segunda-feira, 10 de março de 2014

O MITO GETÚLIO

Rio-grandense, filho do militar Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Dorneles, de rica família de estancieiros gaúchos, Getúlio alistou-se aos quinze anos no Sexto Batalhão de
Infantaria de sua cidade nata. Promovido a segundo sargento em 1899, obteve autorização para ingressar na Escola Militar, da qual acabou excluído por ter participado de um motim. Transferido para o 25º Batalhão de Porto Alegre, pouco depois pediu baixa do exército e matriculou-se na Escola de Direito nesta cidade, na qual se formou em 1907. Logo nomeado para a segunda promotoria no tribunal da capital gaúcha.
Em 1909 elegeu-se deputado à Assembleia legislativa estadual, como representante do partido republicano Rio-Grandense. Em 1911 casou-se com Darcy Sarmanho Vargas, com quem teria cinco filhos. Reconduzido  ao Parlamento Estadual em 1917 e em 1921, Getúlio ocupou, a partir de 1923, uma cadeira de deputado federal, tornando-se líder da bancada gaúcha. Em 1926, durante o governo de Washington Luís, foi ministro da Fazenda, mas deixou o cargo no ano seguinte para assumir o governo do estado do Rio Grande do Sul.
Em 1929, ainda governador, começou a articular a formação da Aliança Liberal, lançando em setembro sua candidatura à Presidência da República contra o candidato oficial Júlio Prestes. Em outubro de 1930, teve início o movimento armado que, um mês depois, levaria Vargas ao poder, como chefe do governo provisório. Eleito pelo congresso em 1934, tornou-se presidente de direito.
Antes de completar o mandato, porém, desencadeou um golpe de estado em 1937, instalando o Estado novo. Governou com poderes ditatoriais até ser deposto em 1945. Esse período foi marcado pela centralização do poder, pela intervenção do estado na economia e por uma política trabalhista voltada para o enquadramento das organizações operárias. Fora do poder, Getúlio continuou a influir na vida político partidária, colocando-se na oposição ao presidente eleito em 1946, Eurico Gaspar Dutra. Candidato à presidência em 1950, elegeu-se com 48,7% dos votos e tomou posse em 1951. Dessa ver governou como chefe populista. Enfrentando forte oposição, Vargas resolveu o impasse político suicidando-se com um tiro no coração, no Palácio do Catete, a 24 de agosto de 1954.
Getúlio Vargas é motivo recorrente de revisões históricas – nenhuma delas que leve a um consenso sobre  o papel do jovem tenente que atravessou parte do país para acabar com as velhas oligarquias e anunciar um novo Brasil com a revolução de 30 e, uma vez no poder, decretou o Estado Novo e deu início a uma ditadura que duraria 15 anos. Afastado da presidência da República em 1945, voltaria a ela apenas cinco anos depois nos braços do povo, mas não terminaria o mandato.
Na manhã de terça-feira, 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração no auge de uma crise política, mas a sua carta testamento era prenuncio de uma profecia que o tempo se encarregaria de confirmar. “Saio da vida para entrar na história”, dizia na frase mais lembrada do documento.
Os cientistas políticos costumam ver no gesto mais um ato do maquiavelismo político do que o instinto suicida de um personagem que poderia dispensar a dramaticidade para se perpetuar na lembrança do país. Protagonista de um tempo apaixonante, da transformação  do Brasil agrário numa nação industrializada, Getúlio Vargas criou a Petrobras, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Eletrobrás. Envolvido numa saga de conspirações, regateou com a própria morte a derrota dos que lhe queriam manchar a biografia.
O Suicídio
Manhã de 24 de agosto de 1954. Há 50 anos, o presidente Getúlio Vargas, por volta de 8h30, com um tiro no peito, comete suicídio. “Saio da vida para entrar na História”. Só agora se sabe que a célebre frase extraída da carta testamento deixada por Getúlio e encontrada na mesinha de sua cabeceira foi na verdade inventada pelos seus assessores. A verdadeira carta escrita a lápis por Vargas, como ele costumava fazer, e em poder da família, nunca havia sido divulgada. A transcrição está exposta no Memorial Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.
A morte de Getúlio Vargas, foi noticiada por telefone e transmitida pela Rádio Nacional pelo então ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, que leu a famosa carta causando comoção popular. Cerca de 100 mil pessoas, foram dar o último adeus ao presidente, velado no Palácio do Catete, sede do governo federal, no Rio. “Só morto sairei do Catete”, ninguém esperava aquele desfecho e o Brasil inteiro quedou-se em estado de choque.
Uma série de acontecimentos abalaram as estruturas do Catete nos dias de agosto que antecederam ao suicídio de Vargas. Tudo começou com um atentado a Carlos Lacerda, seu arqui-inimigo, na madrugada de 5 de agosto, no portão do prédio onde morava na Rua Toneleros, em Copacabana. Morreu no episódio o seu acompanhante, o major da Aeronáutica Rubens Vaz. Lacerda que tecia críticas diárias ao governo de Getúlio em seu jornal, a Tribuna de Imprensa, acusou o presidente pelo atentado. Os indícios e as investigações apontaram para o Palácio do Catete. No Congresso, os deputados udenistas (partido político da época) passaram a exigir a renúncia de Vargas. Da
O enterro
Aeronáutica a crise se alastraria para outras corporações armadas. Vargas enfrentou durante todo o seu governo a oposição dos militares um dos principais motivos foi a nomeação de João Gulart, no ano anterior, para o cargo de ministro do Trabalho. Jango (assim era apelidado) propôs um aumento de 10% do salário mínimo e foi derrubado do cargo por pressão dos militares. Mas a sua saída não afastou a desconfiança das forças políticas e econômicas mais conservadoras de uma perigosa “guinada para a esquerda” no nacionalismo de Vargas. Desta forma os militares insatisfeitos com os rumos do governo vislumbraram a ocasião como propícia para afastar de uma vez pr todas Getúlio Vargas. No dia 22 de agosto, um grupo de brigadeiros divulgou um manifesto que exigia a renúncia imediata do presidente. Um dia depois, um documento assinado por 27 generais do Exército circulou pelos quarteis com pedido de renúncia do presidente julgado como o “melhor caminho para tranquilizar o povo e manter unidas as Forças Armadas”.



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