Sua bênção poeta!
Vinicius
de Moraes, nascido Marcus
Vinicius de Moraes (Rio de
Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de
Janeiro, 9 de julho de 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia
a alcunha "poetinha", que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se
pelos seus sonetos.
Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque,
era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se
por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram,
respectivamente: Beatriz
Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de
Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de
Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e
Gilda de Queirós Mattoso.
Sua obra é vasta, passando pela literatura,
teatro, cinema e música.
Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi sua primeira e maior vocação, e
que toda sua atividade artística deriva do fato de ser poeta. No campo musical,
o poetinha teve como principais
parceiros Tom
Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico
Buarque e Carlos
Lyra.
Vinicius
de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de
Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira
da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia
Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911),
Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro
de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na
Escola Primária Afrânio Peixoto. Desde então, já demonstrava interesse em
escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius
mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para
terminar o curso primário.
Vinicius
de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e
começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos
irmãos Haroldo e Paulo Tapajós,
com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas
de amigos. Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na
Faculdade de Direito do Catete, hoje Faculdade
Nacional de Direito (UFRJ). Na chamada
"Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancistaOtavio
Faria, que o incentivou na vocação
literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em
1933.
Três
anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da
Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do
Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade
de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A
Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e
empregou-se no Instituto dos Bancários.
No
ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério
das Relações Exteriores (MRE).
Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles.
Com a morte do pai, em 1950,
Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950,
Vinicius atuou no campo diplomático
em Paris e
em Roma, onde costumava realizar animados encontros na
casa do escritor Sérgio
Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira
diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.
O
poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão,
quando o regime militar emitiu o AI-5. O
motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia
de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em
1998. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a
promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe"
do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o
cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial
do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12.265.
Vinicius
começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da
Conceição", em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e
dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de
1950 - época em que conheceu Tom
Jobim (um de seus grandes
parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros
artistas.13 Na
década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual
foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias
com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Na
década de 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de
grande sucesso.
Na
noite de 9 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções
do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que
precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado
pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para
respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido
por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de
Moraes morreu pela manhã.
No
fim da década de 1920 Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções
gravadas - nove delas parcerias com os Irmãos
Tapajós. Seu primeiro registro como
letrista veio em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena",
gravado em 1932 pela dupla de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro
livro de poemas, O Caminho
para a Distância,
em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década.7 Foram
também gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma
Saudade" (composta com Joaquim
Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O Beijo Que Você Não Quis Dar"
(composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite" (composta com
Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também
"Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos
mesmos um ano depois.
Ainda
na década de 1930 Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em sua fase considerada mística, ele recebeu o Prêmio
Felipe D'Oliveira pelo livro Forma e
Exegese, de 1935. No ano seguinte,
lançou o livro Ariana, a
Mulher.
Na
década de 1940 suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem
mais simples, sensual e exitante, por vezes, carregados de temas sociais.
Vinicius de Moraes publicou os livros Cinco Elegias (1943),
que marcou esta nova fase, e Poemas,
Sonetos e Baladas (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão.
Atuando como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex Vianny, a revista Filme.
Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro Pátria Minha.
No âmbito político, depois de viajar ao Nordeste
em 1942, na companhia do escritor estadunidense Waldo Frank, torna-se um
anti-fascista convicto e passa a se influenciar por ideias comunistas.
De volta ao Brasil no início dos anos 1950,
após servir ao Itamaraty nos Estados
Unidos, Vinicius começou a trabalhar
no jornal Última Hora, exercendo funções burocráticas na sede do Ministério
das Relações Exteriores.
Em
1953 Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua autoria. Escrita com Antônio
Maria, a canção foi dedicado à
esposa Tati de Moraes - e marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano,
Vinícius foi para Paris como
segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou
"Dobrado de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria),
em 1954.
