História antiga
Múmia egípcia
Uma múmia é um cadáver,
cuja pele e órgãos foram preservados intencional ou
acidentalmente pela exposição a produtos químicos, frio
extremo (múmias de gelo), umidade muito baixa e etc. Atualmente, o mais antigo cadáver humano
mumificado (naturalmente) descoberto foi uma cabeça decapitada, com cerca de
6000 anos, encontrado em 1936. As
múmias mais famosas são as egípcias, destacando-se as dos faraós, Tutancâmon, Seti
I e Ramsés II, embora a
primeira múmia egípcia conhecida, apelidada de "Ginger", remonta a
cerca de 3300 a.C..
Múmias
humanas de outros animais têm sido encontradas em todo o mundo, tanto
como resultado da preservação natural através de circunstâncias incomuns, como
pelo uso de artefatos culturais para preservar os mortos; por exemplo, há mais de 1.000 múmias preservadas pelo
clima seco em Xinjiang na China, e mais de um milhão de múmias de animais foram encontrados no
Egito, muitos dos quais são gatos.
Múmia
natural de Guanajuato, México.
As múmias naturais são muito raras, pois são
necessárias condições específicas para a sua formação, entretanto este processo
produziu as múmias mais antigas conhecidas. A múmia mais conhecida é Ötzi the
Iceman, congelado em uma glaciação, nos alpes Ötztal, em torno de 3300 a.C. e
foi encontrada em 1991. Uma outra múmia mais antiga, no entanto menos
preservada, foi encontrada em Nevada, EUA em 1940, e foi datada com carbono-14
em torno de 7400 a.C.
Em alguns países da Europa, como Reino Unido,
Alemanha, Suécia e Dinamarca possuem regiões pantanosas, chamadas de bogs.
Nestes terrenos a acidez da água, as baixas temperaturas e a falta de oxigênio
são combinados para curtir os tecidos moles dos corpos escondidos nas águas,
normalmente sacrifícios rituais e assassinatos. Tais
múmias são extremamente bem conservadas,
normalmente os esqueletos se decompõe, mas em alguns casos é possível
determinar última refeição do conteúdo estomacal.
Em 1972,
foram descobertas oito múmias extraordinariamente bem conservadas em uma
comunidade Inuit, chamada Qilakitsoq, na Groelândia. As
"Múmias da Groelândia" é um grupo formado por um bebê de seis meses,
um garoto de quatro anos e seis mulheres de várias idades, que morreram há
aproximadamente 500 anos. Os corpos foram mumificados por causa das
temperaturas abaixo de zero e os ventos secos que cercam a caverna onde foram
encontrados.
"A
Donzela" é uma múmia que faz parte de um achado arqueológico chamado Crianças
de Llullaillaco. Na foto, a Donzela na província de Salta (Argentina).
Algumas das mais bem preservadas múmias datam do
período Inca no Peru, há 500 anos atrás, quando crianças
sacrificadas em ritos eram colocadas nos picos das montanhas da Cordilheira dos
Andes. O clima frio e seco age na preservação dos corpos.
No estado de Guanajuato, México foram descobertas
múmias em um cemitério da cidade chamada Guanajuato, a nordeste da Cidade
do México. Estas são múmias modernas acidentais e foram literalmente
desenterradas entre os anos de 1896 e 1958, quando o governo local exigia o
pagamento de uma espécie de taxa. As múmias de Guanajuato estão expostas no
Museu de las momias em uma colina com vista para a cidade.
Sarcófago do Faraó múmia
Ramsés
Exemplos de múmias naturais
Todas as múmias do Antigo Egito durante as culturas Naqada.
Ötzi, habitante dos Alpes italianos da Idade do Cobre.
Homem de Galera.
Homem de Cherchen.
Homem de Tollund, (Dinamarca), Idade do Ferro
Homem de Lindow, (Inglaterra), Idade do Ferro
Homem de sal, minas de sal de Chehrabad, Zanjan, Irã.
Múmias de São Bernardo, Cundinamarca, Colômbia.
Múmias de Guanajuato, México.
Múmias das Turberas
Múmia no Museu
Britânico.
Mumificação é
o nome do processo aprimorado pelos egípcios em que retiram-se os
principais órgãos, dificultando assim a sua decomposição. Geralmente, os corpos são colocados
em sarcófagos de pedra e envoltos por faixas de algodão ou linho.
Após o processo ser concluído são chamadas de múmias. O processo de mumificação
durava cerca de setenta dias.
A mumificação era
um processo bastante complexo e demorado.
O sacerdote (embalsamador) começava por
retirar o cérebro do morto, com um gancho, por meio das narinas. Depois,
faziam um corte no lado esquerdo do corpo, retirando os órgãos, que eram
colocados em vasos próprios e guardados no túmulo, à exceção do coração,
que, por ser necessário na outra vida, era recolocado no seu lugar.
