sábado, 13 de junho de 2015

10 INCRÍVEIS ANIMAIS TRANSPARENTES

Natureza 

Ella DaviesDa BBC Earth


Conheça as criaturas que evoluíram para a transparência para evitar predadores, sobreviver a baixas temperaturas ou atrair presas.

'Polvo de vidro'

Vitreledonella richardi, chamado em inglês de polvo-de-vidro, é uma das criaturas mais misteriosas do mundo. Trata-se de uma espécie elusiva, que vive nas profundezas do oceano e que fica praticamente invisível dentro d'água. Apenas seus órgãos digestivos e olhos são opacos.
Diferentemente dos olhos grandes e arredondados de outros habitantes de águas profundas, esse polvo tem olhos que parecem retangulares – são, na realidade, tubos cilíndricos eficientes que apontam para cima para captar a luz natural residual vinda do céu.
O formato dos olhos ajuda o polvo a se camuflar no meio do oceano, onde não há esconderijos. Isso porque, vistos de baixo, eles formam uma sombra bem menor do que os olhos de outros polvos.
'Rã de vidro'
  



Os anuros da família Centrolenidae também são chamados de "rãs-de-vidro", em inglês, por causa de sua pele transparente. São encontrados nas Américas do Sul e Central, principalmente nas florestas.
Muitas das 100 espécies da família têm barrigas translúcidas, que permitem enxergar o contorno dos órgãos, ossos e vasos sanguíneos.
Em algumas espécies, os ossos visíveis são verdes, enquanto em outras os órgãos também são translúcidos. As costas são de um verde vivo, o que ajuda o animal a se disfarçar entre as folhas e copas das árvores.
Uma nova espécie chamada Hyalinobatrachium dianae foi descoberta em 2015 por Brian Kubicki e seus colegas do Centro de Pesquisas sobre Anfíbios da Costa Rica. A cor verde-limão da rã lembra Caco, o Sapo, do Muppet Show, e o animal emite um coaxo longo e metálico.
Medusa-da-lua



Sob os flashes de algum fotógrafo submarino, a medusa-da-lua (Aurelia aurita) parece um globo luminoso. Mas seu nome está relacionado aos quatro órgãos reprodutivos em forma de ferradura que são visíveis na estrutura superior em formato de "guarda-chuva", o disco.
Nos machos, esses órgãos são brancos. Nas fêmeas, rosados.
Essa água-viva é um dos animais transparentes mais facilmente reconhecidos, principalmente nas praias da Europa.
A criatura flutua perto da superfície do mar, onde aprisiona plâncton com sua superfície rica em muco e os move até sua boca.
O animal também espalha seus tentáculos sob a água para tentar agarrar refeições maiores. Os tentáculos e a borda do disco são cobertos de células que podem paralisar pequenos peixes.
A medusa-da-lua em geral não provoca muita dor quando entra em contato com seres humanos, mas costuma causar outros tipos de problemas. Muitas usinas nucleares tiveram que fechar seus reatores depois que seus sistemas de ventilação foram inundados por esses animais.
'Cyanogaster notívaga'


Esse peixe é uma descoberta relativamente recente e, por isso, ainda não ganhou um nome popular. Ele foi batizado em latim com algo que significa "um ser de barriga azul que vagueia pela noite".
Isso já dá pistas sobre a aparência e o comportamento desses animais. Mas deixa de fora o fato de que, exceto pelo abdômen e a cabeça, ele é quase completamente transparente – principalmente os mais jovens, o que os ajuda a se disfarçar antes de chegarem à maturidade.

Descoberto no rio Negro em 2011, o C. noctívaga atinge até 1,7 centímetros – apenas 7 milímetros a mais do que o menor peixe do mundo,  Paedocypris progenética, que vive em Sumatra.
Foi uma descoberta surpreendente, já que os cientistas acreditavam que o maior tributário do rio Amazonas já tinha sido totalmente explorado.
Depois disso, os pesquisadores encontraram mais espécimes no Museu de Zoologia da USP, onde estavam arquivados sem serem identificados por 30 anos.
'Noz-do-mar'


Se uma criatura se move lentamente, não tem olhos nem cérebro e basicamente se parece com uma gota transparente, ela praticamente pode ser chamada de "noz-do-mar".

Mnemiopsis leidyi recebeu seu nome comum por causa de sua aparente falta de vida.
Não se trata de uma água-viva, mas de um exemplar do filo das águas-vivas-de-pente. Em vez de se moverem por jatos de propulsão, essas espécies são mobilizadas por fileiras de estruturas microscópicas que vibram e se parecem com um pente.
A noz-do-mar é transparente, mas nela, essas finas estruturas se iluminam em várias cores. O animal também emite um brilho bioluminescente verde-azulado, usando células especiais chamadas fotócitos.
Ele usa esses "pentes" para agarrar suas presas, empurrando água cheia de plâncton diretamente para sua boca. São predadores tão vorazes que podem interferir na cadeia alimentar dos habitats que ocupam, competindo com peixes pelas algas microscópicas.
'Borboleta de asas de vidro'


Enquanto as borboletas são famosas por suas cores vibrantes e chamativas, usadas para comunicação e acasalamento, algumas espécies preferem ser mais discretas, escondendo suas cores sob as asas para evitar predadores.

