segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ATUALIDADES E OBSERVAÇÕES A PARTIR DE PARIS

 Por
Nelson Rocha


“Há um pacto de vinte séculos entre a grandeza da França e a liberdade do mundo”.  A declaração do General De Gaulle (1890-1970), autor também da célebre frase “o Brasil não é um país sério”, exposta na base da estátua do grande líder francês posta próxima da Place de La Concorde, já quase no final da mais bela avenida do planeta, a  Champs-Élysées (Campos Elísios) – palco de desfiles patrióticos, comemorações esportivas e manifestações políticas –, pode ser bem sentida por quem tem a oportunidade de transitar entre cafés, cinemas, lojas luxuosas e árvores de castanhas da Índia do local, cenário de aluguéis de até 1,1 milhão de euros ( 3,3 milhão de reais) por ano, por 92,9 metros quadrados de espaço – só fica atrás da Bond Street de Londres –, a segunda avenida mais cara em imóveis em toda a Europa. Para ela convergem representantes de todas as nacionalidades, a maioria de férias, com olhares curiosos e expressões de felicidade que bem expressam o desejo eterno de paz universal para a raça humana.

O culto e recepcionista povo francês demonstra ser protagonista e principal mentor desta sinergia pacífica, com uma dose invejável de orgulho. Atento, acompanha a prática das suas conquistas sociais, resultado de séculos de lutas históricas, e o que acontece além-fronteiras através, principalmente, dos jornais diários – alguns disponíveis gratuitamente nos cafés e estações de metrô –, e telejornais.
 Na primeira semana, de uma temporada de quase quatro, na capital francesa, pude notar, por exemplo, como repercutiu mal para o governo brasileiro a reportagem de página inteira do tradicional diário Liberátion, sobre o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras. E como as pessoas demonstram satisfação ao tomar conhecimento de uma pesquisa que revela estar o francês vivendo mais do que os japoneses e gastando mais também, apesar de indicadores financeiros mostrarem uma crise econômica que persiste e se agrava. Esta, entretanto, passa ainda bem longe da que já experimenta o Brasil. 
  
Mas, o que preocupa mesmo à maioria dos franceses não é o anunciado retorno do direitista ex-chefe de estado Nicolas Sarkozy à briga pela Presidência nas próximas eleições programadas para 2017, nem tão pouco a discussão a respeito da lei que poderá impor a diminuição da taxa de álcool no sangue dos jovens ao volante ou o escândalo do deputado Thomas Thévenoud, ex-membro do Partido Socialista que insiste em não sair da cadeira na Assembleia Nacional, mesmo depois de provocar cólera e indignação nos franceses por não pagar seus impostos.
A iniciada “Guerra Santa” por parte dos jihadistas islâmicos, para os quais o Código Penal (Charia) é o Corão, livro sagrado do islamismo, chama mais a atenção dos 66 milhões de habitantes da França, engajada na frente de uma batalha liderada pelos Estados Unidos, que poderá durar alguns anos e custar caro aos cofres públicos, mesmo com a venda das armas francesas, principalmente submarinos e satélites militares, em alta, porque atrai, via internet, jovens para uma frente de batalha sangrenta, deixando centenas de famílias de cabelo em pé receosas com o destino destes.   
 A propósito, o Brasil é o quinto país do mundo na lista de principais clientes de equipamentos de defesa produzidos na terra do estrategista De Gaulle.
Enquanto aqui se inventa o turismo de amanhã, conforme mostra o encontro que reúne dezenas de jovens empresas do setor maior da economia parisiense, o mercado literário despeja milhares de novas publicações, entre as quais cerca de 500 romances, o sol do verão se prepara para dar passagem ao outono e Paris, governada por socialistas, comunistas e ecologistas que disponibilizam 20 mil bicicletas e 2.500 carros elétricos para seus moradores por valores irrisórios, se expõe imensa culturalmente, inspiradora politicamente falando e, como sempre, determinada a manter sua postura secular como berço de uma das principais potências mundiais. De resto só nos induz a observar o quanto é bom redescobrir os seus monumentos ou simplesmente caminhar pelas suas ruas centenárias onde entre uma esquina e outra há muita história a descobrir e sempre um aconchegante bar, restaurante ou café que convida ao prazeroso ato de relaxar. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário