Fernando Alcoforado*
Existe há
muito tempo a obsessão humana de vencer a morte. No passado, o homem procurava
superar a morte através das religiões. Na era contemporânea, passou-se a acreditar
que seria possível vencer a morte com o uso da ciência e da tecnologia. A crença de
que, se não é possível vencer a morte, mas de que seria possível prolongar a vida se
apoia no fato de que a expectativa de vida do homem evoluiu de 30 anos em 1500,
37 anos em 1800, 45 anos em 1900, 46,5 anos em 1950 e 80 anos em 2012. A revista
Superinteressante publicou artigo sob o título Quem quer viver 1 000 anos?
disponível
no website (<http://super.abril.com.br/saude/quem-quer-viver-1-000-anos-445501.shtml>,
no qual informa que a conquista de uma existência mais longa no século
20 resultou da melhoria das condições sanitárias nas cidades e com a criação de
serviços públicos de saúde. Além disso, a ciência descobriu vacinas e antibióticos
que possibilitaram a prevenção de doenças e o controle de epidemias. O aumento do
nível educacional e de renda contribuiu também para melhorar a qualidade
de vida e ampliar ainda mais a longevidade na terceira ou – talvez possamos
dizer – quarta idade.
A revista
Isto É Dinheiro publicou o artigo A era dos homens imortais no qual
informa que, o ano
de 2045 “marcará o início de uma era em que a medicina poderá oferecer à humanidade
a possibilidade de viver por um tempo jamais visto na história. Órgãos que não
estejam funcionando poderão ser trocados por outros, melhores, criados especialmente
para nós. Partes do coração, do pulmão e até o cérebro poderão ser substituídos.
Minúsculos circuitos de computador serão implantados no corpo para controlar
reações químicas que ocorrem no interior das células. Estaremos a poucos passos da
imortalidade”. Esta é a previsão de um grupo de cientistas conhecidos por ocupar a
vanguarda de pesquisas que permeiam temas como a ciência da computação, a biologia
e a biotecnologia. Entre eles, estão George Church, professor da Universidade Harvard,
nos Estados Unidos, o gerontologista e biomédico especializado em antienvelhecimento
Aubrey de Grey e o engenheiro Raymond Kurzweil, do Massachusetts
Institute of Technology (MIT). Eles são os líderes de uma espécie de
nova
filosofia, batizada de Singularidade (Ver o website <http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/192193_A+ERA+DOS+HOMENS+IM
ORTAIS/1>.
Segundo o
inventor e futurista Raymond Kurzweil, o “pai” do tão falado conceito de Singularidade,
rumamos em direção à dificuldade de distinguir entre o que é orgânico e o que é
máquina no futuro. A inteligência artificial evoluirá tanto que em 2025 será difícil
reconhecer um ser humano de um robô. Cabe observar que singularidade marca um ponto
de transição entre dois «domínios», ou dois «mundos», num ponto ou instante.
Em astronomia, singularidade significa um lugar no espaço (buraco negro) onde um
corpo não envelhece porque o tempo para. Na medicina, os arautos da
imortalidade
afirmam que ela nada mais é do que uma consequência real de uma revolução
em curso que já faz disparar em velocidade sem precedentes o aumento da expectativa
de vida humana. Considerando a rapidez das inovações, uma pessoa nascida em
2050 terá 95% de chance de viver mil anos, segundo Aubrey de Grey. Neste momento,
o grupo acima citado de cientistas está envolvido no crescimento da Universidade
da Singularidade, já instalada no Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Fazendo
analogia com bactérias unicelulares que vivem há milhões de anos sem envelhecerem,
os integrantes da Universidade da Singularidade afirmam que nossas células
germinativas, como óvulos e espermatozoides, também podem viver indefinidamente
os quais afirmam acreditar no maior prolongamento da vida humana. A certeza
deste grupo de pesquisadores no sucesso de suas pesquisas está sustentada nos avanços
já obtidos e naqueles que certamente virão. Na opinião desses pesquisadores, a partir
dos recursos que temos atualmente, uma criança nascida hoje poderá viver pelo menos
até os 150 anos. Um dos campos nos quais os avanços foram mais notáveis é o das
células-tronco. Na área da cardiologia, experimentos com 16 portadores de insuficiência
cardíaca, todos eles tiveram parte do tecido do coração regenerado com células-tronco
retiradas do próprio órgão. A substituição de órgãos doentes por outros, sadios,
é outra das razões apontadas pelos cientistas para justificar a crença em uma vida
espetacularmente longa. Já se conseguiu criar e implantar em seres humanos traqueia,
bexiga, uretra e vasos sanguíneos. E há experiências de criação de mais órgãos,
entre eles o coração e o fígado.
