Homenagem aos 450 anos
da cidade
Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
Exposição no Centro Cultural dos Correios reúne 120 obras originais de
Jean-Baptiste Debret que retratou o Rio no inicio do século 19. O evento faz
parte das comemorações dos 450 anos da cidade Tomaz Silva/Agência Brasil.
A agenda cultural das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro não
poderia deixar de fora o pintor francês Jean-Baptiste Debret, que na primeira
metade do século 19 revelou ao mundo, por meio de suas pinturas, gravuras e
desenhos, a vida cotidiana da então exótica cidade dos trópicos. Coube ao
Centro Cultural dos Correios a inclusão do artista na programação oficial do
aniversário, por meio da exposição O Rio de Janeiro de Debret,
aberta na noite de hoje (4) para convidados. A mostra reúne 120 obras
originais, pertencentes ao acervo dos museus Castro Maya, localizados nos
bairros de Santa Teresa e Alto da Boa Vista.
A exposição, que será aberta amanhã (5) ao público, constitui rara
oportunidade para o visitante apreciar essas obras em seu conjunto, já que
somente uma parte do acervo fica em exibição permanente na Chácara do Céu, em
Santa Teresa. Para a curadora da mostra, Anna Paola Baptista, Debret foi
fundamental para a forma como o mundo passou a ver o Rio de Janeiro e o Brasil.
“Os desenhos e as gravuras eram a única forma de as pessoas conhecerem
lugares distantes, e os europeus tinham muita curiosidade por esses locais
exóticos do Novo Mundo, como o Brasil”, diz Anna Paola. “Debret é o cronista
maior da vida brasileira na
primeira metade do século 19. Ele acompanhou e documentou visualmente o
início do Brasil como nação independente, e especialmente o Rio de Janeiro”.
Dos 80 anos de sua vida, o artista passou 15 na cidade que, por ocasião
de sua chegada, em 1816, abrigava a corte portuguesa, trazida da Europa.
Jean-Baptiste Debret já era pintor renomado na França quando veio para o
Brasil. Fez sua carreira em torno da glorificação de Napoleão Bonaparte,
pintando quadros que retratavam as vitórias militares do imperador.
Com a derrota de Napoleão, ele ficou sem espaço em seu país e aceitou o
convite de dom João VI para integrar a missão artística que viria ao Brasil
para criar uma escola de belas artes. A morte do único filho, aos 19 anos
de idade, também contribuiu para a decisão de Debret de deixar a França.
Jean-Baptiste
Debret foi pintor oficial da corte e professor da Escola de Belas Artes Tomaz
Silva/Agência Brasil
Pintor oficial da corte e professor da Escola de Belas Artes, que ajudou
a criar, Debret aproveitava as horas livres para retratar o cotidiano. “Ele já
pensava no livro que iria lançar, e foi para dar continuidade ao projeto que
decidiu retornar à França, em 1831”, conta a curadora.
A partida ocorreu no mesmo ano em que o imperador dom Pedro I abdicou do
trono em favor de seu filho, dom Pedro II, na época uma criança. O livro de
Debret, Viagem Histórica e Pitoresca ao Brasil, em três volumes,
foi publicado em 1834, na França.
A importância do artista, responsável por apresentar o Brasil à Europa,
posteriormente se voltou para o próprio país que retratou. “Ele se tornou um
cronista do nosso passado. Nós passamos a imaginar o Rio do início do século 19
por meio das gravuras de Debret. Seus desenhos ilustram, há gerações, os livros
didáticos de história do Brasil”, destaca Anna Paola Baptista.
A exposição O Rio de Janeiro de Debret fica em cartaz
até 3 de maio, com entrada franca e visitação de terça-feira a domingo, das 12h
às 19h. O Centro Cultural Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí, 20, no
centro da cidade.
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