terça-feira, 26 de maio de 2015

A LOUCURA DA EUGENIA

  
Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente". O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de "pureza racial", a qual culminou no Holocausto. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em plantas e animais, ainda existem questionamentos éticos quanto a seu uso com seres humanos, chegando até o ponto de alguns cientistas declararem que é de fato impossível mudar a natureza humana.
O termo "eugenia" é anterior ao termo "genética", pois este último só foi cunhado em 1908, pelo cientista William Bateson. Numa carta dirigida a Adam Sedgewick, datada de 18 de Abril de 1908, Bateson usou pela primeira vez o termo genética para descrever o estudo da variação e hereditariedade.
Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não aptas para a reprodução.

Sir Francis Galton iniciou o desenvolvimento de ideias sobre eugenia a partir de estatísticas sociais

Já na Grécia antiga, Platão descrevia, em A República, a sociedade humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em Esparta já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam pré-natais, abortivos eficientes, eutanásia e afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês Francis Galton.
Galton foi influenciado pela obra de seu primo Charles Darwin, A Origem das Espécies, onde aparece o conceito de seleção natural. Baseado nele, Galton propôs a seleção artificial para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época.
Foi também Galton quem lançou as bases da genética humana e cunhou o termo eugenia para designar a melhoria de uma determinada espécie através da seleção artificial, em sua obra Inquiries into Human Faculty and Its Development (Pesquisas sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento), de 1883. Esta obra foi largamente elogiada em matéria da revista americana "Nature", em 1870.


Hitler e o seu staff

Ao escrever seu livro Hereditary Genius ("O gênio hereditário") em 1869, Galton observou, compilou dados e sistematizou a inteligência em vários membros de várias famílias inglesas durante sucessivas gerações. Sua conclusão foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite hereditariamente. Bulmer argumenta que Galton estava tão tendencioso na explicação pela hereditariedade que nem sequer tomou o cuidado de analisar os meios neurossociais de forma imparcial, isenta e proporcional.
Por acreditar que a condição inata, e não o ambiente, determinava a inteligência, Galton propôs uma "eugenia positiva" através de casamentos seletivos.
Na época, a população inglesa crescia nas classes pobres e diminuía nas classes mais ricas e cultas, e se temia uma "degeneração biológica". Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos cientistas e principalmente entre a população em geral na sua época áurea (1870-1933).
Em 1942, os Estados Unidos estavam em guerra contra a Alemanha e suas ideologias, desenhos animados — e outros recursos de comunicação de massa — eram usados como propaganda contra o regime totalitário. Nesse contexto, eugenia e nazismo são equiparados. Mas, somente após os horrores do holocausto, o termo eugenia caiu completamente em desuso. Suas ideias, no entanto, sobrevivem, pois seus métodos estatísticos foram incorporados na teoria Darwiniana nos anos 1930 e sintetizados com a genética mendeliana.

Loucura da eugenia

Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é inglesa (e não alemã) em invenção e estadunidense (e não alemã) em pioneirismo legislativo.
As ideias alemãs sobre eugenia vieram do "Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas", do Conde de Gobineau, publicado em 1854.
Alemanha Nazista
Em 1935, as Leis de Nuremberg proibiram o casamento ou contato sexual de alemães com judeus, pessoas com problemas mentais, doenças contagiosas ou hereditárias, mas em 1933 já era lei a esterilização compulsória de pessoas com problemas hereditários e a castração de delinquentes sexuais, ou de pessoas que a cultura nazista assim classificasse, como era o caso dos homossexuais.
Segundo alguns historiadores, a Alemanha Nazista levou as políticas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras fontes, acredita-se que o que ocorreu com os judeus durante o Terceiro Reich foi genocídio, e que não foi a aplicação de ideias eugênicas que causou o holocausto e sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos.
O único consenso é que a eugenia foi praticada com alemães que possuíam deficiências físicas ou mentais, através do extermínio, e da esterilização. Entretanto, existem distinções entre as formas de eugenia, como eugenia positiva e eugenia negativa. A eugenia positiva, incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos enquanto que a eugenia negativa impede que pessoas com certas limitações se reproduzam. A eugenia positiva foi praticada também no Terceiro Reich, com a criação de centros de reprodução humana do programa Lebensborn.

Capa do "livro azul" britânico (1918), cujo tema é o genocídio dos nativos do Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia)

Wir stehen nicht allein: ("nós não estamos sós").Cartaz de propaganda nazista de 1936. Exibebandeiras de países que, naquele momento, adotavam leis de esterilização compulsiva(esquerda) e de países que consideravam criar legislações semelhantes (abaixo, direita).

Uma casa de maternidade do programa Lebensborn (1943)

Imagem de um batismo em uma casa Lebensborn (1936).

Quadro "Redenção de Can"  (1895), mostrando avó negra, filha mulata, genro e neto brancos. Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y Gomes.

O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de São Paulo foi criada em 1918. O movimento eugênico brasileiro foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.
Em 1931, foi criado o Comitê Central de Eugenismo, presidido por Renato Ferraz Kehl e Belisário Penna.

Monteiro Lobato

Propunha o fim da imigração de não brancos, e "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração". Medidas que visavam a impedir a miscigenação, higienismo e eugenismo se confundem, no Brasil.11
A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002). Expressa três categorias de conceitos:
1 - luta pelo aperfeiçoamento eugênico do povo brasileiro
2 - responsabilidade do enfermeiro em relação ao tema
3 - não há solução para os males sociais fora das leis da biologia.
A ciência de Galton, no início do século XX, teve muitos adeptos no Brasil, principalmente nos meios letrados. E entre os intelectuais eugenistas brasileiros que mais se empenharam na organização e divulgação do movimento destacam-se: Belisário Penna (1868-1939), Edgar Roquette-Pinto (1884-1954), Monteiro Lobato (1882-1948), Octávio Domingues (1897-1972), Oliveira Viana (1883-1951) e Renato Kehl (1889-1974).
Fonte: Wikipédia

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