Um dos
fatores mais importantes associados ao tempo de vida de um homem é sua genética.
Seu DNA aponta qual será sua vida média e também pode trazer alterações que o
predispõe a doenças. Por isso, boa parte dos esforços está concentrada em inventar
recursos que interfiram no material genético de cada pessoa. Evitar os
possíveis danos que os alimentos podem causar ao DNA também é um ponto de apoio
da ciência que busca a imortalidade. Segundo o principal representante da
Singularidade, o engenheiro Raymond Kurzweil, uma dieta de restrição calórica,
com apenas os nutrientes necessários para a vida, pode nos levar a viver muito
mais. Esses são apenas exemplos dos instrumentos disponíveis atualmente para
fazer com que a raça humana ultrapasse limites da longevidade (Ver o artigo sob
o título A era dos homens imortais publicado no website
<http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/192193_A+ERA+DOS+HOMENS+IM
ORTAIS/1>.
Outro
pesquisador que se dedica ao estudo da longevidade humana é Lawrence Alexander,
cirurgião, urologista e neurogeneticista que apresentou através do You tube vídeo
filmado em 06 de outubro de 2012 sob o título O declínio da morte - a imortalidade
em um futuro próximo? (http://www.youtube.com/watch?featur)
quando anunciou que a sequenciação do genoma permitirá chegar à medicina
personalizada, guiada por nossas características genéticas que, através da
modelagem realizada com computadores cada vez mais poderosos, poderemos
entender o corpo humano. Segundo Lawrence Alexander, o progresso se
desenvolverá em três ondas. Primeiro, com a eletrônica médica que já pode
agora, através de implantes no cérebro tratar a doença de Parkinson, tratar a
depressão e doença de Alzheimer. Em seguida, vem a onda de bioengenharia e,
finalmente, a nanomedicina, medicina em escala microscópica. A partir de 2020,
poderemos esperar décadas de vida extra. É possível chegarmos, segundo Lawrence
Alexander, a uma expectativa de vida que não podemos imaginar hoje.
O
biogerontologista inglês Aubrey de Grey ligado à Universidade da Singularidade
está convencido
de que o envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a
ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças
que antes eram tidas como incuráveis. De Grey, que é formado em ciência da computação,
mas se tornou um dos principais teóricos do mundo em longevidade humana
comparou o corpo humano a um carro. Com manutenção periódica e adequada –
conserta um defeito aqui, põe um lubrificante ali, troca uma peça velha acolá
–, dá para aumentar significativamente a vida útil de um carro. Embora o corpo
humano seja muito mais complexo do que um carro, De Grey acredita que é
possível fazer o mesmo, combatendo regularmente os processos que levam ao
envelhecimento e à morte das células. É difícil encontrar na comunidade
científica quem concorde com as previsões mirabolantes de De Grey. A opinião
predominante é a de que, a despeito de toda a tecnologia, não deverá haver
avanços significativos na longevidade humana em um futuro próximo. Sobre o
assunto, cientistas reunidos em um painel promovido há alguns anos pela revista
Scientific American não deram motivos para muito otimismo: considerando todas
as conquistas iminentes, como a terapia gênica e a possibilidade de substituição
de quase todos os órgãos naturais, e mesmo a hibernação humana, a expectativa
de vida no planeta alcançará, quando muito, 140 anos em 2500 (Ver o artigo sob
o título Quem quer viver 1 000 anos?, publicado pela revista
Superinteressante <http://super.abril.com.br/saude/quem-quer-viver-1-000-anos-445501.shtml>).
* Fernando
Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona,
professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas
energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, SãoPaulo,
1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel,
São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os
condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003),
Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia-
Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na EraContemporânea
(EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development-
The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft &
Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba,
2012), entre outros.
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