Então, o
corpo era coberto com natrão (cristais de sal) e deixado a secar
durante setenta dias. Após esse processo, as cavidades eram cheias com
linho e substâncias aromáticas, e enrolava-se o corpo com ligaduras. Os olhos
eram cheios com linho ou pedras pintadas de branco. Também os animais de
estimação eram por vezes embalsamados e colocados em sepulturas próprias.
O Faraó morreu e o seu cadáver é
cozinhado até as carnes se desprenderem dos ossos. Os ossos são
pintados de vermelho, enfaixados, fazendo-se uma estocagem na múmia
com gesso. Pinta-se o retrato da pessoa na própria múmia. E esta se forma
ao mesmo tempo em uma estátua Ka, ou seja, uma estátua que vai abrigar a alma do morto. Deixavam o corpo
ao Sol, pois acreditava-se que o Sol era o principal deus e
traria luz para a alma.
Múmia
peruana no Convento do Carmo, em Lisboa.
Múmia
guanche de Tenerife (no Museo de la Naturaleza y el
Hombre de Santa Cruz de Tenerife).
Este é o processo que mais conhecemos e o que se
tornou mais utilizado. Para o Faraó, para a nobreza e pessoas mais ricas,
era feita da seguinte forma:
O cérebro é tirado pelas narinas, através de um instrumento
curvo, mexe-se no cérebro que é uma massa mole, e este se liquefaz.
Injeta-sevinho de tâmara, ajudando a dissolver mais o cérebro.
Vira-se o morto e o cérebro escorre pelas narinas
É aberta uma incisão no abdômen e todos os órgãos internos,
exceto o coração, são retirados, embalsamados e colocados em jarros chamados
de canopos. Em seguida, o corpo é preenchido com saquinhos de sal (Natrão)
e mergulhado em uma espécie de bacia um pouco inclinada com um furo de um lado,
para que seus líquidos escorram. Após isso, a múmia é literalmente enterrada
por 72 dias. O sal absorve todo o líquido do corpo. Após estes 72 dias, o corpo,
que está escurecido e ressecado, é retirado. Enxertam-se resinas, aromas, perfumes,
bandagem, pó de serra, isto para dar a conformação do corpo. Depois disto,
a abertura no abdômen é costurada, e é colocada uma placa mágica,
geralmente com o desenho dos Quatro filhos de Hórus e de seu olho;
Começa,
então, o processo de enfaixamento com metros e metros de tiras de pano de linho
com goma arábica, até fazer a composição que vemos nas múmias. A cada volta, colocam-se amuletos e
colares. Assim a múmia está pronta para o enterro, sendo que no caso
do Faraó este enterro era acompanhado de um extenso ritual, repleto
de encantamentos, realizado por sacerdotes.
Dão uma injeção de essências e de vinhos corrosivos
através do ânus, põe uma espécie de tampão e depois de alguns dias tiram-no o
que dissolveu. Então eles enfaixam a múmia e devolvem o corpo para os
parentes.
Quando as
múmias foram encontradas, muitas foram comercializadas e quando o comércio
delas acabou e ninguém mais se interessava em comprá-las, alguns ladrões
de túmulos decidiram triturar as múmias e comercializá-las como pó
para fazer chá. Muitas pessoas adquiriram este pó achando que
haveria algum poder de cura para seu tipo de doença.
A mumificação também
é um fenômeno natural, sendo o resultado
de cadáveres que são enterrados em terreno seco, quente e arejado. O cadáver
sofre uma desidratação rápida e intensa, e o corpo não
entra em decomposição, pois a fauna cadavérica não resiste e a pele
do cadáver fica com aspectos de couro. Um exemplos de mumificação natural ocorreu em Buenos Aires, quando
o corpo de María Cristina Fontana foi encontrado em sua residência, em 2014,
depois de mais de dois anos em que o seu corpo ficou estendido no chão do seu
aposento, sem nenhum contato humano e naturalmente mumificou-se.
Em 2011 o
britânico Alan Billis (ex-taxista de 61 anos de idade), tormou-se o primeiro
ser humano mumificado (conforme o processo egípcio) após 3.000 anos. Alan foi
diagnosticado com um câncer terminal e ofereceu o seu corpo para que
uma pesquisa/documentário do canal Channel 4 fosse realizado. O
pesquisador Stephen Buckley realizou o processo aos moldes dos
mestres egípcios e após três meses de trabalho, foi concluído a primeira
munificação após três mil anos. O documentário recebeu o nome de: "Mummifying
Alan: Egypt's Last Secret" (em português: "Mumificando Alan: O
Último Segredo do Egito").
A descoberta por Howard Carter do túmulo totalmente
intacto do faraó Tutancâmon é a mais famosa de todas, pois,
quando ela foi descoberta, todo o tesouro enterrado com este faraó
estava do modo como fora colocado havia milhares de anos. Algo impressionante e
confuso, pois os ladrões de túmulos não a haviam encontrado
e nada havia sido tocado.
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