quarta-feira, 17 de setembro de 2014

HISTÓRICO DA SINALIZAÇÃO NÁUTICA

 História dos farois e faroleiros

Farol de Cordouan, próximo a Bordeaux, na França

300 AC – Farol de Alexandria, cidade do Egito com um dos portos mais ricos do mundo antigo, construído por Ptolomeu II na ilha de Pharos – daí o nome farol que passou a denominar todas as construções similares – o mais antigo de que se tem notícia, com cerca de 130 metros de altura, sua luz podia ser vista a 22 milhas náuticas (cerca de 40km) de distância. Era considerado uma das sete maravilhas do mundo até sua destruição por um terremoto em 1300.

40 DC – O Imperador Calígula, durante a invasão da Gália e da Bretanha, mandou construir, no continente um farol que se imagina ser o atual Boulogne (em Calais), e na ilha, três outros, um dos quais, resta em Dover.

50 DC – Farol de Ostia, com cerca de 30 metros de altura, o mais famoso depois do de Alenxandria, cuja construção foi terminada pelo Imperador Cláudio. Foi destruído por um maremoto.

400 – Até o declínio do Império Romano cerca de 30 faróis foram construídos entre o Mar Negro e Gibraltar, no sul da Europa e norte da África.

130 – Farol de Gênova, fogueira na ponta do promontório de São Benigno. Considerado pelos italianos o primeiro de nossa Era.

1157 – Farol de Meloria (próximo a Livorno) o primeiro construído em Mar aberto.

1500 – Descobrimento do Brasil.

1520 – Farol de São Vicente, o primeiro acesso em Portugal, no Mosteiro de São Francisco.

   1550 – Farol de Cordouan, próximo a Bordeaux, na França, o mais antigo farol em serviço no mundo.
CRONOLOGIA

 O Século XIX é caracterizado pela precípua necessidade de os faróis serem guarnecidos por dois ou três faroleiros, a quem cabia acendê-los ao entardecer, dar-lhes cordas durante a noite (quando para exibir luz intermitente) e apagá-los pela manhã.
Principalmente entre nós, esse período é também aquele em que atravessamos uma rápida evolução tecnológica, um sensível crescimento numérico de sinais e expressivas reorganizações administrativas.
As rústicas atalaias de madeira e as primitivas construções de alvenaria foram sendo, a partir da Independência, paulatinamente substituídas por robustas torres (ainda hoje existentes) e esguios postes de ferro fundido provenientes da Inglaterra. As fabulosas torres Mitchell, com residências suspensas, construídas sobre sapatas rosqueadas em terrenos arenosos são importadas para Salinas, Aracaju, Belmonte, Rio Real e São Tomé, dentre outros.

Evoluímos dos candelabros e lampiões suspensos, dos aparelhos com refletores parabólicos de luz fixa, aos sistemas rotativos de corda (tal qual a de um relógio cuco) e aos aparelhos lenticulares de cristal importados da França, na ocasião, o único fabricante no mundo.

As velas de espermacete e os óleos combustíveis vegetais, utilizados para inflamar as mechas das lamparinas de luz fixa cedem lugar ao querosene misturado ao ar sob pressão para incandescer um véu ou camisa, tipo Aladin.

Por ocasião de publicação da primeira relação de faróis e faroletes de nossa costa, elaborada com dados fornecidos pela Diretoria de Faróis, em 1896, tínhamos 48 faróis dos quais 8 em ilhas, 36 faroletes e 2 barcas-farol.
Muitos de nossos principais faróis, ainda hoje, conservam suas torres e aparelhos lenticulares originais. Atualmente, apenas 30 de nossos faróis são guarnecidos.
Em 1947, atendendo ao novo Regulamento da Diretoria Geral de Hidrografia e Navegação, é criado o Departamento de Sinalização Náutica, instalado na Base Almirante Moraes Rêgo, na Ilha de Mocanguê Grande. Em 9 de julho de 1965, é criado o Centro de Sinalização Náutica Almirante Moraes Rêgo (CAMR), que permanece instalado na Ilha de Mocanguê Grande, sendo extinta, em conseqüência, a Base Almirante Moraes Rêgo.
 Em 17 de dezembro de 1998, o CAMR é extinto, sendo novamente reativado em 10 de outubro de 2000, mas somente em 05 de março de 2004 foi inaugurada as instalações na Ponta da Armação, no então Complexo Naval da Ponta da Armação (CNPA), onde se encontra até hoje.