Mas nenhuma delas é tão radical quando a "borboleta-de-asa-de-vidro" (Greta oto), que pode ser encontrada na América Central. Como seu nome diz, suas asas são transparentes.
Ao contrário da maioria das borboletas, esta espécie não apresenta escamas em boa parte de suas asas, oferecendo "janelas" para o fundo sobre a qual estão pousadas.
Outro aspecto impressionante é a maneira como as asas refletem tão pouca luz que nem mesmo um mínimo movimento indica a presença do animal.
Um estudo realizado este ano descreveu como as asas dessas borboletas são formadas por minúsculas estruturas parecidas com colunas de vários formatos e tamanhos, arranjadas de maneira aleatória. É isso o que possibilita o mínimo de reflexo – e poderá ser um dia aplicado para criar telas mais eficientes para computadores, tablets e smartphones.
Esponjas-de-vidro


Apesar de várias espécies de animais transparentes serem comparadas com vidro, a única que é mais precisa é essa classe esponjas, cujo esqueleto é feito de sílica – o principal material usado na fabricação do vidro.

Os corpos rígido das esponjas-de-vidro ficam implantados no leito do mar. A espécie conhecida como "vaso-de-vênus" (Euplectella aspergillum) vive nas águas frias do oeste do Pacífico, a até 1 mil metros de profundidade. Elas podem se acumular e formar uma coluna de até 25 metros.
Seu formato se parece com um elaborado vaso. Para se alimentar, a esponja suga água através de seus tecidos e filtra partículas de alimentos.
Quando retirados do mar, essas esponjas adquirem uma cor pálida e opaca.
'Borboletas-marinhas'



As "borboletas-marinhas" (subordem Thecosomata) são, na realidade, moluscos marinhos que se adaptaram à vida perto dos polos.
Em vez de usar seu pé para rastejar pelo fundo do mar, esse animal os utiliza para nadar. O membro é dividido em dois lóbulos e parece com um par de asas transparentes que "batem" ao se movimentar. Daí o nome desse molusco.
As espécies de borboleta-marinha que ainda conservam suas conchas conseguiram torná-las completamente transparentes.
O animal se alimenta ao produzir uma rede de muco sobre suas asas para aprisionar partículas de comida. Essa rede pode chegar a um tamanho cinco vezes maior que o do próprio molusco. Para comer, ele suga toda essa rede e recupera os nutrientes usados para produzi-la.
Cientistas acreditam que as borboletas-marinhas compõem mais do que 50% do zooplancton do mar nas zonas polares, alimentando-se de restos de uma variedade de animais – de arenques a focas.
'Camarão-fantasma'



A transparência é um look popular entre os camarões. Estes pequenos crustáceos evoluíram para isso com o objetivo de se tornarem invisíveis aos predadores. O termo "camarão-fantasma" é aplicado a vários grupos desses animais – e o maior deles é o gênero Palaemonetes.

Existem mais de 40 espécies diferentes de Palaemonetes, vivendo em água doce ou salgada, em todo o mundo. Algumas vezes também são chamadas de "camarões-de-vidro", por causa de seu exoesqueleto translúcido.
Muitos camarões-fantasmas são cultivados em aquários porque eles se alimentam de detritos e limpam o tanque. Algumas espécies são tão claras que é possível ver a comida dentro de seus estômagos. As ovas verdes também podem ser vistas nas barrigas das fêmeas.
Os olhos são uma das poucas partes opacas desses animais.
'Peixe-gelo antártico'


Vivendo a 10 metros de profundidade, no Oceano Antártico, onde a temperatura beira os - 2ºC estão peixes que parecem feitos de gelo. O "peixe-gelo antártico" está tão bem adaptado a essas águas que possui até uma proteína anticongelante em seu sangue e outros fluidos corporais.

Esse peixe, pertencente à subordem  Notothenioidei é pálido. Alguns têm uma pele translúcida. Em uma família, a dos chamados "peixes-gelo-crocodilos", até o sangue é branco, já que não possuem hemoglobina.
Cientistas acreditam, no entanto, que isso se trata de um erro evolucionário. Com seu sangue claro, o peixe-gelo só consegue transportar o equivalente a 10% do oxigênio transportado por peixes com sangue vermelho. Para compensar, seus corações são maiores, assim como sua rede de vasos sanguíneos.

O peixe-gelo domina as águas antárticas, formando 35% da biomassa. Mas o rápido aquecimento do mar pode colocá-lo em risco de extinção.

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