Episódio bíblico
Judite é um dos livros deuterocanônicos do antigo testamento da Bíblia católica.
Possui 16 capítulos. Vem depois do livro de Tobias e
antes do livro de Ester.
A Edição Pastoral da Bíblia sustenta que se trata de uma história fictícia composta para
encorajar o povo a resistir e lutar, escrita provavelmente em meados do séc. II
AC, durante a resistência dosMacabeus ou logo após. O livro apresenta a situação
difícil do povo, oprimido por uma grande potência. Por trás de Nabucodonosor e
seu império, podemos entrever a figura de qualquer dominador com seu sistema de
opressão.
De
acordo com a Jewish Encyclopedia, o autor do livro demonstra farto conhecimento da geografia mundial e
das escrituras, no entanto ele comete o erro crasso de iniciar a história
dizendo que ela se passa no décimo-segundo ano de Nabucodonosor, rei dos
assírios em Nínive,
e em uma época depois do retorno dos judeus do exílio; isto seria uma forma de
dizer ao leitor que o livro é ficção, e não história.
Por
outro lado, a Tradução
Ecumênica da Bíblia sustenta que o livro
teria sido escrito no final do século II AC, ou mais tarde, e que se baseia em
fatos reais que teriam ocorrido durante a Dominação Persa,
trata-se de um Midrash,
no qual um núcleo que pode ser real é tratado com muita liberdade, amplificado
por novos episódios fictícios, fecundado por alusões a textos bíblicos. Sendo
que no caso do Livro de Judite cogita-se que o autor teria se
inspirado: na astúcia de Tamar (Gn 38), no assassinato de Eglon por Ehud (Jz 3:12-30), e de Siserá por Iael (Jz 4-Jz 5), no combate entre David e Golias (I Sm 17), na intervenção de Abigáil junto
a David, entre outros.
Numerosas
citações atestam que havia um uso difundido do Livro de Judite entre
os primeiros cristãos, que foi incluído em uma lista de livros canônicos que é
atribuída ao Papa Inocêncio I e
data de 405. O Novo Testamento não cita o Livro de Judite, mas há semelhanças de
pensamento que indicam que o livro era conhecido pela primeira geração de
cristãos.
O
livro relata a história de uma piedosa viúva sai da cidade cercada e dirige-se
ao acampamento do exército inimigo, com sua beleza envolve o comandante Holofernes, que se embriaga durante um banquete e tem sua
cabeça cortada pela heroína desta história.
Os
três primeiros capítulos (Jt 1-Jt 3 descrevem os mecanismos de dominação das
grandes potências: aparato militar, demonstração de força, intimidação, e
também mostram como os pequenos países, intimidados, se submetem a tais
pressões. A prepotência se torna verdadeiro ídolo, que exige adoração.
Nos
4 capítulos (Jt 4 - Jt 7), é apresentado um país pequeno que, apesar de
dominado, se prepara para reagir, através de uma fé prática, e por outro lado,
descreve a irritação do opressor, que não admite insubmissão e despreza o Deus
libertador presente na história. O oprimido se vê tentado a fazer as pazes e a
se conformar com a escravidão.
Nos
capítulos 8 e 9, a figura de Judite sugere dois símbolos que se complementam:
a mulher corajosa que sai em defesa de seu povo oprimido e o próprio povo que
renova sua força e fé, liderado por gente que enfrenta a covardia das
autoridades e sai à luta.
Nos
capítulos 10 a 13, a beleza e artimanhas de Judite simbolizam a fé, que não dispensa os meios
políticos na luta para eliminar os mecanismos centrais de repressão (cabeça
de Holofernes). Diante de uma primeira vitória, os outros (Aquior) se unem porque começam a ter fé no Deus que
liberta. Por fim, a vitória comemorada reacende o ideal de liberdade e o prazer
de louvar o Deus verdadeiro, que vence os ídolos opressores.
Diante
da opressão, surge a questão do como proceder, havendo a alternativa de
refugiar-se na fé, esperando que Deus resolva a situação ou entrar no jogo da história,
combatendo os poderosos com as mesmas armas. Cabendo refletir até que ponto
Deus está presente na passividade ou na atividade histórica do seu povo3 .
Nesse
contexto, o Livro de Judite indica que a fé autêntica é aquela
que encarna a fidelidade a Deus e ao seu projeto dentro da situação histórica
concreta em que o povo está vivendo. Deus estará sempre aliado com aqueles que
lutam para conquistar a liberdade e a vida, procurando destruir toda e qualquer
forma de escravidão e
morte. Tal luta, porém, não deve realizar-se de forma temerária. É preciso agir
com discernimento, para realizar ação verdadeiramente eficaz, coerente com a fé que leva
para a vida.
Fonte:
Wikipédia
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