Uma bruxa é geralmente retratada no
imaginário popular como uma mulher velha, nariguda e encarquilhada, exímia e
contumaz manipuladora de Magia Negra e dotada de uma gargalhada terrível. É inegável a
conexão entre esta visão e a visão da Hag ou Crone dos anglófonos. É também muito popularizada a imagem da bruxa
como a de uma mulher sentada sobre uma vassoura voadora, ou com a mesma passada
por entre as pernas, andando aos saltitos. Alguns autores utilizam o termo, contudo, para designar as mulheres sábias detentoras
de conhecimentos sobre a natureza e, possivelmente, magia.
Algumas bruxas históricas adquiriram alguma
notoriedade, como é o caso das chamadas Bruxas de Salem, a Bruxa de Evóra e Dame Alice Kytler (bruxa
inglesa). São também bastante populares na literatura de ficção, como nos livros
da popular série Harry Potter, nos livros de Marion Zimmer Bradley (autora de As Brumas de Avalon, que versam sobre uma vasta comunidade de bruxos e
bruxas cuja maioria prefere evitar a magia negra, ou a trilogia sobre as
bruxas Mayfair, de Anne Rice.
As bruxas foram
implacavelmente caçadas durante a inquisição na Idade Média. Um dos métodos usados pelos inquisidores para identificar
uma bruxa nos julgamentos do Santo Ofício consistia na
comparação do peso da ré com o peso de uma Bíblia gigante. Aquelas
que fossem mais leves eram consideradas bruxas, pois dizia se que as bruxas
adquiriam uma leveza sobrenatural. Frequentemente as bruxas são
associadas a gatos pretos, que dentre as Bruxas Tradicionais
são os chamados Puckerel, muitas vezes tidos como espíritos guardiões da
Arte das Bruxas, que habitam o corpo de um animal. Estes costumam ser
designados na literatura como Familiares.
Diziam que as bruxas voavam em vassouras à noite,
principalmente em noites de lua cheia, que faziam feitiços e transformavam as
pessoas em animais e que eram más.
Hoje em dia essas
antigas superstições como a da bruxa velha da vassoura na lua cheia já foram
suavizadas, devido à maior tolerância entre religiões, sincretismo religioso e divulgação do paganismo. Gerald Gardner tem destaque
nesse cenário como o pai da Religião Wicca- A Religião da
Moderna Bruxaria Pagã, formada por pessoas que são Bruxos/as, mas que utilizam
a "Arte dos Sábios" ou a "Antiga Religião" mesclada a
práticas e conhecimentos de outras tradições. A classificação de magia como
negra e branca não existe para os bruxos, pois se fundamentam nos conceitos de
bem e mal, que não fazem parte de suas crenças, por isso, como costumam dizer,
toda magia é cinza.
A Arte das Bruxas como era feita antes é chamada de
Bruxaria Tradicional, ainda remanescendo até os dias atuais em grupos seletos,
via de regra ocultos. Hoje também se pode encontrar uma vasta quantidade de
livros e sites que explicam a "Antiga Religião", mas geralmente se
tratam de Wicca, pois os membros de grupos de Bruxaria Tradicional costumam
preferir o ostracismo, revelando-se publicamente apenas em ocasiões especiais ou
para que novos candidatos os localizem.
À afirmativa de existência de bruxas à forma
retratada em registros da Idade Média, incluindo histórias infantis que
permaneceram em evidência até os dias atuais, admite-se uma ressalva: elas
parecem ter existido apenas no imaginário popular como uma velha louca por
feitiços enigmáticos, surgidas na esteira de uma época dominada por medos,
quando qualquer manifestação diversa ou mesmo a crença na inexistência de
bruxas da forma retratada pelas autoridades clericais era implacavelmente
perseguida pela Igreja.
A feitiçaria já era
citada desde os primeiros séculos de nossa era. Autores como o
filósofo grego Lúcio Apuleio (123-170) fazia alusão a uma criatura que se apresentava em forma
de coruja (Hécate) que na verdade era uma forma descendente de
certas mulheres que voavam de madrugada, ávidas de carne e sangue humanos.
Para os intelectuais, estes acontecimentos não passavam do imaginário popular, sonhos,
pesadelos e, assim, recusavam-se a admitir a existência de bruxas. Porém, entre
muitos povos não era assim: os éditos dos francos salianos falavam da Estrige como se ela existisse de fato.
