Por
Matheus Fortes
Embora 2014 tenha sido um ano muito
favorável para o turismo no Bahia, com a realização da Copa do Mundo,
este boom de visitas estrangeiras e de ocupação constante dos
estabelecimentos de hospedagem não conseguiu dar o mesmo resultado
otimista nos meses que sucederam o megaevento.
Segundo
dados recentemente divulgados pela Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação
(FeBHA), os meses de julho, agosto e setembro, representaram juntos o pior
trimestre dos últimos quinze anos para os diversos hotéis, pousadas e resorts
em funcionamento no estado.
De
acordo com o presidente da entidade, Silvio Pessoa, este cenário ruim está
sendo sentido pelos estabelecimentos desde 2008. “Acredito que está faltando
políticas públicas realmente efetivas na área de turismo. Estamos sobrevivendo
aqui com muita dificuldade, pois além da falta dessas políticas, os estados
vizinhos à Bahia ficaram mais competitivos”, analisou ele.
Pessoa
explica que este período do ano, apesar de fazer parte da baixa estação, sempre
conseguiu se manter através do turismo de negócios. Mas a estrutura física
inadequada do Centro de Convenções da Bahia – atrelado a falta de outros locais
capazes de receber eventos profissionais de grande porte – tem feito com que as
associações e federações procurassem oportunidades mais acessíveis e modernas
em outros estados para promover seus respectivos encontros.
Este
ano, a corrida eleitoral conseguiu piorar a situação que já estava ruim. “O
percentual mínimo de hospedagem para se manter os custos básicos de um hotel é
de 60%. No mês de setembro, os 28 maiores hotéis de Salvador ficaram com 59%
dos seus cômodos ocupados, o que seria insuficiente para manter esses custos.
Nós já estamos com as diárias estagnadas há mais de três anos”, avaliou Pessoa,
que espera um novo cenário após as eleições.
A
situação dos estabelecimentos de lazer gastronômico também não está favorável
aos proprietários. O presidente da FeBHA
explica que aproximadamente 90% dos bares e restaurantes também tem passado
dificuldade. “Manter bares e restaurantes têm ficado muito caro. A carga tributária está alta, e os
custos com funcionários, e com o local também têm aumentado, influenciando no
preço final para o consumidor”.
O
empresário do setor, Antônio Portela, confirmou a crise, mas ressalta um
comportamento mais precavido do consumidor. “Em conjunto com outros colegas do
setor, fizemos um levantamento no qual podemos constatar que a baixa rentabilidade
do negócio, está mais ligada à menor despesa do consumidor. Ele pede pratos
mais baratos, e mais simples, que não irão custar demais no seu bolso”,
afirmou.
Neste
sentido, iniciativas como a Feira da Cidade – que reúne barracas de
estabelecimentos com pratos mais baratos – tem sido importantes para observar
esse novo comportamento e basear-se nele para tentar se adaptar.
Contudo, tanto Pessoa quanto Portela
creem que o cenário mude nos próximos meses após o resultado das eleições.
“Esse período tem colaborado inclusive com poucos eventos que tragam mais
visitantes. Esperamos que o ano de 2015 poderá nos trazer um cenário mais
favorável e necessário para a sobrevivência do setor”, colocou o presidente da
federação.
A Tribuna entrou em
contato com o secretário de Turismo do Estado, Pedro Galvão, que se posicionou,
através de sua Assessoria de Comunicação, em relação aos dados levantados pela
FeBHA. Para a entidade do estado, o que tem sido feito na Bahia, é um trabalho
contínuo e que não é dirigido para resolver um problema que ocorre em apenas
três meses do ano.
Segundo
a assessoria, a Secretaria realiza uma política permanente de desenvolvimento
na área turística, com a qualificação de mão de obra e ações de divulgação da
Bahia – através a Bahiatursa – em várias partes do mundo para continuar
difundindo o turismo pela região, e com a criação de novos voos para Salvador,
propiciando mais visitas turísticas.
Pedro
Galvão ainda lembrou que houve crescimento da ocupação hoteleira na capital
baiana e a média alcançada em nove meses (janeiro a setembro) que chega a
62,6%. Nesse mesmo período, a média de 2013 foi de 59,16%. “A ocupação média
alcançada é maior que no ano passado, mesmo com a significativa expansão da
rede hoteleira”, assinalou o secretário.
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