Faculdade do
Terreiro de Jesus: patrimônio artístico e cultural do Brasil
A Escola de
Medicina da Bahia é a mais antiga
instituição de ensino superior no Brasil, sendo criada por decreto de Dom
João VI, em 1808. Para tal, o antigo prédio do convento dos Jesuítas de
Salvador,
que desde a expulsão desta ordem religiosa do Brasil, em 1759, era
utilizado como Hospital Militar, foi adaptado para acolher a nova escola.
Capela da Faculdade
Feição atual após o incêndio de 1903
Em 1903 um incêndio devastador a destruiu quase inteiramente. Logo depois, uma grande reforma deu ao prédio a sua feição atual, de características monumentais, neoclássicas a ecléticas. Nesta reforma se utilizou o que havia de mais moderno, então, para o ensino de Medicina, com a criação de um parlatório em rotunda, salas de laboratórios e de experimentos médicos, equipamentos de refrigeração para o instituto médico legal, biblioteca especializada e outras instalações que a transformaram num centro de ensino de ponta da área médica do Brasil, na época. O prédio se situa na praça do Terreiro de Jesus, no centro histórico de Salvador, anexo a Catedral, antiga igreja dos Jesuítas, sendo tombado pelo instituto do patrimônio histórico nacional (IPHAN).
A excelência dos seus cursos atraía aspirantes á medicina, de todo o país, especialmente do Norte e Nordeste. Grandes nomes da medicina nacional dos séculos XIX e até a primeira metade do XX, ali passaram, como estudantes ou professores, entre outros (Raimundo) Nina Rodrigues, considerado a primeira autoridade em medicina legal do país, Juliano Moreira, um dos primeiros especialistas em psiquiatria no Brasil e Oscar Freire, baiano, que aí se formou e posteriormente implantou o curso de medicina legal em São Paulo. Considerado um dos maiores cientistas médicos brasileiros, de enorme prestígio, batizou uma das ruas mais badaladas da São Paulo de hoje. A escola foi também pioneira na aceitação da primeira mulher a estudar medicina no país, Rita Lobato, proveniente do Rio Grande do Sul, que ali se formou em 1887, numa época que a mulher era considerada inapta para estudas ciências. A fama da escola fazia com que muitos dos médicos que ali estudaram, de todo o Brasil, colocassem nas portas de seus consultórios a informação que se formaram na Escola de Medicina da Bahia, como uma garantia da qualidade dos seus serviços. Incorporada, na década de 1940, à recém fundada Universidade Federal da Bahia (UFBa), a medicina funcionou neste mesmo prédio até 1968, quando foi transferida para novas instalações no bairro do Canela, em Salvador. O instituto médico legal, que ali também funcionava, onde hoje é a biblioteca, também se mudou, posteriormente, para novos prédios, em outro local da cidade.
O velho prédio ficou então quase inteiramente abandonado, abrigando apenas, em alguns locais, pequenos museus, se arruinando aos poucos. A partir de 2004 um amplo projeto de restauração do prédio e de revitalização da escola, foi iniciado. Em 2009 a reforma da parte monumental do mesmo, correspondente ao prédio de 1903, foi inaugurada, incluindo o salão nobre, onde se realizavam as formaturas, outras solenidades e palestras, a sala da diretoria, o parlatório circular, a biblioteca e outras instalações. Parte do mobiliário original também foi restaurado. Hoje ali funcionam o Memorial da Medicina, a biblioteca histórica, o Museu Afro Brasileiro, o Museu de Antropologia e Etnologia da UFBa, no subsolo escavado, onde foi encontrado o antigo claustro do primitivo convento dos jesuítas, , a Secretaria de Pós Graduação de Medicina da UFBa, alguns cursos de pós graduação da área médica e, ainda, ambulatórios que atendem a população residente na área.
Salão de leitura da
Biblioteca da Faculdade
Médicos famosos formados
pela Faculdade
O Memorial de Medicina guarda grande parte do histórico do ensino ali ministrado, como equipamentos antigos de exames médicos, diplomas e fotos de antigos alunos, salas com mobiliario original, e todo um acervo relativo a escola, em si. A biblioteca possui um acervo valiosíssimo, de teses, experimentos e pareceres científicos, ali mesmo elaborados e de fora, e publicações diversas, nacionais e estrangeiras, muitas delas centenárias, indispensáveis a quem se dedica ao estudo da evolução da medicina no Brasil e no mundo. O Museu Afro Brasileiro, além dos belíssimos painéis em madeira dos orixás do candomblé, de autoria do artista plástico Carybé, exibe máscaras rituais, figuras em bronze do Benin, entre outros objetos de procedência africana. O Museu de Arqueologia e Antropologia reúne objetos de culturas indígenas brasileiras e achados arqueológicos do período colonial, encontrados em escavações realizadas em Salvador.
A escola, oficialmente intitulada de Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB), tem atualmente um programa de revitalização voltado para aproveitar o seu espaço não apenas como museu, mas também como centro moderno de ensino médico. Já está em pauta a criação de novos cursos de medicina neste prédio, de graduação e pós, á medida que novas áreas sejam recuperadas.
É este prédio centenário, repleto de história, cultura e ciência, de bela arquitetura neoclássica a eclética, com vestígios de arquitetura colonial portuguesa, que lhes apresento.
Fonte:
skyscrapercity.com/showthread.php?t=1361447
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