Publicado em literatura por Wellington Freire Machado
A
literatura, enquanto manifestação artística é uma das formas mais belas de
expressão da essência humana. Na sequência, uma lista com as 10 histórias de
amor mais devastadoras da história da literatura. O destino de cada um dos
personagens já foi traçado, mas o nosso final ainda podemos mudar. O que
aprendemos com cada uma dessas histórias?
O amor, quando
agracia os humanos com sua bênção, geralmente deixa marcas e experiências para
a vida inteira. Muitos casais cometem erros grotescos na arte de amar e a
experiência do outro muitas vezes pode servir de inspiração para nós, ainda que
seja para que não cometamos os erros alheios. Nesta lista foram selecionadas 10
obras que nos ensinam verdadeiras lições sobre o relacionamento a dois.
#1 Otelo, o mouro de
Veneza, de William Shakespeare
A inveja secreta e o
ódio que Iago alimenta por Otelo é o grande elemento desencadeador da tragédia
do mouro, que culmina matando Desdêmona, a mulher que ama. Tudo isso graças às
intrigas fomentadas por Iago, o falso amigo de Otelo. Com essa obra,
Shakespeare nos mostra que nem todos os supostos amigos que nos rodeiam são
realmente o que mostram ser. Relacionamentos felizes podem estar sujeitos ao
ódio de pessoas que fingem ser o que não são. Com a experiência de Otelo
aprendemos que nem todo amigo bem intencionado é amigo, e menos ainda bem
intencionado. E que amar pressupõe confiar.
#2 O amor nos tempos
do cólera, de Gabriel García Márquez
Dizem que o amor da
vida, apesar de ser para a vida inteira, é aquele com quem não ficamos juntos
para sempre. Não é o que nos ensina O amor nos tempos do cólera, de
Gabriel García Márquez. No magistral romance contado pelo autor colombiano
conhecemos a história de Florentino, um homem que espera a vida inteira pelo
reencontro com sua amada Fermina. Após envelhecer com a esperança de
concretizar este amor, Florentino a reencontra e pode viver o amor sonhado ao
longo de uma vida. Com Gabo aprendemos que esperar por um amor de verdade vale
a pena quando amar é um sentimento puro.
#3 Caim, de José
Saramago
Na distopia
saramaguiana, o anti-herói Caim – personagem bíblico – sai pelo mundo após
cometer o terrível crime de matar seu irmão Abel e protagonizar uma briga
antológica com Deus. Ao chegar em um local nos confins do mundo Caim consegue
um emprego como amassador de barro. Lilith, a grande dona do povoado,
apaixona-se loucamente por Caim e, sem ligar para a opinião alheia, o coloca em
um posto temido por tantos: o de conjugue. Ao superar as convenções impostas,
Lilith nos ensina que o amor não possui barreiras sociais. Ensina mais: para
viver um amor é preciso despir-se das máscaras deste mundo.
#4 Ilíada, de Homero
Imagine um amor que
mobiliza o ódio de deuses e de humanos. Este é o amor de Paris por Helena. Em
um ato desafiador o jovem rapta a amada, gerando fúria em Menelau, o marido
dela. Vingativo, Menelau não deixa barato e convoca a maior armada já vista. O
propósito? Resgatar Helena e dar início a uma das guerras mais incríveis da
história da literatura. Com Ilíada entendemos que a presença do ser amado —
quando motivada pela vontade de estar junto — não pode ser algo furtado pelo
medo e pela covardia. Amar é para os corajosos.
#5 Bonsai, de
Alejandro Zambra
Um amor tão realista
que quando abrimos as primeiras páginas do livro já nos damos conta que os
protagonistas estão predestinados ao fim. Emilia morre e Julio fica sozinho. É
a história da consciência do fim. E não é assim que acontece na vida real? O
realismo maximizado de Bonsai nos mostra a faceta mais crua da realidade
amorosa: É necessário aproveitar cada momento com o ser amado, pois o fim é uma
certeza e já está determinado como um carimbo em nossa certidão de nascimento.
