Série: segredos da vida
O caviar nosso de cada
dia
Esturjão é o nome comum usado para designar
as espécies de peixes da família Acipenseridae, incluindo os gêneros Acipenser, Huso,Scaphirhynchus e Pseudoscaphirhynchus. O termo inclui mais de 20
espécies que são comumente conhecidas como
esturjões e várias espécies aparentadas que possuem nomes comuns distintos,
sendo as mais notáveis sterlet, kaluga e beluga. Coletivamente, a família é
também conhecida como Esturjões
Verdadeiros. O termo esturjão é algumas vezes utilizado mais exclusivamente
para designar espécies dos dois gêneros mais conhecidos: Acipenser e Huso.
Os esturjões compõem uma das mais
antigas famílias de peixes ósseos existentes, e são nativos de rios, lagos
e costas litorâneas subtropicais, temperadas e subárticas da Eurásia e da América do Norte. Eles têm uma aparência distinta, com os seus corpos alongados,
ausência de escamas,
e às vezes grande porte: esturjões de comprimento entre 2 e 3,5 metros são
comuns, e algumas espécies chegam a 5,5 metros. A maioria deles consiste
de bentos anádromos,
que sobem rios para se reproduzir e se alimentam em deltas e estuários.
Alguns deles são exclusivamente de água doce, e, dentre os que vivem no mar,
são pouquíssimas as espécies que se distanciam das áreas costeiras. Várias
espécies de esturjão são pescadas para a extração da sua ova,
da qual se faz o caviar – um produto de luxo que faz do esturjão o
peixe comerciamente mais valioso. Devido ao seu crescimento vagaroso e ao longo
período necessário para alcançar a maturidade, os esturjões são particularmente
vulneráveis à pesca excessiva e a outras ameaças, incluindo a poluição e a
fragmentação de habitats. A maioria das
espécies de esturjão é atualmente considerada vulnerável,
em perigo ou
em perigo
crítico.
Juntamente
com outros membros das ordens Chondrostei e Acipenseriformes, os esturjões são basicamente cartilaginosos,
carecendo de um centrum
vertebral, e cobertos por placas
ósseas, ou escudos córneos, em vez
de escamas. Eles também possuem quatro “bigodes” - órgãos táteis que precedem a
boca desprovida de dentes e que são atritados contra o fundo frequentemente turvo
dos rios. Os esturjões são distinta e imediatamente reconhecidos pelos seus
corpos alongados, rostro achatado,
placas ósseas, “bigodes” peculiares e extremidades caudais alongadas. Eles se alimentam
basicamente nas zonas bênticas. Com o seu focinho protuberante e achatado e em
forma de cunha os esturjões vasculham os fundos macios, e usam os “bigodes”
para detectar moluscos, crustáceos e
peixes pequenos, dos quais se alimenta. Não possuindo dentes, eles são
incapazes de imobilizar presas, embora os espécimes maiores possam engolir
presas bem grandes, incluindo salmões inteiros. Os esturjões já foram
considerados os maiores e mais longevos peixes de água doce. Alguns, como o
beluga (Huso huso), do Mar Cáspio, chega a atingir um comprimento 5,5
metros e um peso de 2.000 quilogramas , enquanto o esturjão-kaluga (H.
dauricus), do Rio Amur, atinge comprimento similar e até 1.000 quilogramas
de peso. Eles estão provavelmente entre os peixes de maior longevidade – alguns
vivem bem mais de cem anos – e só alcançam a maturidade sexual com pelo menos
20 anos de idade. Essa combinação de crescimento lento, demora para se
reproduzir e preço extremamente elevado devido à sua ova torna o esturjão
particularmente vulnerável à pesca excessiva. Os esturjões são poliplóides.
Algumas espécies possuem 4, 8 ou 16 pares de cromossomos.
O
esturjão é encontrado nas águas subtropicais e sub-árticas da América do Norte
e da Eurásia. Na América do Norte, eles são encontrados ao longo da costa
do Oceano Atlântico, doGolfo do México à Terra Nova,
e ainda nos Grandes Lagos, nos rios São Lourenço, Missouri e Mississippi,
e também na Costa
Oeste da América do Norte,
nos
principais
rios, da Califórnia à
Colúmbia Britânica. Eles também vivem ao longo da Costa
Atlântica Europeia, e ainda na região do Mediterrâneo,
nos rios que desaguam nos mares Negro, Azov e Cáspio (Danúbio,Dniepre, Volga e Don), nos rios da Rússia que correm para o norte e deságuam no Oceano Ártico (Ob, Yenisei, Lena, Kolyma), nos rios da Ásia Central (Amu
Darya e Syr
Darya) e no Lago Baikal.
No Oceano Pacífico, eles são encontrados no Rio
Amur, ao longo da fronteira entre
a Rússia e a China,
na Ilha Sacalina e no Yangtzé e outros rios do nordeste da China.
Embora
a região que habitam seja vasta, quase todas as espécies de esturjão
encontram-se altamente ameaçadas ou vulneráveis à extinção,
devido à combinação de destruição dehabitats, pesca excessiva ou predatória e poluição.
Não
se conhece nenhuma espécie que ocorra naturalmente ao sul do equador, embora tentativas de criar o esturjão tenham
sido feitas no Uruguai,
na África do Sul e em outros países.
A
maioria das espécies é pelo menos parcialmente anádroma, reproduzindo-se em água doce e alimentando-se
nas águas turvas e ricas em nutrientes dos estuários, ou fazendo migrações
significativas ao longo de costas marítimas. Porém, algumas espécies evoluíram
para viverem exclusivamente em água doce, como é o caso do esturjão-de-lago (Acipenser
fulvescens) e oesturjão-de-Baikal (Acipenser
baerii baicalensis),
ou foram obrigadas a viver em água doce devido ao bloqueio antropogênico ou
natural dos seus rios nativos, como ocorreu com algumas subpopulações de esturjão-branco (Acipenser
transmontanus) no Rio Columbia e
de esturjão-siberiano (Acipenser baerii), na bacia do Ob.
Na
Rússia, a pesca do esturjão tem um valor enorme. No início do verão o peixe
migra para os rios ou para as costas de lagos de água doce para se reproduzir.
Os ovos são muito pequenos e tão numerosos que calcula-se que uma fêmea produza
cerca de três milhões deles em uma temporada. No Reino
Unido, onde às vezes apenas seis espécimes são capturados anualmente, o
esturjão foi promovido à categoria de peixe real por um decreto do rei Eduardo II. De acordo com a lei, quem capturar um esturjão
tem que primeiro oferecê-lo ao monarca reinante. Nos locais em que os esturjões
são pescados em grande quantidade, como nos rios do sul da Rússia e nos Grandes
Lagos da América do Norte,
a sua carne é secada, defumada ou salgada. As ovas, de grande tamanho, são
transformadas em caviar. Além disso, um dos melhores tipos de isinglass, ou cola de
peixe, é feito com a bexiga
natatória do esturjão.
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