Eugenia é
um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911),
significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social
que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações
seja física ou mentalmente". O
tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia
nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de
"pureza racial", a qual culminou no Holocausto. Mesmo com a
cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas
atualmente em plantas e animais, ainda
existem questionamentos éticos quanto a seu uso com seres
humanos, chegando até o ponto de alguns cientistas declararem que é de
fato impossível mudar a natureza humana.
O termo
"eugenia" é anterior ao termo "genética", pois este
último só foi cunhado em 1908, pelo cientista William Bateson. Numa carta
dirigida a Adam Sedgewick, datada de 18 de Abril de 1908,
Bateson usou pela primeira vez o termo genética para descrever o estudo da
variação e hereditariedade.
Desde seu surgimento até os dias atuais,
diversos filósofos e sociólogos declaram que existem
diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de
pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não
aptas para a reprodução.
Sir Francis Galton iniciou o desenvolvimento
de ideias sobre eugenia a partir de estatísticas sociais
Já na Grécia antiga, Platão descrevia,
em A República, a sociedade humana se aperfeiçoando por
processos seletivos (sem falar que em Esparta já se praticava a
eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam pré-natais, abortivos eficientes, eutanásia e
afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições
sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês Francis Galton.
Galton foi influenciado pela obra de seu
primo Charles Darwin, A Origem das Espécies, onde aparece o conceito
de seleção natural. Baseado nele, Galton propôs a seleção
artificial para o aprimoramento da população humana segundo os critérios
considerados melhores à época.
Foi também Galton quem lançou as bases da genética
humana e cunhou o termo eugenia para designar a melhoria
de uma determinada espécie através da seleção artificial, em sua
obra Inquiries into Human Faculty and Its Development (Pesquisas
sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento), de 1883. Esta obra
foi largamente elogiada em matéria da revista americana "Nature",
em 1870.
Hitler e o seu staff
Ao escrever seu livro Hereditary
Genius ("O gênio hereditário") em 1869, Galton
observou, compilou dados e sistematizou a inteligência em vários
membros de várias famílias inglesas durante sucessivas gerações. Sua conclusão
foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada
família se transmite hereditariamente. Bulmer argumenta que Galton estava
tão tendencioso na explicação pela hereditariedade que nem sequer tomou o
cuidado de analisar os meios neurossociais de forma imparcial, isenta e
proporcional.
Por acreditar que a condição inata, e não o ambiente,
determinava a inteligência, Galton propôs uma "eugenia positiva"
através de casamentos seletivos.
Na época, a população inglesa crescia nas classes
pobres e diminuía nas classes mais ricas e cultas, e se temia uma "degeneração
biológica". Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que
angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos cientistas e
principalmente entre a população em geral na sua época áurea (1870-1933).
Em 1942, os Estados Unidos estavam
em guerra contra a Alemanha e suas ideologias, desenhos
animados — e outros recursos de comunicação de massa — eram
usados como propaganda contra o regime totalitário. Nesse contexto,
eugenia e nazismo são equiparados. Mas, somente após os horrores do
holocausto, o termo eugenia caiu completamente em desuso. Suas ideias, no
entanto, sobrevivem, pois seus métodos estatísticos foram incorporados na
teoria Darwiniana nos anos 1930 e sintetizados com a genética mendeliana.
Loucura da eugenia
Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é
inglesa (e não alemã) em invenção e estadunidense (e não alemã) em pioneirismo
legislativo.
As ideias alemãs sobre eugenia vieram do "Ensaio
sobre as desigualdades das raças humanas", do Conde de Gobineau,
publicado em 1854.
Alemanha Nazista
Em 1935, as Leis de
Nuremberg proibiram o casamento ou contato sexual de alemães
com judeus, pessoas com problemas mentais, doenças contagiosas ou
hereditárias, mas em 1933 já era lei a esterilização
compulsória de pessoas com problemas hereditários e a castração de
delinquentes sexuais, ou de pessoas que a cultura nazista assim classificasse,
como era o caso dos homossexuais.
Segundo alguns historiadores, a Alemanha
Nazista levou as políticas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras
fontes, acredita-se que o que ocorreu com os judeus durante o Terceiro Reich foi genocídio,
e que não foi a aplicação de ideias eugênicas que causou o holocausto e
sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos.
O único consenso é que a eugenia foi praticada com
alemães que possuíam deficiências físicas ou mentais, através do
extermínio, e da esterilização. Entretanto, existem distinções entre as
formas de eugenia, como eugenia positiva e eugenia negativa. A
eugenia positiva, incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos enquanto que
a eugenia negativa impede que pessoas com certas limitações se reproduzam. A
eugenia positiva foi praticada também no Terceiro Reich, com a
criação de centros de reprodução humana do programa Lebensborn.
Capa do "livro azul" britânico (1918), cujo tema é o genocídio dos nativos do Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia)
Wir stehen nicht allein: ("nós não estamos sós").Cartaz de propaganda nazista de 1936. Exibebandeiras de países que, naquele momento, adotavam leis de esterilização compulsiva(esquerda) e de países que consideravam criar legislações semelhantes (abaixo, direita).
Uma casa de maternidade do programa Lebensborn (1943)
Imagem de um batismo em uma casa Lebensborn (1936).
Quadro "Redenção
de Can" (1895), mostrando avó
negra, filha mulata, genro e neto brancos. Para o governo da época, a cada
geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y
Gomes.
O Brasil foi o primeiro país da América
do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica
de São Paulo foi criada em 1918. O movimento eugênico
brasileiro foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde
pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada
de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas
como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados
em relação ao movimento racial.
Em 1931, foi criado o Comitê Central de
Eugenismo, presidido por Renato Ferraz Kehl e Belisário Penna.
Monteiro Lobato
Propunha o fim da imigração de não
brancos, e "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias
de caráter eugenista que sejam dignas de consideração". Medidas que
visavam a impedir a miscigenação, higienismo e eugenismo se
confundem, no Brasil.11
A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três
fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais
e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002).
Expressa três categorias de conceitos:
1 - luta pelo aperfeiçoamento eugênico do povo brasileiro
2 - responsabilidade do enfermeiro em relação ao tema
3 - não há solução para os males sociais fora das leis da biologia.
A ciência
de Galton, no início do século XX, teve muitos adeptos no Brasil,
principalmente nos meios letrados. E entre os
intelectuais eugenistas brasileiros que mais se empenharam na organização e
divulgação do movimento destacam-se: Belisário
Penna (1868-1939), Edgar Roquette-Pinto (1884-1954), Monteiro
Lobato (1882-1948), Octávio Domingues (1897-1972), Oliveira
Viana (1883-1951) e Renato Kehl (1889-1974).
Fonte: Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário