Por se tratar de uma montanha isolada, próxima de
mares profundos e afastada da costa, ele é ideal para peixes de todos
os tamanhos, moluscos, algas, crustáceos e tartarugas
O Atol das Rocas é um recife anelar elíptico pertencente
ao estado do Rio Grande do Norte, a 144 mn (267 km)
a lés-nordeste da cidade de Natal (RN) e a 80 mn (148 km)
a oeste do arquipélago de Fernando de Noronha (PE), em
águas jurisdicionais brasileiras.
O primeiro
mapa que mostra o Brasil descoberto pelos portugueses, o Planisfério de
Cantino, de 1502, já registrava a existência do Atol das Rocas. Uma outra
menção a Rocas é atribuída ao Almirante Dario Paes Leite, que descreveu
o naufrágio de uma das naus da expedição liderada
pelo navegador português Gonçalo Coelho à costa do Brasil,
em 1503. Apesar de ser conhecido desde o século XVI, o primeiro mapa
detalhado de Rocas surgiu apenas em 1852, desenhado pelo
Capitão-Tenente Phillip Lee, com a
denominação de Baixo das Rocas ou Baixo das Cabras. Rocas aparece caracterizado
como atol em 1858, num levantamento batimétrico feito
pelo Comandante Vital de Farias. O primeiro naturalista a mencionar Rocas
foi Jean de Léry, em 1880.
Devido a pouca profundidade de suas águas, a
navegação nesse trecho da costa é muito perigosa. Os acidentes marítimos em
Rocas eram frequentes e, no final do século XIX, no dia 19 de
novembro de 1881 iniciou-se a construção do primeiro farol
do Atol das Rocas, na ilha atualmente conhecida como Ilha do Farol (Rodrigues,
1940 e Andrade, 1959, citados por Kikuchi, 1999).
Os recifes
que compõem Rocas crescem no topo de um monte submarino pertencente à Zona
de Fratura de Fernando de Noronha. Com uma área de
aproximadamente 755,1 ha, o Atol das Rocas está entre os menores do mundo.
De formato oval, tem 3,7 km de comprimento, 2,5 km de
largura e um perímetro 7 km.
As areias
de Rocas têm origem biológica, sendo compostas principalmente por
estruturas calcárias fósseis de algas coralináceas da
sub-família Melobesioideae e da família Corallinaceae,
além de algas verdes do gênero Halimeda e de foraminíferos bentônicos,
principalmente Amphistegina radiata e Archaias sp (Coutinho
e Morais, 1970 citado por KIKUCHI, 1999).
Essas areias de origem biológica acumularam-se em
duas faixas com forma de anel aberto no interior do atol, originando a Ilha
do Farole a Ilha do Cemitério. Juntas, têm uma área de
aproximadamente 36 ha. Durante
a maré baixa, o anel de recifes que forma o atol fica exposto e, no seu
interior, surgem piscinas naturais, de tamanhos diversos e profundidade de
até 6 m. Na maré alta, apenas as duas ilhas interiores e o perímetro
do atol, com sua margem formada por recifes, ficam emersas.
O Atol das
Rocas serve de berçário a muitas espécies. Todos os anos milhares de aves e
centenas de tartarugas-verdes retornam para lá para desovar. O local também é área de abrigo e
alimentação da tartaruga-de-pente. Tem uma enorme importância
ecológica fundamental por sua alta produtividade biológica e por ser uma
importante zona de abrigo, alimentação e reprodução de diversas espécies
animais.
Ao lado do
Arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol das Rocas é considerado uma das
áreas mais importantes para a reprodução de aves marinhas tropicais
do Brasil, abrigando pelo menos 150 milhares de aves, de quase 30 espécies
diferentes. Atualmente vivem, o ano todo, cinco espécies de
aves residentes: duas de atobás,
uma de trinta-réis (ave) ou andorinha do mar e duas de viuvinhas,
os atobás-de-patas-vermelhas e as fragatas vêm de Fernando de Noronha
para pescar. Além delas, 25 espécies migratórias fazem de Rocas um porto
permanente. Passam por ali espécies originárias da Venezuela, da África e
até maçaricos provenientes da Sibéria.
O atol é
também o paraíso de muitas espécies aquáticas. Por se
tratar de uma montanha isolada, próxima de mares profundos e afastados da
costa, ele é ideal para peixes de todos os tamanhos, moluscos, algas, crustáceos e tartarugas.
Quase cem espécies de algas, 44 de
moluscos, 34 de esponjas, sete espécies de coral e duas espécies de
tartarugas já foram ali identificadas. Entre os 24 crustáceos, destacam-se o
caranguejo terrestre e o aratu, que somente habitam ilhas oceânicas. O
primeiro levantamento da fauna de insetos do Atol foi realizado em 2000, quando
12 espécies de insetos foram registrados e 3 espécies de aracnídeos, dentre
eles um escorpião com veneno pouco perigoso para humanos.
Em Rocas
foram ainda catalogadas 147 espécies de peixes diferentes, entre
os sargos, garoupas e xaréus. Mas apenas duas dessas
espécies, o gudião e a donzela (peixe) são exclusivas da
região, que abrange o Atol das Rocas e o Arquipélago de Fernando de
Noronha, o tubarão-limão, uma espécie rara em Rocas tem motivado estudos
de vários cientistas brasileiros e estrangeiros, a espécie passa o início da
vida em cardumes, na laguna e nas piscinas do atol.
O Atol das Rocas é protegido pela reserva
biológica homônima. Esta é a primeira Reserva Biológica
Marinha do Brasil, tendo sido em 5 de junho de 1979,
através do Decreto-lei Nº 83.549. A administração da reserva biológica
está a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio).
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