Em 1954, Vinícius publica sua coletânea de poemas, Antologia
Poética, mesmo ano que publica sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso do IV Centenário de São
Paulo e publicada na revista Anhembi. Dois anos depois, quando
Vinicius buscava alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do
amigo Lúcio Rangel para trabalhar com um jovem
pianista, Antônio
Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de
músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.
Do
encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da
música brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora,
que incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A
Você", "Um Nome de Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e
"Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e
Orquestra. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Além destas
canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A
Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que
vou te amar", "Garota de Ipanema", "Insensatez", entre outras belas canções.
Entre
1957 a 1958, o diretor de cinema francês Marcel Camus filmou
"Orfeu do Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu o nome
de Orfeu Negro. Vinicius compôs para o filme "A Felicidade" e "O Nosso
Amor". Um ano depois, o filme seria contemplado com a Palma de Ouro no Festival
de Cinema de Cannes e o Oscar de
melhor filme estrangeiro.
Caricatura do poeta.
O
ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música
brasileira, a Bossa Nova.
A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção do Amor
Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso.
Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de
autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada
Branca", "Outra Vez" e "Chega de Saudade", em
interpretações vocais intimistas.
"Chega
de Saudade" foi uma canção fundamental daquele novo movimento,
especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem
violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma
nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo
inteiro a partir dali. O nome deste violonista é João Gilberto. A
importância do disco "Canção do Amor Demais" é tamanha que ele é tido
como referência por muitos artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso.
Várias
das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por
outros artistas. Joel de Almeida gravou
"Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy de Almeida
gravou "Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito
Madi gravou "Se Todos
Fossem Iguais A Você", Bill
Farr gravou "Eu Não
Existo Sem Você", Agnaldo Rayol gravou
"Serenata do Adeus" e Albertinho Fortunagravou "Eu Sei Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e
"A Felicidade" foram duas das canções mais lançadas no final daquela
década. A primeira foi gravada por Lueli
Figueiró e Diana
Montez, ambas em 1959. Já a segunda
foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita
Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.
Servindo
ao Itamaraty em Montevidéu desde
1957, Vinicius de Moraes deixaria a embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. Suas canções continuaram
sendo gravadas por muitos artistas no início da década de 1960. Foram lançadas
"Janelas Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e
"Bate Coração", (composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de
Aragão, cantora cultuada na época como uma das vozes mais poderosas de toda uma
geração de cantoras .
No
ano seguinte, Vinicius registrou pela primeira vez sua voz, em um álbum
contendo os sambas "Água de Beber" e "Lamento
no Morro", novamente parcerias com Tom Jobim. O poeta teria também um
novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e violonista Carlos Lyra.
Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa
Mais Linda", "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te
Amar". Ainda em 1961, o Teatro Santa Rosa foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma
rosa", peça de autoria de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada
depois pelo cinema italiano com o nome de "Una Rosa per Tutti"
(o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia Cardinale).
Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros fluminense
gravou "Serenata do Adeus", um ano após gravarem "Rancho das
Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema deJesus,
Alegria dos Homens,
de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano, enquanto "Canção da Eterna Despedida"
(composta com Tom Jobim) "Em Noite de Luar" (composta com Ary Barroso)
foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria,
respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: Antologia
Poética, Procura-se Uma Rosa e Para Viver Um
Grande Amor.
Com Pixinguinha,
compôs a trilha sonora do filme Sol sobre
a Lama, de Alex Vianny,
escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo
Melhor". Também naquele período, nasceu a parceria com o compositor e
violonista Baden Powell. Desta, resultariam inúmeros sucessos, como "Apelo",
"Canção de Amor", "Canto de Ossanha", "Formosa",
"Mulher Carioca", "Paz", "Pra Que Chorar",
"Samba da Bênção", "Samba Em Prelúdio",
"Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre
outras.
