Capital europeia
Riga (em letão: Rīga)
é a capital da Letónia e a
maior cidade dos países Bálticos. É um
porto no Mar
Báltico, junto ao rio
Daugava.
O centro histórico de Riga foi declarado Patrimônio da Humanidade
pela UNESCO, e a cidade é particularmente notável por sua
arquitetura Art Nouveau (Jugendstil), comparável em importância
a Viena, São Petersburgo e Barcelona.
As viagens
de lazer e a
negócios a Riga cresceram bastante nos últimos anos graças à melhoria da
infraestrutura comercial e de transporte. Riga, como cidade portuária, é
importante entroncamento de transporte, e é o centro do sistema de rodovias e ferrovias do
país. A maioria dos turistas chega de avião pelo aeroporto internacional, que
foi modernizado em 2001, coincidindo com os 800 anos da cidade. A cidade é
ligada por "ferry-boats"
com Estocolmo, Kiel e Lübeck. Riga
também sediou duas bases aéreas durante a Guerra Fria: Rumbula e
Spilve.
Quase todas
as instituições financeiras importantes localizam-se em Riga, incluindo-se o
Banco da Letônia, que também funciona como banco central. O comércio exterior através de Riga tem
crescido nos últimos anos, e recebeu novo ímpeto após 1 de Maio de 2004 quando a Letônia ingressou na União Europeia. Riga responde por cerca de metade da produção
industrial letã, com ênfase no setor financeiro, serviços públicos, alimentos e
bebidas, remédios, processamento de madeira, imprensa
e publicações, têxteis, móveis e equipamentos de comunicação. O porto da cidade é importante centro de cargas.
Maior cidade dos países bálticos tem sofrido, entretanto um decréscimo
populacional persistente. Este declínio tem se tornado particularmente
evidente após 1991 como resultado primeiro de uma emigração de russos étnicos,
e posteriormente tanto de russos quanto de letões, principalmente para o Reino Unido e
a Irlanda,
aliado a
uma reduzida taxa de natalidade. Estima-se que a população cairá para metade da
atual por volta de 2050 [1]. A
estimativa de população em 2006 era
de 727 578 habitantes. Os letões nativos são cerca de 43% da população, com
percentagem quase idêntica de russos. Como comparação, os letões compõem cerca
de 59% da população do país. Os russos são 28,5%, os bielorrussos 3,8%, os
ucranianos 2,5%, os poloneses 2,4%, os lituanos 1,4% e os demais 2,4% são
formados por outras nacionalidades (2006). A maioria dos letões são protestantes da Igreja Evangélica Luterana, ou são católicos romanos, enquanto
a maioria dos russos pertence à Igreja Ortodoxa Russa. Após a independência da Letônia em 1991, todos os
não-letões cujas famílias chegaram ao país após a anexação de 1940 perderam a
sua cidadania. Como resultado, um grande número saiu do país, resultando em
declínio populacional. Outro resultado deste êxodo é que a população das
cidades sofreu ligeiro aumento.
A catedral
de Riga vista de uma de suas ruas estreitas.
A fundação da moderna Riga é atribuída pelos historiadores à chegada de
comerciantes germânicos, mercenários e cruzados na
região, na segunda metade do século XII, atraídos pela região pouco povoada, pelo mercado
potencial e pelas oportunidades missionárias de conversão religiosa da
população local ao Cristianismo.
Mercadores alemães estabeleceram um entreposto para comércio com os povos
bálticos, próximo ao assentamento Liv em Riga em 1158. O
monge agostiniano Meinhard construiu um mosteiro por lá por
volta de 1190.
A Casa do
Gato, em Riga.
Riga serviu
de porta para o comércio com as tribos bálticas e com a Rússia. Em 1282 a
cidade se tornou membro da Liga Hanseática (Alemão: Hanse).
A Liga desenvolveu-se a partir de uma associação mercantil e política frouxa
entre cidades alemãs e bálticas. Graças ao seu protecionismo econômico que
favoreceram seus membros germânicos, a Liga foi muito bem sucedida, porém suas
políticas de exclusão produziram competidores. Sua última Dieta reuniu-se em 1669, apesar de
seus poderes terem se enfraquecido bastante por volta do final do século XIV, quando as
alianças políticas entre a Lituânia e a Polônia, e entre
a Suécia, Dinamarca e Noruega limitaram
sua influência. Apesar disso, a Hansa foi importante para dar à cidade
estabilidade política e econômica, dando-lhe assim uma importância que resistiu
às conflagrações políticas que ocorreram posteriormente.
