sábado, 14 de março de 2015

SALVADOR: COMIDA BOA E ACESSÍVEL

ESPECIAL:

Mas, cuidado com o acarajé!

Luiz Carlos Facó dando uma de crítico culinário


Nestes tempos bicudos, de inflação a La Dilma, de preços altíssimos, quase atingindo as nuvens, preparamos, para quem dispensa o chique ou o luxo, programas (recomendações) e um alerta para se fazer ou não nesta cidade de Todos os Santos e Orixás, gastando relativamente pouco. Não esperem das opções aqui indicadas nada mais que o sabor bem temperado da legítima culinária baiana.

Banquete africano:
“Na língua ioruba, a palavra ajeum significa comida (ou o próprio ato de comer) e tem forte ligação com a noção de oferenda ao próximo. Com esse espírito, o Ajeum da Diáspora recebe, somente aos domingos, trinta comensais para uma refeição de inspiração africana. O restaurante funciona na casa da dona e anfitriã Angélica Moreira, nascida no interior do estado. O prato principal é sempre, estrela no caso, é uma galinhada de se lamber os beiços, temperada de véspera, servida ao lado de quiabo sobre um pirão preparado com caldo de mocotó. A batida de cachaça, tamarindo e cebolinha abre o apetite. -  É comida afetiva, que minha mãe e minha avó  faziam, revela-nos toda orgulhosa a experiente Angélica.
O almoço não chega aos quarenta reais por pessoa, mas é um repasto supimpa.
Rua Amparo do Tororó, 157, Salvador.



Lambreta do Dom Papito
Sem sair da linha genuinamente regional, há outros cantinhos bem aconchegantes, onde se pode apreciar outros sabores igualmente marcantes. É o caso da lambreta do D. Papito. Das 600 dúzias do molusco extraído dos mangues locais, a receita mais procurada é também a mais simples: cozida no vapor com azeite de oliva e pimenta, em dose dupla. Sobre o preço só posso afirmar que é aceitável.


Acarajé de Cira (atenção)
Muitos consideravam o melhor acarajé da Bahia. Sua fama ao ultrapassar os limites regionais, contrariamente ao que se deveria esperar, perdeu a qualidade. Na última vez que lá estive, em 1º de fevereiro deste ano, depois de enfrentar uma fila quilométrica, ao comer o acarajé, mensurei para menos o custo benefício daquele quitute. A massa não estava airada, fofa, era compacta, como dizemos nós baianos, tinha parecença de “bate-estaca”. Uma pena para quem está acostumado a apreciar o mais rico ícone da cozinha baiana, quando bem feito.
Um derradeiro alerta aos iniciantes e veteranos viciados ou admiradores da típica comida da Bahia: jamais se aventurem a pedir qualquer prato da comida regional num restaurante sob a responsabilidade de chefs renomados. Eles, por vaidade, visam continuadamente imprimir à receita original ou acrescentar algo mais ao que já é bom, resultando, as mais das vezes, num fiasco. Procurem, por precaução, pequenos restaurantes, lá tem comida de raiz, cuja cozinheira traz consigo a receita, apreendida dos seus ancestrais, original. E, quase todos eles, estão no Mercado Modelo, no Pelourinho ou em pequenos botecos, salvo raras exceções. Sejam prudentes.

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