Em
agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas,
Vinicius de Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes
concertos da bossa nova e realizado na boate "Au Bon Gourmet", no Rio
de Janeiro. Neste show, foram lançadas clássicos da música popular brasileira
como "Ela é Carioca", "Garota de Ipanema",
"Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço
Samba". Naquela mesma casa noturna foi montada "Pobre Menina
Rica", mais uma peça do poeta, cuja trilha sonora trazia canções
como "Sabe Você", "Primavera" e "Samba do
Carioca" (lançando a cantora Nara Leão), ambas
parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius comporia com Lyra "Marcha da Quarta-feira de
Cinzas" e "Minha Namorada".
Várias
daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou
"Marcha da Quarta-feira de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou
"Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta com Moacir Santos), Elza Soares gravou
"Só Danço Samba", Pery Ribeiro e
o Tamba Trio gravaram
"Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O
Morro Não Tem Vez" (composta com Tom Jobim).
Naquele
mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atriz Odete Lara seu
primeiro álbum: Vinicius e Odete Lara. Com arranjos e regência do
poeta Moacir Santos, o LP continha canções da parceria com Baden Powell, como
"Berimbau", "Mulher Carioca", "Samba em Prelúdio"
e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo Copacabana
lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as
parcerias do poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo
Queiroz e Vadico.
Em
1964 Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na boate "Zum
Zum", ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e
o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve grande repercussão nos meios
artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo composições como
"Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao
Tom", "Dia da Criação" e "Minha Namorada" (parcerias
com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "...Das Rosas",
"História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias
com o cantor, compositor e violonista Dorival Caymmi).
Duas
canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o I Festival Nacional de
Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior).
"Arrastão" (composta com Edu
Lobo), defendida por Elis Regina,
ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não Vem" (parceria
com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo lugar.
Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius compôs
"Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram
no clima de protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro
Popular de Cultura da União
Nacional dos Estudantes (UNE).
Por um breve período, Vinicius foi designado para trabalhar na delegação do
Brasil junto à UNESCO,
naEuropa.
O poeta também trabalhou com o diretor Leon Hirszman no
roteiro do filme Garota de Ipanema, voltou a se apresentar no Zum
Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".
Ainda
em 1965, o Teatro
Municipal de São Paulo foi
o palco de uma homenagem para o poetinha, com o show Vinicius: Poesia e
Canção, espetáculo que contou com a participação daOrquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo (sob
a regência do maestro Diogo Pacheco).
As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros Guerra Peixe,
Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes
com Carlos Lyra,
Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro Monteiro e
Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem
Iguais A Você", a platéia respondeu com dez minutos ininterruptos de
aplausos.
Em 1966, foi lançado o álbum Os
Afro-Sambas, com suas composições em
parceria com Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de
Ossanha", "Canto de Xangô", "Canto de Iemanjá" e
"Lamento de Exu", entre outras, além da participação de Powell
tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto Pois
É, no Teatro Opinião, ao lado deMaria Bethânia e Gilberto Gil.
No espetáculo dirigido pelo arranjador, compositor, maestro e pianista Francis
Hime, o público carioca conheceu pela primeira vez as canções de Gilberto Gil.
Ainda naquele ano, lançou o livro de crônicas Para Uma Menina Com Uma
Flor e também foi convidado a participar do júri do Festival de
Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção" havia
sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme Um
Homem e Uma Mulher,
do diretor francês Claude Lelouch,
vencedor do festival. Após uma ameaça de processo, a obra de Lelouch creditou a
canção de Vinicius. O ano de 1967 marcou a estréia do filme Garota de
Ipanema, baseado no sucesso homônimo de Vínicius. É a canção brasileira
mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary Barroso). Ainda naquele período, Vinícius organizou
um festival de artes em Ouro Preto e excursionou para a Argentina e o Uruguai.
Em
1969 Vinicius de Moraes publicou o livro Obra Poética e se
apresentou ao lado de Maria Creuza e Dorival Caymmi em Punta del Este.