#6 PS. Eu te amo, de
Cecelia Ahern
Ao morrer
prematuramente o jovem Gerry deixa uma série de cartas para sua amada Holly,
que se encontra, tal como Gerry supunha, arrasada pela tristeza e pela dor da
perda. A ideia? Conduzi-la a superar o terrível vazio deixado por sua ausência.
Ao ler cada uma das cartas Holly consegue seguir um itinerário genialmente
traçado por Gerry, que a leva a (re)descobertas incríveis. Em PS.: Eu te amo
fica a lição de que o amor verdadeiro não é egoísta, é preocupado e nunca
morre.
#7 Dom Casmurro, de
Machado de Assis
Em Dom
Casmurro percebemos um sujeito completamente obstinado em suas
tortuosas ideias fixas. Em uma das tramas mais intrigantes da história da
literatura brasileira, Bentinho – o personagem principal – duvida da fidelidade
de Capitu, sua esposa. A paternidade de seu filho é posta em dúvida quando o
casmurro percebe que o filho possui semelhanças notáveis com seu amigo Escobar.
E é justamente a morte de Escobar que põe Bentinho em um oceano de dúvidas. Ao
seu ver, Capitu porta-se diante do corpo de Escobar como uma verdadeira viúva.
A verdade ficcional jamais saberemos. Mas sabemos que a dúvida é um ácido
corrosivo que afunda toda e qualquer relação humana. Não é possível viver um
amor em meio ao caos de infinitos pontos de interrogação.
#8 A Rainha do Sul,
de Arturo Perez-Reverte
Tereza Mendonza é uma
jovem mexicana que vive os encantos da vida a dois com El Güero, um piloto de
avião que trabalha para um grupo narcotraficante de Culiacán. Ao descobrir que
mataram seu amor, Tereza troca o diário com informações sigilosas de Güero por
uma vida (supostamente) tranquila ao sul da Espanha. Lá, após passar por
constrangimentos e situações perigosas, se transforma na rainha do narcotráfico
da região sul, entre Melilla e Algeciras. Tereza foi criada em uma sociedade
violenta e joga com as possibilidades que a vida lhe dá, mas mantém em si a
essência de um coração puro. Güero não foi o único amor da vida de Mendoza, mas
a morte dele desencadeou uma situação catastrófica que acarretou em uma forte
transformação na vida da protagonista. Com Tereza Mendoza aprendemos que tudo
na vida é impermanente, inclusive a permanência. O amor é bom, mas a qualquer
momento a sorte pode mudar.
#9 A Celestina, de
Fernando de Rojas
Ainda no período
medieval espanhol, o jovem Calixto se apaixona pela linda Melibea. O caminho
mais fácil de aproximar-se do coração da donzela? Uma velha alcoviteira com
fama de feiticeira chamada Celestina. Em uma sociedade que demoniza certos
tipos sociais, a via mais fácil se mostra como o caminho mais difícil. Ao final
tudo termina em morte e dor. Com a trágica história do apaixonado casal
espanhol entendemos que o amor não precisa de atalhos e muito menos de
emissários.
#10 O morro dos
ventos uivantes, de Emily Brontë
Após sofrer longas
humilhações em decorrência de sua origem humilde, Heathcliff é rechaçado por
Catherine, a mulher que ama. Esta, por sua vez, casa-se com Edgar, um homem que
podia dar-lhe boas condições financeiras. Após muitos anos, ao enriquecer e
retornar ao ponto em que tudo começou, Heathcliff planeja uma terrível
vingança. Em meio a isso Catherine morre e a vida de Heathcliff ruma a um fim
triste e solitário. Como realização de seu desejo último, Heathcliff é
enterrado junto ao corpo de Catherine. Uma possível lição desta máster
piece? A vida é curta demais e o amor não espera por nossos caprichos.
* A lista acima foi
organizada de acordo com as preferências de leitura do autor do texto. Toda
seleção pressupõe infinitas exclusões. Coloquem nos comentários as histórias de
amor favoritas de cada um de vocês ;-)
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