segunda-feira, 10 de março de 2014

HISTÓRIAS DE SEBASTIÃO NERY

(IV)

SEIS FRADES PERDIDOS
A Bahia é uma história de magias, até nas coisas de Deus. Em 1660, seis frades portugueses, carmelitas descalços, vinham de Lisboa para criar um convento em Angola por ordem do Rei de Portugal. Desceram
aqui em Salvador, capital do Brasil de 1549 a 1759. Por falta de barcos, ficaram oito meses na Bahia, sofrendo privações e doenças, e voltaram para Portugal.
Cinco anos depois, em 1665, os carmelitas descalços conseguiram uma Carta Régia, autorizando-os a fundarem um convento em Salvador.
Desembarcaram na Bahia Frei José do Espirito Santo – prior e responsável pela fundação –,  três monges e dois irmãos leigos.
Instalaram-se na Ladeira da Preguiça – a mesma da bela canção de Gilberto Gil – e criaram um pequeno hospício, diante e acima do mar, em terreno doado pelo Rei de Portugal Dom Afonso VI. Pedindo e ganhando esmolas e ajudas, em 1667, começaram a construir ao lado o majestoso Convento de Santa Tereza D’Ávila, para onde se mudaram em 1686. Dez anos depois, em outubro de 1697, foi inaugurada a igreja.

CONVENTO E BANCO
“Belíssimo monumento arquitetônico, um dos maiores em todo mundo português, dos mais belos monumentos da arte colonial brasileira, o mais representativo da arquitetura portuguesa de além-mar, de grande semelhança com o Convento dos Remédios e Évora, em Portugal”.
É assim que a Universidade Federal da Bahia (UFBA) o define. Os religiosos se dedicavam sobretudo “à defesa dos indígenas.” Como não podiam trazer mais frades de Portugal, criaram o Colégio de Estudos para formar missionários.
O século XVIII foi o grande apogeu pelas inúmeras obras artísticas, como altares e paineis. Por segurança, o convento virou banco. Ali eram depositados grandes somas de dinheiro, emprestado a terceiros, cujos juros permitiam as obras. Eram comuns as doações, sobretudo, para túmulos das famílias.


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