O poetinha também fez recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, apresentando,
entre outros, os poemas "A Uma Mulher", "O Falso Mendigo",
"Sob o Trópico de Câncer" (no qual trabalhou durante nove anos) e
"Soneto da Intimidade". O evento foi gravado ao vivo e lançado em LP
pelo selo Festa. Ainda naquele ano, Vinicius fez apresentações em Buenos Aires,
ao lado de Caymmi, Baden Powell, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves.
Naquele
mesmo período, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o
violonista Toquinho.
Desta parceria, viriam clássicos como "Como Dizia o poeta",
"Tarde em Itapoã" e "Testamento".
Em
1970 Vinicius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, com o
parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a trajetória do poeta,
ficou quase um ano em cartaz devido ao grande sucesso obtido. Outra
apresentação marcante de Vinícus de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora
Maria Creuza, foi em a cidade argentina de Mar del Plata, na boate La Fusa. O
concerto resultaria no LP ao vivo Vinicius
En La Fusa, uma das mais belas joias
gravadas ao vivo da música brasileira. No repertório, interpretado de modo
espetacular pela cantora baiana, estavam entre outras "A Felicidade",
"Garota de Ipanema", "Irene", "Lamento no Morro",
"Canto de Ossanha" (canção muito aplaudida pela plateia argentina),
"Samba em Prelúdio", "Eu Sei Que Vou Te Amar" (canção que
contou ainda com a declamação do poetinha de "Soneto da Fidelidade",
para delírio do público argentino), "Minha Namorada" e "Se Todos
Fossem Iguais A Você", que encerrou o magnífico concerto. No ano seguinte,
Vinicius voltou à Fusa para gravar um novo LP ao vivo, também com Toquinho, mas
desta vez com a cantora Maria Bethânia nos
vocais. Neste álbum estão presentes canções com "A Tonga da Mironga do
Kabuletê", "Testamento" e "Tarde em Itapoã". Também em
1971, assinou com Chico Buarque, sobre antigo choro de Garoto, a canção
"Gente Humilde", grande sucesso gravada pelo próprio Chico e, pouco
depois, por Ângela Maria.
A
parceria Vinicius/Toquinho excursionou por várias cidades brasileiras e também
pelo exterior. Ainda em 1971, a dupla lançou seu primeiro LP de estúdio, com
destaque para "Maria Vai com as Outras", "Morena
Flor", "A Rosa Desfolhada" e "Testamento".
Em 1972,
eles lançaram o álbum "São Demais os Perigos Dessa Vida",
contendo - além da faixa-título - grandes sucessos como "Cotidiano
nº 2", "Para Viver Um Grande Amor" e "Regra
três". Com Toquinho, também compôs a trilha sonora da telenovela "Nossa Filha Gabriela" (da
extinta TV Tupi),
registrada em disco naquele mesmo ano. No ano seguinte, a dupla se apresentou
no show "O Poeta, a Moça e o Violão", com a cantora Clara Nunes no
Teatro Castro Alves, em Salvador.
Em
1974 Vinicius e Toquinho compuseram "As Cores de Abril" e "Como
É Duro Trabalhar", ambas incluídas na trilha sonora da novela Fogo Sobre Terra, da Rede Globo.
Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum Toquinho, Vinicius e
Amigos. O disco teve as participações de Maria Bethânia (em
"Apelo" e "Viramundo"), Cyro Monteiro ("Que
Martírio" e "Você Errou", últimas gravações deste cantor), Maria
Creuza ("Tomara" e "Lamento no Morro"), Sergio Endrigo ("Poema
Degli Occhi" e "La Casa") e Chico Buarque
("Desencontro"). Ainda naquele ano, a dupla lançou "Vinicius e
Toquinho", quarto álbum de estúdio da parceria, que trazia composições de
autoria deles, como "Samba do Jato", "Sem Medo" e
"Tudo Na Mais Santa Paz", e ainda "Samba pra Vinicius",
homenagem ao poetinha de Toquinho e Chico Buarque, que fez uma participação
especial no disco.