Os penitenciais atestavam a crença nessas mulheres luxuriosas. No início do
século XI, Burcardo, o bispo de Worms, pedia aos padres
que fizessem perguntas às penitentes no intuito de descobrir se eram seguidoras
de Satã, (…) se tinham o
poder de matar com armas invisíveis cristãos batizados (…) Se sim, quarenta dias de jejum e sete anos de
penitências.
Até ao século XIII a Igreja não
condenava severamente esse tipo de crendice. Mas nos século XIV e XV, o conceito de
práticas mágicas, heresias e bruxarias se confundiam no julgo popular graças à
ignorância. Eram, em geral, mulheres as acusadas. Hereges, cátaros e templários
foram violentamente condenados pela Inquisição, tomando a vez aos
judeus e muçulmanos, que eram os principais alvos da primeira inquisição
(século XIII). Curiosamente, foi exatamente a partir da primeira inquisição que
a iconografia cristã passou a representar o "Arcanjo Decaído" não
mais como um arcanjo, mas com a aparência de deuses pagãos, como Pã e
Cernunnos. Tal fato levou, séculos após, à suposição de que bruxas eram
adoradoras do demônio, o que não faz sentido, uma vez que a figura do demônio
faz parte do dogma cristão, não pertencendo às crenças pagãs e nem existindo
personagem de caráter equivalente ao diabo em qualquer panteão pagão. O uso alternativo
do nome Lúcifer para designar o mal encarnado, na visão cristã, agravou a
ignorância a respeito do culto das bruxas, uma vez que o nome Lúcifer, pela
raiz latina, representa portador/fabricante da luz (Lux Ferre), inescapável
semelhança ao mito grego de Prometeu, que roubou o fogo dos céus para trazê-lo
aos homens.
Perseguição às bruxas.
O movimento de repressão à bruxaria, iniciado na
Idade Média, alcançou maior intensidade no século XV para, na segunda metade do
século XVII, ter diminuída sua chama: o número de processos de feitiçaria no norte da
França aumentou de 8, no século XV, para 13 na primeira metade do século XVI, e
23 na segunda metade, chegando a 16 na primeira metade do século XVII,
diminuindo para 3 na segunda metade daquele século e para um único no seguinte.
(Claude Gauvard - membro do Institut Universitaire de France).
Em 1233 o Papa Gregório IX admitiu a existência do sabbat e esbat. O Papa João XXII, em 1326, autorizou a perseguição às bruxas sob o disfarce
de heresia. O Concílio de Basileia (1431-1449) apelava à
supressão de todos os males que pareciam arruinar a Igreja.
Uma psicose se instalou. Comunidades do
centro-oeste da França acusavam seus membros de feitiçarias. Na Aquitânia (1453) uma epidemia
provocou muitas mortes que foram imputadas às mulheres da região, de
preferência as muito magras e feias. Presas, submetidas a interrogatórios e
torturadas, algumas acabavam por confessar seus crimes contra as crianças, e
condenadas à fogueira pelo conselheiro municipal. As que não confessavam eram,
muitas vezes, linchadas e queimadas pela multidão, irritada com a falta de
condenação.
Os tratados demonológicos e os processos de
feitiçaria se multiplicaram, por volta de 1430, marcando uma nova
fase da história pré-iluminista, de trágicas dimensões. Em 1484 o Papa Inocêncio VIII promulgou a bula Summis desiderantes
affectibus, confirmando a existência da bruxaria. Em 1484 a publicação
do Malleus maleficarum ("Martelo das Bruxas") orientou a
caça às bruxas com ainda maior violência que obras anteriores, associando
heresia e magia à feitiçaria.
A Inquisição, instituída para combater a heresia,
agravou a turba de seguidores inspirados por Satã. Havia, ainda, um componente
sexista. Os bruxos existiam, mas eram as mulheres, sobretudo, que iam queimadas
nas fogueiras medievais.
As bruxas da Idade Média produziam unguento a partir de
plantas com propriedades alucinógenas, a "pomada
das bruxas" Untando as mucosas vaginal e anal com o auxílio
de um cabo de vassoura, o unguento era absorvido mais rapidamente. Os
delírios causados pela pomada das bruxas incluíam a sensação de levitação,
explicando os supostos voos.
O vocábulo
"Bruxa" é de origem desconhecida, provavelmente de origem pré-romana.
No entanto, existe uma provável relação com os vocábulos proto-celtas: *brixtā (feitiço), *brixto- (fórmula mágica), *brixtu-
(magia); ou o Gaulês: brixtom, brixtia do
qual deriva o nome da deusa Gaulesa Bricta
ou Brixta.








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