À medida
que a influência da Hansa decaía, Riga tornava-se objeto de interesses
militares, políticos, religiosos e econômicos externos. Riga aceitou a Reforma protestante em 1522, pondo fim
ao poder dos arcebispos. Em 1524, uma
estátua venerada da Virgem Maria na catedral foi denunciada como bruxaria e
submetida a um julgamento, sendo arremessada no rio Daugava (Dvina).
A estátua flutuou, e por isso foi denunciada como bruxaria e queimada em
Kubsberg. Com o fim dos Cavaleiros Teutônicos em 1561, Riga teve
por 20 anos o status de Cidade Livre Imperial. Posteriormente
em 1581 a
cidade passou à influência da República das Duas Nações. Tentativas de
reinstituir o catolicismo romano em Riga e no sul da Livônia falharam pois,
em 1621, Riga e a
fortaleza de Daugavgriva que a cercava ficaram sob o governo de Gustavo Adolfo,
rei da Suécia, que interveio na Guerra dos Trinta Anos não apenas
para obter ganhos políticos e econômicos, mas também em favor dos
protestantes luteranos. Durante a
Guerra Russo-Sueca de 1656-1658, Riga resistiu ao
cerco dos
russos. Riga foi a segunda maior cidade sob domínio sueco até 1710, período
no qual a cidade gozou de grande autonomia de governo. Naquele ano, durante a
chamada Grande Guerra do Norte, a Rússia, sob o
governo do czar Pedro o Grande invadiu Riga. A dominância sueca terminou, e
a Rússia emergiu como a grande potência do norte, formalizada pelo Tratado de Nystad em1721. Riga foi
anexada à Rússia e se tornou uma cidade portuária industrializada do Império Russo, no qual
permaneceu até a Primeira Guerra Mundial. Por volta
de 1900, Riga era
a terceira cidade da Rússia (atrás de Moscou e
de São Petersburgo) em número de trabalhadores industriais.
Riga em 1650
(Desenho de Johann Christoph Brotze).
Durante
estes vários séculos de guerra e mudanças de poder no Báltico, os balto-alemães
de Riga, sucessores dos mercadores e dos Cruzados de Alberto, mantiveram sua
posição dominante apesar das mudanças demográficas. Riga até mesmo utilizou
a língua alemã como oficial na administração até a imposição
da língua russa em 1891 como
oficial nas províncias bálticas. Todos os registros de nascimento,
casamento e
mortes foram mantidos em alemão até aquele ano. Entretanto, os letões suplantaram
os alemães como maior grupo étnico na cidade em meados do século XIX, e por
volta de 1897 a
população era 45% letã (contra 23,6% em 1867), 23,8% alemã (contra 42,9%
em 1867), 16,1%
russa, 6% judia, 4,8% polonesa, 2,3% lituana e 1,3% estoniana. O surgimento de
uma burguesia letã
tornou Riga um centro do "despertar nacional letão" com a fundação da
Associação Letã de Riga em 1868 e a
organização do primeiro festival nacional da canção em 1873. O
movimento nacionalista dos Jovens Letões foi seguido pelo socialista
"Corrente Nova" durante a rápida industrialização da cidade,
culminando na Revolução Russa de 1905, liderada pelo
Partido Social Democrata dos Trabalhadores Letões.
Uma vista
de Riga por volta de 1900 em um cartão postal da época.
O século XX trouxe
a Primeira Guerra Mundial e o impacto
da Revolução Russa de 1917 a Riga. Os
alemães marcharam sobre Riga em 1917. No ano seguinte, o Tratado de Brest-Litovsk foi assinado,
concedendo os estados bálticos à Alemanha. Por causa do armistício com a
Alemanha a 11 de Novembro de 1918, esta teve
que renunciar ao tratado, assim como a Rússia, deixando a Letônia e os outros
estados bálticos em posição de declarar independência. Assim, após mais de 700
anos sob governos alemães, suecos e russos, a Letônia, tendo Riga como sua
capital, declarou-se independente em 18 de Novembro de 1918.
A Catedral
Doma, em Riga.
