Joaquim L. De Souza
É empresário, historiógrafo,
escritor.
Extraído do livro Encilhamento na
História do Brasil –
Crise financeira do governo
provisório da República
O que você ainda precisa saber sobre
a história da Independência brasileira
O processo de emancipação brasileira
evoluiu rapidamente. Como príncipe Regente, D. Pedro saiu-se muito bem. Era
amado pelo povo, prestigiado pela imprensa, que sempre o tratava com respeito,
e bem aconselhado pelos políticos patriotas, que o aconselhavam a governar.
Afinal, viera para o Brasil com pouco mais de nove anos de idade e aqui fizera
muitos amigos, estando bem relacionado com os brasileiros. Além disso era o
elemento mais indicado para conduzir o Brasil à independência. D. Pedro, no
entanto, jurara obediência ao pai; por esse motivo, no princípio do seu
governo, nem de longe pensava em proclamar a independência. Os patriotas, por
outro lado, procuravam influenciá-lo, contando com a colaboração do ilustre
José Bonifácio de Andrade e da esposa do Príncipe, D. Leopoldina, princesa
muito querida pelos brasileiros, pois sempre se mostrara uma grande amiga do
País.
A opinião pública em Portugal
todavia, mostrava-se grandemente desfavorável ao Brasil. A maioria dos
deputados portugueses pretendia que o Brasil voltasse à sua antiga condição de
colônia. D. João não queria isso, pois era um sincero amigo do Brasil;
entretanto nada podia fazer, pois havia jurado respeitar as decisões da
assembleia, então denominada Cortes, estas que começaram a exigir que também D.
Pedro voltasse para Portugal.
No dia 9 de dezembro de 1821, chegava
ao Rio de Janeiro um navio de guerra português, trazendo dois decretos que
irritariam bastante os brasileiros: o primeiro, determinava que o Príncipe nomeasse
comandantes militares para as províncias, subordinados diretamente às Cortes,
liberando-as da autoridade do príncipe; o segundo, ordenando o regresso de D.
Pedro à Europa, com o pretexto de aprimorar sua educação.
Para diminuir o poder do príncipe
regente, as Cortes procuraram fazem com que as províncias brasileiras passassem
a obedecer diretamente, sem dar importância a autoridade de D. Pedro, no Rio de
Janeiro. Começaram então por surgir sérios conflitos militares em vários pontos
do território brasileiro entre as tropas portuguesas aquarteladas nas
principiais cidades e a brasileira. Em muitas províncias, no entanto, as Juntas Provisórias possuíam uma maioria de
portugueses, a exemplo da Bahia onde havia seis portugueses e apenas três
brasileiros.
A atitude da Corte de Lisboa provocou
a reação dos patriotas brasileiros, principalmente dos que se reuniam nas lojas
maçônicas, que passaram a fazer uma decidida oposição às ordens vindas de
Portugal. A imprensa, por sua vez, defendia a autoridade do Príncipe;
preparava-se assim o clima para a Independência, sob a liderança de José
Bonifácio. O Clube da Resistência, formado por maçons, começou então a lutar
pela permanência de D. Pedro no Brasil, enviando emissários a São Paulo e Minas
Gerais para pedir apoio à sua campanha. Só no Rio de Janeiro foram conseguidas
mais de 8 000 assinaturas, pedindo que o Príncipe ficasse o Regente atendeu o
apelo, proferindo a frase que se tornou célebre: “Como é para o bem de todos e
felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico”, passando essa
data a ser comemorada como o “dia do Fico”.
As forças portuguesas aquarteladas no
Rio de Janeiro, esboçaram sua revolta mas, diante da reação enérgica que
encontraram, viram-se forçadas a deixar o país. No dia 16 de janeiro D. Pedro
nomeou novos ministros, dos quais o mais destacado era José Bonifácio, que
assumiu as pastas da Justiça e do Reino e Estrangeiro e, graças a influência
que soube ganhar sobre o Príncipe, conseguiu afastá-lo gradualmente dos
interesses portugueses.
A 13 de maio, D. Pedro aceitou o
título de defensor Perpétuo do Brasil. A seguir tratou de convocar uma
Assembleia Constituinte. Em agosto, viajou para São Paulo onde reinava certa
intranquilidade, devido aos desentendimentos de alguns políticos paulistas e a
Junta Provisória local. Deixou sua esposa D. Leopoldina à testa do governo,
assessorada por José Bonifácio. Enquanto estaca em São Paulo, onde foi acolhido
festivamente, ali permanecendo quase um mês, chegaram de Lisboa novos decretos
anulando vários atos do Regente, impedindo-lhe a nomeação do gabinete,
indicando os nomes para compô-lo e mandando prender e processar todos os que
contrariassem as determinações das Cortes. Considerando a gravidade dessas
ordens D. Leopoldina enviou dois mensageiros a São Paulo, a fim de informar o
Príncipe sobre os acontecimentos. Junto com os decretos seguiam cartas da
princesas e de José Bonifácio, incitando-o a tomar uma decisão.
Na tarde de 7 de Setembro, quando
retornava a São Paulo, após uma visita à cidade de Santos, D. Pedro foi
alcançado pelos emissários. O encontro deu-se às margens do Riacho Ipiranga.
Depois de ler os documentos a reação foi imediata. O Príncipe não se conteve;
amassou os papéis, deu vivas à liberdade do Brasil, no que foi acompanhado pela
comitiva, e na presença de todos arrancou do chapéu o galhardete constitucional
português, jogando-o ao chão ao grito de: “Laços fora, soldados,” seguido, do
seguinte juramento: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro
fazer a libertação do Brasil”. Sacou então sua espada e bradou: “Independência
ou Morte! Seja essa nossa divisa de hoje em diante!” Nesse cenário o Brasil
tornava-se independente.
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