sexta-feira, 10 de outubro de 2014

HOTELARIA BAIANA VIVE SEU PIOR MOMENTO EM 15 NOS, MEMO COM A COPA DO MUNDO

Por
Matheus Fortes

 Embora 2014 tenha sido um ano muito favorável para o turismo no Bahia, com a realização da Copa do Mundo, este boom de visitas estrangeiras e de ocupação constante dos estabelecimentos de hospedagem  não conseguiu dar o mesmo resultado otimista nos meses que sucederam o megaevento.
Segundo dados recentemente divulgados pela Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), os meses de julho, agosto e setembro, representaram juntos o pior trimestre dos últimos quinze anos para os diversos hotéis, pousadas e resorts em funcionamento no estado.
De acordo com o presidente da entidade, Silvio Pessoa, este cenário ruim está sendo sentido pelos estabelecimentos desde 2008. “Acredito que está faltando políticas públicas realmente efetivas na área de turismo. Estamos sobrevivendo aqui com muita dificuldade, pois além da falta dessas políticas, os estados vizinhos à Bahia ficaram mais competitivos”, analisou ele.

Pessoa explica que este período do ano, apesar de fazer parte da baixa estação, sempre conseguiu se manter através do turismo de negócios. Mas a estrutura física inadequada do Centro de Convenções da Bahia – atrelado a falta de outros locais capazes de receber eventos profissionais de grande porte – tem feito com que as associações e federações procurassem oportunidades mais acessíveis e modernas em outros estados para promover seus respectivos encontros.
Este ano, a corrida eleitoral conseguiu piorar a situação que já estava ruim. “O percentual mínimo de hospedagem para se manter os custos básicos de um hotel é de 60%. No mês de setembro, os 28 maiores hotéis de Salvador ficaram com 59% dos seus cômodos ocupados, o que seria insuficiente para manter esses custos. Nós já estamos com as diárias estagnadas há mais de três anos”, avaliou Pessoa, que espera um novo cenário após as eleições.
A situação dos estabelecimentos de lazer gastronômico também não está favorável aos proprietários. O presidente da FeBHA explica que aproximadamente 90% dos bares e restaurantes também tem passado dificuldade. “Manter bares e restaurantes têm ficado muito caro. A carga tributária está alta, e os custos com funcionários, e com o local também têm aumentado, influenciando no preço final para o consumidor”.
O empresário do setor, Antônio Portela, confirmou a crise, mas ressalta um comportamento mais precavido do consumidor. “Em conjunto com outros colegas do setor, fizemos um levantamento no qual podemos constatar que a baixa rentabilidade do negócio, está mais ligada à menor despesa do consumidor. Ele pede pratos mais baratos, e mais simples, que não irão custar demais no seu bolso”, afirmou.
Neste sentido, iniciativas como a Feira da Cidade – que reúne barracas de estabelecimentos com pratos mais baratos – tem sido importantes para observar esse novo comportamento e basear-se nele para tentar se adaptar.
Contudo, tanto Pessoa quanto Portela creem que o cenário mude nos próximos meses após o resultado das eleições. “Esse período tem colaborado inclusive com poucos eventos que tragam mais visitantes. Esperamos que o ano de 2015 poderá nos trazer um cenário mais favorável e necessário para a sobrevivência do setor”, colocou o presidente da federação.

Tribuna entrou em contato com o secretário de Turismo do Estado, Pedro Galvão, que se posicionou, através de sua Assessoria de Comunicação, em relação aos dados levantados pela FeBHA. Para a entidade do estado, o que tem sido feito na Bahia, é um trabalho contínuo e que não é dirigido para resolver um problema que ocorre em apenas três meses do ano.
Segundo a assessoria, a Secretaria realiza uma política permanente de desenvolvimento na área turística, com a qualificação de mão de obra e ações de divulgação da Bahia – através a Bahiatursa – em várias partes do mundo para continuar difundindo o turismo pela região, e com a criação de novos voos para Salvador, propiciando mais visitas turísticas.
Pedro Galvão ainda lembrou que houve crescimento da ocupação hoteleira na capital baiana e a média alcançada em nove meses (janeiro a setembro) que chega a 62,6%. Nesse mesmo período, a média de 2013 foi de 59,16%. “A ocupação média alcançada é maior que no ano passado, mesmo com a significativa expansão da rede hoteleira”, assinalou o secretário.

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