Rio-grandense, filho do
militar Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Dorneles, de rica família de
estancieiros gaúchos, Getúlio alistou-se aos quinze anos no Sexto Batalhão de
Infantaria de sua cidade nata. Promovido a segundo sargento em 1899, obteve
autorização para ingressar na Escola Militar, da qual acabou excluído por ter
participado de um motim. Transferido para o 25º Batalhão de Porto Alegre, pouco
depois pediu baixa do exército e matriculou-se na Escola de Direito nesta
cidade, na qual se formou em 1907. Logo nomeado para a segunda promotoria no
tribunal da capital gaúcha.
Em 1909 elegeu-se
deputado à Assembleia legislativa estadual, como representante do partido
republicano Rio-Grandense. Em 1911 casou-se com Darcy Sarmanho Vargas, com quem
teria cinco filhos. Reconduzido ao
Parlamento Estadual em 1917 e em 1921, Getúlio ocupou, a partir de 1923, uma
cadeira de deputado federal, tornando-se líder da bancada gaúcha. Em 1926,
durante o governo de Washington Luís, foi ministro da Fazenda, mas deixou o
cargo no ano seguinte para assumir o governo do estado do Rio Grande do Sul.
Em 1929, ainda
governador, começou a articular a formação da Aliança Liberal, lançando em
setembro sua candidatura à Presidência da República contra o candidato oficial
Júlio Prestes. Em outubro de 1930, teve início o movimento armado que, um mês
depois, levaria Vargas ao poder, como chefe do governo provisório. Eleito pelo
congresso em 1934, tornou-se presidente de direito.
Antes de completar o mandato,
porém, desencadeou um golpe de estado em 1937, instalando o Estado novo. Governou
com poderes ditatoriais até ser deposto em 1945. Esse período foi marcado pela
centralização do poder, pela intervenção do estado na economia e por uma
política trabalhista voltada para o enquadramento das organizações operárias.
Fora do poder, Getúlio continuou a influir na vida político partidária,
colocando-se na oposição ao presidente eleito em 1946, Eurico Gaspar Dutra.
Candidato à presidência em 1950, elegeu-se com 48,7% dos votos e tomou posse em
1951. Dessa ver governou como chefe populista. Enfrentando forte oposição,
Vargas resolveu o impasse político suicidando-se com um tiro no coração, no
Palácio do Catete, a 24 de agosto de 1954.
Getúlio
Vargas é motivo recorrente de revisões históricas – nenhuma delas que leve a um
consenso sobre o papel do jovem tenente
que atravessou parte do país para acabar com as velhas oligarquias e anunciar
um novo Brasil com a revolução de 30 e, uma vez no poder, decretou o Estado
Novo e deu início a uma ditadura que duraria 15 anos. Afastado da presidência
da República em 1945, voltaria a ela apenas cinco anos depois nos braços do
povo, mas não terminaria o mandato.
Na manhã de
terça-feira, 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no
coração no auge de uma crise política, mas a sua carta testamento era prenuncio
de uma profecia que o tempo se encarregaria de confirmar. “Saio da vida para
entrar na história”, dizia na frase mais lembrada do documento.
Os cientistas
políticos costumam ver no gesto mais um ato do maquiavelismo político do que o
instinto suicida de um personagem que poderia dispensar a dramaticidade para se
perpetuar na lembrança do país. Protagonista de um tempo apaixonante, da
transformação do Brasil agrário numa
nação industrializada, Getúlio Vargas criou a Petrobras, a Companhia
Siderúrgica Nacional e a Eletrobrás. Envolvido numa saga de conspirações,
regateou com a própria morte a derrota dos que lhe queriam manchar a biografia.
O Suicídio
Manhã de 24
de agosto de 1954. Há 50 anos, o presidente Getúlio Vargas, por volta de 8h30,
com um tiro no peito, comete suicídio. “Saio da vida para entrar na História”.
Só agora se sabe que a célebre frase extraída da carta testamento deixada por
Getúlio e encontrada na mesinha de sua cabeceira foi na verdade inventada pelos
seus assessores. A verdadeira carta escrita a lápis por Vargas, como ele
costumava fazer, e em poder da família, nunca havia sido divulgada. A
transcrição está exposta no Memorial Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.
A morte de
Getúlio Vargas, foi noticiada por telefone e transmitida pela Rádio Nacional
pelo então ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, que leu a famosa carta causando
comoção popular. Cerca de 100 mil pessoas, foram dar o último adeus ao
presidente, velado no Palácio do Catete, sede do governo federal, no Rio. “Só
morto sairei do Catete”, ninguém esperava aquele desfecho e o Brasil inteiro
quedou-se em estado de choque.
Uma série de
acontecimentos abalaram as estruturas do Catete nos dias de agosto que
antecederam ao suicídio de Vargas. Tudo começou com um atentado a Carlos
Lacerda, seu arqui-inimigo, na madrugada de 5 de agosto, no portão do prédio
onde morava na Rua Toneleros, em Copacabana. Morreu no episódio o seu acompanhante,
o major da Aeronáutica Rubens Vaz. Lacerda que tecia críticas diárias ao
governo de Getúlio em seu jornal, a Tribuna de Imprensa, acusou o presidente
pelo atentado. Os indícios e as investigações apontaram para o Palácio do
Catete. No Congresso, os deputados udenistas (partido político da época)
passaram a exigir a renúncia de Vargas. Da
O enterro
Aeronáutica
a crise se alastraria para outras corporações armadas. Vargas enfrentou durante
todo o seu governo a oposição dos militares um dos principais motivos foi a
nomeação de João Gulart, no ano anterior, para o cargo de ministro do Trabalho.
Jango (assim era apelidado) propôs um aumento de 10% do salário mínimo e foi
derrubado do cargo por pressão dos militares. Mas a sua saída não afastou a desconfiança
das forças políticas e econômicas mais conservadoras de uma perigosa “guinada
para a esquerda” no nacionalismo de Vargas. Desta forma os militares
insatisfeitos com os rumos do governo vislumbraram a ocasião como propícia para
afastar de uma vez pr todas Getúlio Vargas. No dia 22 de agosto, um grupo de
brigadeiros divulgou um manifesto que exigia a renúncia imediata do presidente.
Um dia depois, um documento assinado por 27 generais do Exército circulou pelos
quarteis com pedido de renúncia do presidente julgado como o “melhor caminho
para tranquilizar o povo e manter unidas as Forças Armadas”.
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