situações em contextos contemporâneos do cotidiano, e
tentaram descrever indivíduos de todas as classes sociais de uma maneira
similar. O idealismo clássico,
o emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e muitas vezes
os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou
omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e os tratam com a mesma seriedade que as outras
classes de arte, mas o realismo, como prevenção a artificialidade, no
tratamento das relações humanas e as emoções também eram um objetivo do
Realismo. Tratamentos de assuntos de uma maneira heroica ou sentimental foram
igualmente rejeitados.
Principais diferenças entre Romantismo e Realismo
Romantismo
|
Realismo
|
|
Pessoa
|
primeira
|
terceira
|
Valoriza
|
o que se idealiza
e sente
|
o que se é
|
|
|
|
O Realismo nas artes
O Realismo fundou
uma Escola artística que
surgiu no século XIX em
reação ao Romantismo e se
desenvolveu baseada na observação da realidade (como
contexto social), na razão e na ciência. O realismo,
como movimento artístico do século XIX, que se caracterizava pela oposição ao idealismo das
escolas clássica, romântica e acadêmica, não deve ser confundindo com
técnicas realistas de execução de obras de arte, ou seja, com o esmero do
artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as vê na
realidade. Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao
menos, a Antiguidade clássica e foram e continuam sendo utilizadas por diversas
escolas (como, a dos surrealistas).
Como movimento
artístico, surgiu na França, e sua influência se estendeu a numerosos países.
Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais
contra o capitalismo progressivamente
mais dominador, ao mesmo tempo em que há um crescente respeito pelo fato
empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e experimentais e pelo
progresso técnico. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do
Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as
suas idealizações da paixão amorosa. A passagem do Romantismo para o Realismo
corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo.
Pintura realista
O historiador
Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de
paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam seus
quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou
comum no século XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram
quase sempre compostas nos ateliês. Principais
pintores realistas:
O Realismo na escultura
Na escultura, o grande
representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não se preocupou com a
idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais
como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos,
assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica
principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
O Realismo na arquitetura
Os arquitetos e engenheiros procuram
responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela
industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas
precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas,
escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
Teatro e o Realismo
Com o realismo,
problemas do cotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os palcos. O
teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo fato de que não
só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também suplantava a
vida real pela forma do drama. O herói
romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se
coloquial. A primeira grande obra dramática realista
é A Dama das Camélias, de fevereiro de
1852, do francês Alexandre Dumas, filho (1824-1895).
Fora da França, um dos
expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906).
Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher.
São importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936),
autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946),
autor de Os Tecelões.
O Realismo pode ser
visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da Faixa Preta e
outras.
O Realismo na literatura
Motivados pelas
teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam
retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a
face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram
mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor
adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante
dos poderosos.
Uma característica
do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que
faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado
de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um
autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto
para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir
nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a
ela.
Em lugar do egocentrismo romântico,
verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a
realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão
objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas
talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos
humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e
limitações. Na Europa, o
realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.
Alguns expoentes do
realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.
Realismo no Brasil
A partir da
extinção do tráfico negreiro, em 1850,
acelera-se a decadência da economia açucareira no Brasil e o
país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O contexto social
que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo,
propiciaram o surgimento do Realismo no Brasil.
Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro
romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias
Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil).
Lembrando que
Machado de Assis foi o principal escritor do Realismo no Brasil, suas
principais obras foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.
Por volta de 1890 o
Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal. Em 1893, o próprio
Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem
experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos,
findou (se é que jamais existiu, a não ser em teoria).
Embora por vezes
doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-se por
isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética, um sentir
novo, que se opôs ao Idealismo e ao
Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal às
influências estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas
literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si
mesmo.
Origem: Wikipédia
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