O SÉCULO DOS FAROIS GUARNECIDOS

Em 1º de janeiro de 1932, é aceso, nos Penedos de São Pedro e São Paulo, o primeiro farol aeromarítimo, sem guarnição, no Brasil;

Em 19 de fevereiro de 1955, é inaugurado o sistema de alinhamento luminoso para entrada de porto, em Paranaguá (PR), sendo este o primeiro alinhamento instalado no País;

Em 7 de dezembro de 1961, é instalada a 1ª lanterna elétrica empregada em bóia luminosa no Brasil, no balizamento da Baía de Guanabara, substituindo as lanternas a gás acetileno;

Em 19 de junho de 1967, a boia de luz “Laje dos Meros”, fabricada em aço, é substituída por bóia fabricada em resina plástica (fiberglass) dando início ao emprego desse material em nossa sinalização náutica;
Em 17 de novembro de 1986, é completada a harmonização para o Sistema de Balizamento Marítimo Região “B” da Associação Internacional de Sinalização Náutica (IALA), de todos os sinais náuticos do litoral do Brasil sob responsabilidade da Marinha;

Em 11 de dezembro de 1986, é concluída a conversão para energia elétrica e lâmpada incandescente de todos os aparelhos de luz de nossos faróis, que empregavam até então o querosene como fonte luminosa;

Em 13 de maio de 1987, é reformulado todo balizamento da Barra Norte do Rio Amazonas, com a instalação de uma barca farol automática dotada de “radar beacon” (RACON);

Em 02 de janeiro de 2001, é iniciada a implantação do sistema foto-voltaico, com baterias seladas (chumbocálcio), nas bóias luminosas do balizamento da Baía de Guanabara; e
Em maio de 2002, as lâmpadas halógenas de 1000w do Radiofarol São Tomé são substituídas por lâmpadas de vapor multimetálico de 150w, propiciando o aumento de intensidade luminosa e redução de 85% no consumo de energia.

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

O Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo

A ocupação de um Faroleiro pode ser, muitas vezes, reduzida ao zelador, mantenedor e abastecedor de um Farol, porém, essa atividade não contempla somente essas responsabilidades. Mesmo que reconhecida assim durante séculos.

Há de se comparar os métodos, a técnica e os meios existentes de funcionamento de um Farol numa e outra época para se estabelecer uma coerência da definição desta profissão. Caso contrário, esta atividade já estaria extinta, pois onde antes o responsável pelo seu funcionamento era obrigado a morar com sua família nas dependências daquela estrutura, hoje ocorre em apenas algumas áreas e, ainda assim, desonerando o Faroleiro de ficar acordado durante a noite.

Todo hall de habilidades de um Faroleiro moderno não pode se resumir à zeladoria de uma estrutura alta encimada de uma fonte luminosa. Deve-se considerar as bóias luminosas e cegas, as balizas, os equipamentos eletrônicos e outros meios de auxílios à navegação dos quais esse profissional é mantenedor.

Embora a tecnologia auxilie e facilite o trabalho de Sinalização Náutica, com vários recursos de automação, não se pode deixar de citar o caráter insubstituível deste ofício. A necessidade de um profissional que haja em favor desses sistemas de auxílios à navegação, é inquestionável.

Não obstante, a denominação Faroleiro ainda é utilizada amplamente, mas há quem o prefira denominar Técnico em Sinalização Náutica. Esta terminologia compreende melhor as funções exercidas por este profissional, embora o símbolo que o distinga continue sendo o farol.

Dentre suas funções, o Faroleiro deve ser capaz de determinar a posição de sinais náuticos, dimensionar linhas de fundeio, reparar equipamentos luminosos, patroar uma embarcação, dimensionar e instalar para-raios, fazer *pequenos reparos em alvenaria e instalações elétricas, traduzir alguns manuais de equipamentos de sinalização náutica, etc.

No Brasil, a formação de Faroleiro é de responsabilidade da Marinha do Brasil, que seleciona os candidatos ao curso de Especialização de Faroleiro dentre os militares da graduação de Marinheiro. Ao término do curso, realizado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, com duração de um ano, esses militares receberão certificado de Cabo Faroleiro Especializado.
Anos mais tarde, quando ao serem aprovados no concurso de Formação de Sargentos, os outrora Cabos Faroleiros voltam à Diretoria de Hidrografia e Navegação para cursarem o curso de Aperfeiçoamento de Faroleiros, onde receberão o Certificado de Nível Técnico em Sinalização Náutica.

É comum encontrar dentre os Faroleiros um construtor nato, ou melhor, "pedreiro de mão cheia".

Manutenção nas engrenagens da máquina de rotação de um farol.
Esta foto representa bem como os Faroleiros e suas famílias viviam em pequenas comunidades de duas ou mais casas, nas dependências dos Faróis.

Fonte: /www.mar.mil.br/dhn/camr/sin_historia.html

 
Faroleiros
 
Torre de Meloria


Farol de São Vicente, Cabo de São Vicente - Portugal.

Farol de Cordouan, próximo a Bordeaux, na França

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