quinta-feira, 11 de junho de 2015

QUANDO VOCÊ VAI ATRAVESSAR O RUBICÃO?

 

  
Passando por entre artes e exatas, as palavras sempre fizeram morada em mim.”

Publicado em recortes por Camilla Trigo
   
Janeiro de 49 a.C. o general Júlio César tomou a iniciativa de atravessar o rio Rubicão, seguido pelo seu exército, indo contra a lei do Senado que determinava guerra toda vez que o general de Roma entrasse na Itália pelo Norte. A sorte foi lançada nessa ocasião para o estabelecimento do Império Romano. Mas e você, quando irá atravessar o Rubicão imposto pela sua própria vida?


Júlio César, general estadista romano, sabia que a partir do momento que atravessasse o rio Rubicão estava declarando uma Guerra Civil contra Pompeia, e por esse motivo só restavam duas opções, ou conquistava Roma ou então seria esmagado por Pompeu. Essa guerra foi a segunda da República Romana e a decisão de Júlio César que fez com que se firmasse o Império Romano.
Por mais que as dúvidas da travessia amedrontassem o não somente general, mas também estadista, historiador, orador e legislador romano, considerado um dos homens mais cultos de seu tempo, ele teve a coragem de atravessar aquilo que era desconhecido. Não se sabia se haveria êxito ou derrota em sua ação, simplesmente ele se lançou para conquistar aquilo que acreditava, da forma que acreditava.
Em diversos momentos precisamos começar a nós perguntar quando iremos atravessar o Rubicão da nossa própria vida. Podemos entender como o Rubicão todas as fronteiras que aparecem para nós, mesmo quando são fronteiras meramente imaginárias. São nossos monstros, os nossos medos cruéis que nos invadem de uma forma obscura e nos fazem ficar paralisados. Mas nesses casos temos que tomar coragem e revidar de alguma forma. E recuar não deve ser visto como uma opção.



A partir daí começamos a nós perguntar apenas quando vamos atravessar os obstáculos, saindo da zona de conforto da aparente aceitação. Seja o medo, o luto, a insegurança, um fato imensamente desolador. Existem pessoas que resolvem ficar paradas e não atravessar jamais o seu Rubicão. O desconhecido, por vezes (ou sempre), parece mais assustador que o próprio estado atual, então começamos a nos petrificar. Ficamos intactos, com nossos medos e angústias. Vivemos uma vida superficial, esquecemos inclusive do nosso poder de mudança. Começamos a nos tornar passivos dentro da nossa própria vida, ao invés de criar coragem e atravessar o que é necessário ser atravessado (e só nós podemos saber o que é).
Todos têm seu tempo, mas ele não pode ser utilizado de forma exageradamente complacente, pois dentro do tempo existem mais outros milhares de tempos e eventos que esperam por nós. É como a queda das peças de dominó quando organizadas. Um evento que entrelaça em outro e assim por diante. Quando estáticos na vida, perdemos o que nem ganhamos (por mais louco que isso possa parecer!).
Atravessar o Rubicão pode parecer difícil, mas ainda existirão muitos outros para se atravessar. A busca pelo desconhecido passa a ser muito mais interessante e dinâmica que puramente medrosa. Aliás, após algum período até o medo passa a ser uma ferramenta mais de coragem do que de trava. Pensar o que se pode obter da vida atravessando dificuldades ao invés de pousar nelas. “...curtir as pedras do poço. O limo do poço”, como nos coloca Caio Fernando Abreu em Os Poços, não deve ser uma situação vista como estável. Toda crise ou todo momento antes de uma decisão deve ser encarada de forma a se aproveitar o máximo daquilo, mesmo que “aquilo” seja algo desagradável, pois também crescemos com os fatos ou momentos ruins. Mas nenhum sofrimento deve ser endeusado a ponto de se viver nele para sempre.
Por isso, talvez, você só precise de uma coragem insana de alguns segundos para atravessar o Rubicão, mesmo de forma árdua, e poder continuar os caminhos diversos da vida. Depois disso, outros Rubicões serão apresentados e, no meio disso tudo, amadurecimento será colhido e, com o tempo, uma história será contada, não somente com dificuldades, mas com conquistas. Existe sempre um pouco de César em cada um de nós, e...
Alea jacta est !


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