Em
1975 Vinicius de Moraes lançou o álbum "O Poeta e o Violão". Gravado
em Milão,
o LP teve a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo
ano, a gravadora Philips lançou o álbum "Vinicius e Toquinho".
Deste LP, destaca-se "Onde Anda Você" - parceria com Hermano
Silva e que alcançou grande
sucesso. Ainda naquele ano, Vinicius lançou o livro de poemas infantis A
Arca de Noé. Foram lançados em no ano seguinte os álbuns Ornella
Vanoni, Vinicius de Moraes e Toquinho - La voglia, la pazzia, l'incoscienza e
l'allegria e Deus lhe Pague - este com as composições
da parceria Vinicius e Edu Lobo.
Vinicius teve publicado, em 1977, o livro O
Breve Momento, com 15 serigrafias de Carlos
Leão. Naquele ano, o selo Philips
lançou o álbum "Antologia Poética", uma seleção da obra
poética do poetinha e que teve a participação especial de Tom Jobim, Francis
Hime e Toquinho. A gravadora Som Livre disponibilizou no mercado o LP Tom,
Vinicius, Toquinho e Miúcha - Ao Vivo no Canecão. Em 1978 foi lançado o
álbum Vinicius e Amália, gravado em Lisboa com a cantora
portuguesa Amália Rodrigues. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum "10 Anos de
Toquinho e Vinicius" - uma coletânea de uma década de trabalhos
da dupla. Em 1980 foi lançado o álbum Arca de Noé, que trouxe
diversos intérpretes para as composições infantis do poeta, musicadas a partir
do livro homônimo. O disco gerou um especial infantil na Rede Globo, naquele
mesmo ano.
Na
madrugada de 9 de julho de 1980 Vinicius de Moraes começou a se sentir mal na
banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. O poeta
passara o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os
últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP
foi lançado.
Mesmo
após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música
brasileira. Foram lançados os álbuns Toquinho, Vinicius e Maria Creuza
- O Grande Encontro (1988) e A História dos Shows
Inesquecíveis - Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho (1991),
além de terem sido lançados livros sobre o poeta, como Vinicius de
Moraes - Livro de Letras(1993), de José Castello, Vinicius
de Moraes (1995), também de José Castello, "Vinicius
de Moraes" (1997), de Geraldo Carneiro (uma
edição ampliada do livro publicado em 1984). Ainda em 1993, Almir Chediak
editou os três volumes do Songbook Vinicius de Moraes.
Por ocasião dos vinte anos da morte do poeta, em
2000, a Praia de Ipanema foi o palco de um show em homenagem a Vinicius, que
contou com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto
Menescal, Wanda
Sá, Zimbo
Trio, Os
Cariocas, Emílio
Santiago e Toquinho,
interpretando composições de sua autoria.
Em
2003, ano em que o poeta completaria seu 90º aniversário, foram lançados vários
projetos em tributo à sua criação artística. Também foi lançado o website oficial de Vinicius.
Em
2005 "The Girl from Ipanema", versão em inglês de "Garota de
Ipanema", interpretada por Astrud Gilberto,
Tom Jobim, João Gilberto e Stan
Getz e gravada em 1963, foi
escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca
do Congresso Americano.
Ainda em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do Festival do Rio, o documentário Vinicius,
dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Suzana de Moraes,
filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano
Veloso, Maria Bethânia,Adriana Calcanhoto, Mariana de Moraes e Olívia Byington,
entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD.
Em 2006 foi lançada a caixa "Vinicius
de Moraes & Amigos", com cinco álbuns do poetinha, contendo 70
canções compiladas de fonogramas gravados por vários intérpretes e pelo próprio
Vinicius (solo ou em dueto). A caixa incluiu ainda um livreto com a biografia
do homenageado e as letras de todas as canções.
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