quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

INDEPENDÊNCIA

Joaquim L. De Souza
É empresário, historiógrafo, escritor.
Extraído do livro Encilhamento na História do Brasil –
Crise financeira do governo provisório da República


O que você ainda precisa saber sobre a história da Independência brasileira

O processo de emancipação brasileira evoluiu rapidamente. Como príncipe Regente, D. Pedro saiu-se muito bem. Era amado pelo povo, prestigiado pela imprensa, que sempre o tratava com respeito, e bem aconselhado pelos políticos patriotas, que o aconselhavam a governar. Afinal, viera para o Brasil com pouco mais de nove anos de idade e aqui fizera muitos amigos, estando bem relacionado com os brasileiros. Além disso era o elemento mais indicado para conduzir o Brasil à independência. D. Pedro, no entanto, jurara obediência ao pai; por esse motivo, no princípio do seu governo, nem de longe pensava em proclamar a independência. Os patriotas, por outro lado, procuravam influenciá-lo, contando com a colaboração do ilustre José Bonifácio de Andrade e da esposa do Príncipe, D. Leopoldina, princesa muito querida pelos brasileiros, pois sempre se mostrara uma grande amiga do País.
A opinião pública em Portugal todavia, mostrava-se grandemente desfavorável ao Brasil. A maioria dos deputados portugueses pretendia que o Brasil voltasse à sua antiga condição de colônia. D. João não queria isso, pois era um sincero amigo do Brasil; entretanto nada podia fazer, pois havia jurado respeitar as decisões da assembleia, então denominada Cortes, estas que começaram a exigir que também D. Pedro voltasse para Portugal.
No dia 9 de dezembro de 1821, chegava ao Rio de Janeiro um navio de guerra português, trazendo dois decretos que irritariam bastante os brasileiros: o primeiro,  determinava que o Príncipe nomeasse comandantes militares para as províncias, subordinados diretamente às Cortes, liberando-as da autoridade do príncipe; o segundo, ordenando o regresso de D. Pedro à Europa, com o pretexto de aprimorar sua educação. 
Para diminuir o poder do príncipe regente, as Cortes procuraram fazem com que as províncias brasileiras passassem a obedecer diretamente, sem dar importância a autoridade de D. Pedro, no Rio de Janeiro. Começaram então por surgir sérios conflitos militares em vários pontos do território brasileiro entre as tropas portuguesas aquarteladas nas principiais cidades e a brasileira. Em muitas províncias, no entanto, as  Juntas Provisórias possuíam uma maioria de portugueses, a exemplo da Bahia onde havia seis portugueses e apenas três brasileiros.
A atitude da Corte de Lisboa provocou a reação dos patriotas brasileiros, principalmente dos que se reuniam nas lojas maçônicas, que passaram a fazer uma decidida oposição às ordens vindas de Portugal. A imprensa, por sua vez, defendia a autoridade do Príncipe; preparava-se assim o clima para a Independência, sob a liderança de José Bonifácio. O Clube da Resistência, formado por maçons, começou então a lutar pela permanência de D. Pedro no Brasil, enviando emissários a São Paulo e Minas Gerais para pedir apoio à sua campanha. Só no Rio de Janeiro foram conseguidas mais de 8 000 assinaturas, pedindo que o Príncipe ficasse o Regente atendeu o apelo, proferindo a frase que se tornou célebre: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico”, passando essa data a ser comemorada como o “dia do Fico”.
As forças portuguesas aquarteladas no Rio de Janeiro, esboçaram sua revolta mas, diante da reação enérgica que encontraram, viram-se forçadas a deixar o país. No dia 16 de janeiro D. Pedro nomeou novos ministros, dos quais o mais destacado era José Bonifácio, que assumiu as pastas da Justiça e do Reino e Estrangeiro e, graças a influência que soube ganhar sobre o Príncipe, conseguiu afastá-lo gradualmente dos interesses portugueses.
A 13 de maio, D. Pedro aceitou o título de defensor Perpétuo do Brasil. A seguir tratou de convocar uma Assembleia Constituinte. Em agosto, viajou para São Paulo onde reinava certa intranquilidade, devido aos desentendimentos de alguns políticos paulistas e a Junta Provisória local. Deixou sua esposa D. Leopoldina à testa do governo, assessorada por José Bonifácio. Enquanto estaca em São Paulo, onde foi acolhido festivamente, ali permanecendo quase um mês, chegaram de Lisboa novos decretos anulando vários atos do Regente, impedindo-lhe a nomeação do gabinete, indicando os nomes para compô-lo e mandando prender e processar todos os que contrariassem as determinações das Cortes. Considerando a gravidade dessas ordens D. Leopoldina enviou dois mensageiros a São Paulo, a fim de informar o Príncipe sobre os acontecimentos. Junto com os decretos seguiam cartas da princesas e de José Bonifácio, incitando-o a tomar uma decisão.

Na tarde de 7 de Setembro, quando retornava a São Paulo, após uma visita à cidade de Santos, D. Pedro foi alcançado pelos emissários. O encontro deu-se às margens do Riacho Ipiranga. Depois de ler os documentos a reação foi imediata. O Príncipe não se conteve; amassou os papéis, deu vivas à liberdade do Brasil, no que foi acompanhado pela comitiva, e na presença de todos arrancou do chapéu o galhardete constitucional português, jogando-o ao chão ao grito de: “Laços fora, soldados,” seguido, do seguinte juramento: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a libertação do Brasil”. Sacou então sua espada e bradou: “Independência ou Morte! Seja essa nossa divisa de hoje em diante!” Nesse cenário o Brasil tornava-se independente.        

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