Construído
para abrigar a Arca da Aliança. Dele só resta o Muro das Lamentações
O Templo de Salomão (no hebraico:
בית המקדש, transl. Beit
HaMiqdash), foi, segundo a Bíblia hebraica, o primeiro Templo em
Jerusalém, construído no século XI a.C., e teria funcionado como um local
de culto religioso judaico central para a adoração a Javé (Jeová),
Deus de Israel, e onde se ofereciam os sacrifícios conhecidos como korbanot.
O rei Davi,
da tribo de Judá, desejava construir uma casa para Javé (YHWH),
onde a Arca da Aliança ficasse definitivamente guardada, ao invés de
permanecer na tenda provisória ou tabernáculo, existente desde os dias de Moisés.
Segundo a Bíblia, este desejo foi-lhe negado por Deus em virtude
de ter derramado muito sangue em guerras. No entanto, isso seria permitido ao
seu filho Salomão, cujo nome significa "paz". Isto enfatizava
a vontade divina de que a Casa de Deus fosse edificada em paz, por um homem
pacífico. (2 Samuel 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crónicas 17:1-14; 22:6-10).
Davi comprou a eira de Ornã ou Araúna,
um jebuseu, que se localizava monte Moriah ou Moriá, para que ali
viesse a ser construído o templo. (2 Samuel 24:24, 25; 1 Crónicas 21:24, 25)
Ele juntou 100.000 talentos de ouro, 1.000.000 de talentos de prata, e cobre e
ferro em grande quantidade, além de contribuir com 3.000 talentos de ouro e
7.000 talentos de prata, da sua fortuna pessoal. Recebeu também como
contribuições dos príncipes, ouro no valor de 5.000 talentos, 10.000 daricos e
prata no valor de 10.000 talentos, bem como muito ferro e cobre. (1 Crónicas
22:14; 29:3-7) Salomão não chegou a gastar a totalidade desta quantia na
construção do templo, depositando o excedente no tesouro do templo (1 Reis
7:51; 2 Crónicas 5:1).
O Rei Salomão começou a construir o templo no
quarto ano de seu reinado seguindo o plano arquitetônico transmitido por Davi,
seu pai (1 Reis 6:1; 1 Crónicas 28:11-19). O trabalho prosseguiu por sete anos.
(1 Reis 6:37, 38). Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hiram ou Hirão,
o rei de Tiro, forneceu madeira do Líbano e operários
especializados em madeira e em pedra. Ao organizar o trabalho, Salomão convocou
30.000 homens de Israel, enviando-os ao Líbano em equipes de 10.000 a cada mês.
Convocou 70.000 dentre os habitantes do país que não eram israelitas, para
trabalharem como carregadores, e 80.000 como cortadores (1 Reis 5:15; 9:20, 21;
2 Crónicas 2:2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou 3.300 como
encarregados da obra. (1 Reis 5:16)
Salomão mandou entalhar grandes pedras (1 Reis
5:15) que eram encaixadas umas nas outras, de forma que não se usavam
ferramentas para entalhar na obra (não se ouviam martelos ou instrumentos de
ferro na obra).
No templo se utilizava escada tipo caracol para
subir aos dois pavimentos superiores (1 Reis 6:8).
Foi um período extremamente prospero para a nação,
neste período Salomão passa a criar cavalos, institui trabalhos forçados para
os nativos da terra (cananeus) contrariando as ordenanças de Deus escrita no
livro de Deuteronômio 17:14 a 17:20 chegando na terra prometida.
Este período de prosperidade só foi possível após
as guerras vencidas por Davi, seu pai, conforme relata o próprio Salomão em 1
Reis 5:3, esta foi a forma de Javé não dar condições para Davi realizar a obra.
O templo tinha uma planta muito similar à tenda ou
tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração ao Deus de Israel.
A diferença residia nas dimensões internas do Santo e do Santo dos
Santos ou Santíssimo, sendo maiores do que as do tabernáculo. O Santo
tinha 40 côvados (17,8 m) de comprimento, 20 côvados (8,9 m) de
largura e, evidentemente, 30 côvados (13,4 m) de altura. (1 Reis 6:2) O Santo
dos Santos, ou Santíssimo, era um cubo de 20 côvados (8,9 m)de lado. (1 Reis
6:20; 2 Crónicas 3:8).
Os materiais aplicados foram essencialmente a pedra
e a madeira. Os pisos foram revestidos a madeira de junípero (ou de cipreste segundo
algumas traduções da Bíblia) e as paredes interiores eram de cedro entalhado
com gravuras de querubins, palmeiras e flores. As paredes e o teto eram
inteiramente revestidos de ouro. (1 Reis 6:15, 18, 21, 22, 29).
Após a construção do magnífico templo, a Arca
da Aliança foi depositada no Santo dos Santos, a sala mais reservada do edifício.
Teria sido pilhado várias vezes e teria sido
totalmente destruído por Nabucodonosor II da Babilónia, em 586 a.C.,
após dois anos de cerco a Jerusalém. Os seus tesouros teriam sido levados
para a Babilónia e tinha assim início o período que se convencionou
chamar de Exílio Babilônico ou Cativeiro em Babilónia na história
judaica.
Décadas mais tarde, em 516 a.C., após o
regresso de mais de 40.000 judeus do Cativeiro Babilónico foi iniciada a
construção no mesmo local do Segundo Templo. À época de Jesus, o rei Herodes,
o Grande, querendo agradar aos judeus, reconstruiu o templo, que foi destruído
pelo general Tito em 70 d.C, pelos romanos, no seguimento da Grande
Revolta Judaica.
Hoje o que
resta, erguido, do Templo é o Muro das Lamentações, usado por judeus ortodoxos
como lugar de oração.
James
Ussher, bispo irlandês durante o século XVII, calculou que o Templo
de Salomão teve sua construção finalizada em 1004 a.C.; foi com
base nesta data, e na sua estimativa do ano 4 a.C. para o nascimento de Jesus
Cristo, que ele estipulou que a criação deveria ter ocorrido em 4004 a.C.,
e fixou a data da criação no que seria a época inicial do calendário hebraico
proléptico para este ano, ou seja, no pôr do sol que antecedeu o dia 23 de
outubro de 4004 a.C.
Desenho do Templo de Salomão, por Isaac Newton.
Newton, em sua proposta para reformar a cronologia
antiga, datou a construção do templo em 1015 a.C.. De acordo com seus
cálculos, todos os demais templos do mundo, inclusive as pirâmides do
Egito, construídas entre 901 a.C. e 788 a.C., e os templos da
Grécia, Mesopotâmia e Pérsia, foram construídos depois do templo de Salomão.
Newton se
baseou nos textos da Bíblia, principalmente na visão de Ezequiel (Ezequiel
9:5), para descrever o templo de forma detalhada.
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