No período
entre as duas guerras mundiais (1918-1940), Riga e a Letônia mudaram seu foco
da Rússia para a Europa Ocidental. Um governo democrático e parlamentar foi
instituído. O letão foi
reconhecido como língua oficial do país, que também foi admitido na Liga das Nações. Levados pela economia representada pelas
vantagens comparativas, o Reino Unido e
a Alemanha substituíram
a Rússia como principais parceiros comerciais da Letônia. Como sinal dos novos
tempos, o primeiro-ministro letão, Kārlis Ulmanis, estudara
agricultura e trabalhara como professor na Universidade do Nebraska nos Estados Unidos. Riga foi
descrita na época como uma cidade grande, vibrante e imponente, e ganhou de
seus visitantes o título de "Paris do Norte".
No entanto
este período de prosperidade teve vida curta, pois com a Segunda Guerra Mundial veio a
ocupação soviética e a anexação da Letônia em 1940. Também a
Alemanha nazista ocupou o território letão entre 1941 e 1944, repatriando os
alemães do Báltico à força para a Alemanha após 700 anos vivendo em Riga. A
comunidade judia foi
forçada a viver num gueto no bairro de Maskavas e num campo de concentração em Kaizerwald. Centenas de milhares de letões
pereceram e milhares foram para o exílio em diversos países. A Letônia perdeu
1/3 de sua população. A União Soviética concluiu o controle do país com a
derrota do nazismo.
A ocupação
soviética no pós-guerra foi marcada por deportações de muitos letões para
a Sibéria e
outros locais, sob a acusação de terem colaborado com os nazistas. A
industrialização forçada e a imigração em
larga escala planejada de grande número de não-letões de outras repúblicas
soviéticas para Riga, particularmente de russos, transformaram a composição
demográfica da cidade. Bairros de edifícios com alta densidade de moradores,
como Purvciems, Zolitude e Ziepniekkalns se desenvolveram nos limites da
cidade, ligados ao centro por ferrovia. Por volta
de 1975, menos de 40% dos habitantes de Riga eram etnicamente letões, uma
percentagem que tem crescido após a independência.
Em 1986 a moderna torre de rádio e televisão da
cidade foi completada. Seu desenho lembra o da Torre Eiffel.
A política
de reformas econômicas da Perestroika conduzidas
por Mikhail Gorbachev levaram a uma situação, no final da década de 1980, em que
várias repúblicas soviéticas, incluindo a Letônia, puderam obter sua
independência. (Veja História da Letônia). O país declarou sua independência completa de
facto em 21 de Agosto de 1991, a qual
foi reconhecida pela Rússia em 6 de Setembro do
mesmo ano. O país ingressou nas Nações Unidas no dia 17 de Setembro, e todas
as forças militares russas foram retiradas entre 1992 e 1994.
Em 2001, a cidade celebrou seus 800 anos de fundação. Em 29 de Março de 2004 o país ingressou na OTAN. No dia 1 de Maio do
mesmo ano, ingressou na União Europeia.
Ainda em 2004, o surgimento de linhas aéreas com tarifas reduzidas
resultou em voos baratos de outras cidades europeias, como Londres e Berlim, e consequentemente um substancial aumento do
número de turistas.
Vista da
cidade a partir da Igreja de São Pedro.
A Catedral Doma, considerada a maior dos países bálticos.
Construída no século XIII, foi
modificada diversas vezes na história. Tem um magnífico órgão que data de 1844.
Castelo de Riga (Rīgas
Pils), que abriga o Museu de História da Letônia e o Museu de Arte
Estrangeira.
Igreja de São Pedro, com sua torre de 123 m de altura.
Igreja de São João,
uma pequena capela do século XIII atrás da Igreja de São Pedro.
A Torre da Pólvora (Pulvertornis), a única
que permanece da muralha da cidade. Abriga o Museu da Guerra.
Arquitetura em
madeira (museu ao ar livre).
O Museu da Ocupação
da Letônia, que documenta o cerco e ocupação do país por diferentes forças
entre 1940 e 1991.
Torre de Rádio e TV
- a terceira mais alta da Europa.
Motormuzejs (Museu
do Automóvel) - coleção de automóveis antigos, incluindo as limusines de Leonid
Brejnev e de Stalin com figuras em cera destes políticos. Localizado em
Mežciems.
Circo de Riga - o
único circo não-ambulante dos países bálticos.
Bunker Soviético
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