Vocês sabiam que os judeus também têm seu carnaval?
O carnaval judaico tem uma tradição de 2.500 anos. Começou com a celebração da vitória da população judaica dentro do Império Persa (não muçulmano – fato ocorrido cerca de mil anos antes do surgimento do Islã). Basicamente, o governante persa da época, instado por seu primeiro-ministro, decidiu matar os judeus sob seu domínio. Sua rainha, que era judia, pediu pela vida do povo do qual fazia parte, ao rei que acabou enforcando seu primeiro-ministro. Pela lei imperial da época, não era possível revogar o decreto de aniquilação dos judeus. Então houve outro decreto dando permissão aos judeus para pegar em armas e reagir às suas próprias tropas e população.
No final, o livro de Esther, corroborado
cerca de 550 anos depois pelo historiador romano Flavius Josephus, registrou a
morte de 75.300 persas tentando aniquilar os judeus. Não se sabe quantos judeus
sucumbiram, mas o rei persa instituiu outro judeu, Mordechai, como
primeiro-ministro. Mordechai, dois anos depois, criou a data de celebração de
resistência judaica ao extermínio. Esse foi o momento de sobrevivência mais
marcante para os judeus até o Holocausto. Em Israel, com a mistura de culturas
de imigrantes, Purim é uma grande festa de rua, que além dos bailes e festas
entre amigos e familiares, possui um caráter religioso.
A história de Esther ocorre durante o
reinado do rei Achasverosh, como conhecido pelos judeus, mas Xerxes I, como era
na língua local. O império de Xerxes I continha 127 províncias e ia da Líbia à
Índia. Não se trata apenas de uma pequena Pérsia, onde hoje é o Irã. Este
Xerxes I é o rei mostrado no filme 300, personagem de Rodrigo Santoro.
Quando os judeus contam a história de
Esther, imaginam um decreto para extermínio de seu povo naquele território
pequeno e não em “toda a Pérsia”, o que de fato aconteceu. Por isso, algumas
fontes judaicas ortodoxas estão corretas ao afirmar que uns 6 milhões de judeus
iriam ser exterminados. Se você imaginar estes milhões dentro do Irã, vai achar
que é maluquice, mas se trata de todo o Império. Veja o mapa e acredite.
Esther e Mordechai viveram suas vidas,
bem como todos os judeus da Pérsia de 500 A.C., prosperaram, geraram
descendentes e faleceram. Ambos foram enterrados juntos e, posteriormente, um
mausoléu foi erguido para eles, sendo ponto de peregrinação, pelo menos para os
judeus persas antigos e iranianos atuais.
Estamos falando sobre uma época em
especial, 1.100 anos antes do Islã chegar à Pérsia. A revolta dos judeus com
amparo legal do rei foi tão marcante na sociedade persa que os túmulos nunca
foram atacados ou destruídos. Ao se instituir o Islã, califas e xeiques de
diversas origens e vertentes mantiveram os túmulos de Esther e Mordechai, mesmo
a tal história não estando contemplada no Corão. Como antepassados ilustres de
um dos povos monoteístas, os judeus, estão descritos no Corão como povo a ser
protegido (mas apenas se for cidadão de segunda classe), dominador muçulmano
após dominador muçulmano, mantiveram o complexo do túmulo e o ampliaram. Em
outras partes do texto islâmico esta proteção não existe e os judeus devem ser
levados para o Inferno.
O mausoléu está na cidade de Hamadam e a
edificação atual de tijolinhos, pedra e madeira foi erguida no século 14. Seu domo
tem quinze metros de altura. Alguns arqueólogos acreditam que não seja o túmulo
de Esther e sim de Shushandukht, uma consorte judia de um persa do ano 300
(século IV).
Na Idade Média foi encontrado um sítio
arqueológico (abaixo) num local chamado KfarBar'am, hoje perto do kibtuz, de
mesmo nome junto à fronteira entre Israel e Líbano, com um túmulo que
atribuíram à Esther, e poucos ligam para isso. Mesmo assim, há grupos ortodoxos
que estiveram lá hoje (dia 4) lendo a meguilá (a História de Esther) neste
monte de pedras que eles consideram ser o túmulo dela em Israel.
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