A Ilha
das Cobras fica no interior da Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro,
estado do Rio de Janeiro, no Brasil.
Inicialmente denominada como Ilha das
Cabras ("Ile des Chévres") pelos colonizadores
da França
Antártica, foi doada pelo Governador
da Capitania
do Rio de Janeiro, Estácio de Sá (1565-1567), por Carta de Sesmaria datada de 6 de setembro de 1565, a Pedro Rodrigues,
que nela fez roçados de mantimentos.
Encontra-se identificada no Mapa da Baía
do Rio de Janeiro, no Roteiro de Todos os Sinais… (Luís
Teixeira, 1574)
como Ilha da Madeira.
A
denominação Ile des Chévres encontra-se referida no mapa
de Jacques de
Vau de Claye ("Le vrai
pourtrait de Geneure et der cap de Frie par Jqz de vau de Claye",
1579. Bibliothèque
Nationale de France, Paris).
Em 1583, passou para a propriedade de João
Gutierrez Valério, mercador de escravos,
que a utilizou como depósito de sua mercadoria. Pouco depois, em 1589, diante da falência do comerciante, a ilha foi
adquirida em hasta pública pelos monges do vizinho Mosteiro de São Bento por 15$300 réis. A partir de então, passou a ser também denominada como Ilha dos Monges. A
atual denominação de Ilha das Cobras encontra-se pela primeira
referida na "Crônica" do Mosteiro
de São Bento, onde se justifica:
"Esta
ilha era como a que chamão Rubraria no mar de Tarragona, porque tinha em si
infinitas cobras e essas muy peçonhentas, e por isso lhe puserão por nome a
ilha das Cobras. Depois que foy de S. Bento se vião lançar muitas ao mar e
nadar pera a parte do Mosteiro. Depois que erão tantas que muitas vezes se
achavão agasalhadas nos leitos, porem nunca fizerão mal algù, e em breve tempo
se extinguirão de todo."
Encontra-se
figurada no mapa do neerlandês Nicolas
Van Geelkerken, que entre 1622 e 1623 percorreu a costa da capitania
do Rio de Janeiro, informando-se sobre as
suas fortificações, guarnições e seus apetrechos de defesa. Nele a ilha aparece
identificada como ilha dos Monges.
No
contexto da Guerra
Luso-Neerlandesa o Brasil havia sido
classificado como objectivo estratégico para a recém-criada Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC),
atraída não apenas pela riqueza proporcionada pela agroindústria do açúcar,
como também pelas madeiras nobres, o couro, o tabaco e o algodão.
A
partir de 1624,
ano da conquista neerlandesa da
capital do Brasil, Salvador na capitania da Bahia, os rumores de uma possível invasão ao Rio de Janeiro provocaram
pânico. Os muros da cidadela no morro do Castelo foram
reforçados (uma parte em taipa de pilão e a outra em pedra e cal), e
cercados por trincheiras.
Data
desse contexto, quando da segunda gestão do governador Martim Correia de Sá (1623-1632), a fortificação da ilha das Cobras, onde foi
principiada a Fortaleza
de São José da Ilha das Cobras,
nesse mesmo ano. Tratava-se de uma fortificação de pequenas dimensões, sem
maiores recursos em termos de defesa, mas erguida em privilegiada posição
estratégica, entre o morro de São Bento e o Forte de
São Tiago da Misericórdia,
dominando o antigo ancoradouro da cidade.
Posteriormente,
no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil, quando do assalto
de Maurício de Nassau a Salvador (14 de abril de 1638), essa tentativa, aliada aos temores de
possíveis ataques de corsários ingleses e franceses ao Rio de Janeiro, levaram o
governador Salvador
Correia de Sá e Benevides,
filho de Martim Correia de Sá, a erguer uma nova fortaleza no que restou da
primitiva Fortaleza de São José, utilizando-se da mão-de-obra
dos indígenas sob
a tutela do
Mosteiro de São Bento. A nova fortificação foi concluída em 1639, sendo rebatizada como Forte
de Santa Margarida da Ilha das Cobras,
em honra a Margarida
de Saboia, Duquesa de Mântua,
que governava Portugal em
nome de Filipe IV de Espanha, no contexto da Dinastia Filipina.
A
terceira fortaleza construída na ilha foi o chamado Baluarte de Santo
Antônio, tendo os seus trabalhos se estendido de 1702 a 1709. Este baluarte tinha a função de cruzar fogos com oForte
de Santiago, na defesa do antigo porto do Rio
de Janeiro.
Deste
período, dispomos da Planta do Forte de Santa Margarida (1710-1711)
de autoria do sargento-mor Pedro
Gomes Chaves, onde se encontram
identificadas, na parte alta da ilha, aFortaleza de Santa Margarida e
o Baluarte de Santo Antônio.
Diante
da bem sucedida invasão francesa do Rio de Janeiro pelo corsário francês René Duguay-Trouin (1711),
foi identificada a necessidade da construção de uma nova fortaleza na Ilha das
Cobras.
Entretanto,
apenas a partir de 1725,
o governador Luís Vaía Monteiro obteve os recursos necessários para construir essa nova
fortificação, diante da necessidade de proteção dos carregamentos de ouro (e, subsequentemente, de diamantes) para o reino, a partir do porto do Rio.
O engenheiro militar José da Silva Paes, enviado para o Brasil, onde se destacaria na fortificação da ilha de
Santa Catarina, idealizou um novo projeto
defensivo, pelo qual tornava inacessíveis as escarpas da ilha, dando-lhe um aspecto de um castelo elevado. Desse modo, a defesa da ilha
ficou integrada por três fortes: o de Santa Margarida, que voltou a se chamar
de São José, compreendendo as edificações de serviço (Casa do Governador, capela, casa dapólvora e corpo da guarda); o do Pau da Bandeira,
no centro; e o de Santo Antônio, na ponta alongada e mais baixa, na direção da
Ilha dos Ratos (hoje Ilha Fiscal).
Esse projeto pode ser observado na Planta da Fortaleza do Patriarca São
José da Ilha das Cobras (Engenheiro-Mor José da Silva Paes, 1736).
Esse
conjunto encontrava-se em operação, conforme indicado no Plano de
Marinha da frente da cidade do Rio de Janeiro com as suas fortificações e a
fortaleza da Ilha das Cobras, datado de 1790.
Finalmente,
no contexto da Guerra Peninsular e da chegada da Família
Real Portuguesa ao Brasil, e subsequente
conquista da Guiana Francesa pelas forças da Brigada
Real da Marinha, origem do Corpo de
Fuzileiros Navais, esta tropa foi
aquartelada
na Fortaleza
de São José da Ilha das Cobras em 21 de Março de 1809, onde se encontram até aos nossos dias.
Atualmente,
a ilha abriga o complexo do Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ),
o Hospital
Central da Marinha, o Centro de Perícias Médicas da Marinha, o Comando Geral do Corpo de
Fuzileiros Navais, o Presídio da Marinha, o Serviço de
Documentação da Marinha e
Diretorias Especializadas de Intendência, sob a responsabilidade da Marinha de Guerra do Brasil.
Fonte:
Wikipédia
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