sexta-feira, 10 de julho de 2015

O DINHEIRO É DO MEU BEBÊ

Por
Luiz Holanda

Considerada ex-segunda dama do país, a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, já mandou e desmandou muito no governo, assim como em outros órgãos e poderes da República. Sua história junto ao ex-presidente Lula começou nos anos 90, na época em que ela integrava o sindicato dos bancários no ABC paulista. Dizem que sua aproximação com Lula começou com uma simples frase: “Sou sua fã”.


A partir daí formou-se uma união que, segundo a imprensa, foi muito íntima. Tão forte que um colunista de uma importante revista disse numa entrevista que os jornalistas deviam “dispensar-se de cautelas farisaicas e contar o que muitos sabem desde o século passado”, ou seja, que dona “Rosemary Noronha era mais que amiga de Lula.  Era amante”.
A afirmação do jornalista foi confirmada pela própria, conforme reportagem da revista Época, que disse que dona Rose, como era carinhosamente chamada, se apresentava em muitas ocasiões como a “namorada de Lula”. Como a situação entre ambos já estava causando certos constrangimentos, o ex-presidente a mandou para o escritório de São Paulo. Mas isso não a impediu de continuar viajando com a comitiva oficial nas viagens internacionais, inclusive se hospedando nas embaixadas brasileiras no exterior.

Como chefe da Procuradoria da República em São Paulo Rose tinha três auxiliares ao seu dispor e um motorista, tudo pago pelo cidadão-contribuinte-eleitor. Sua função principal era prestar apoio administrativo ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros do gabinete presidencial na capital paulista. Mas, pelo que veio a ser descoberto depois, sua função era muito mais do que isso.
Viajava com Lula pelo mundo afora quando dona Marisa Letícia não acompanhava o marido. Integrava a comitiva oficial, causando sérios problemas ao Itamaraty. Da data  em que conheceu Lula até à sua queda e o ostracismo, foram quase 20 anos, época em que ela casou duas vezes, sendo que o primeiro marido, José Cláudio Noronha, trabalhou na Casa Civil quando Zé Dirceu era o chefe.
De temperamento difícil, provocava inúmeras reclamações, feitas diretamente a Lula, que nada fazia contra a companheira. Por ocasião de sua internação para tratamento do câncer, ela sempre o visitava, mas só ia ao hospital quando dona Marisa não estava. De tão influente e poderosa, foi acusada de ter usado o poder para fazer negócios escusos. Tinha até cartão corporativo, podendo gastar o que quisesse. O Superior Tribunal de Justiça chegou a ordenar a divulgação dos seus gastos com esse cartão, mas o Planalto, para não atender à ordem judicial, decidiu classificar as informações como de “Segurança Nacional”.
Portadora de passaporte diplomático podia levar consigo qualquer bagagem, que seria considerada mala diplomática, livre de inspeção em qualquer alfândega do mundo. Entretanto, na Europa, mesmo que a bagagem não possa ser aberta, o portador é obrigado a dizer se nela contém valores em espécie, segundo a legislação da zona do euro. Em uma de suas viagens a Portugal dona Rosemary, indagada pelas autoridades alfandegárias o que levava na mala, declarou que carregava 25 milhões de euros para serem depositados no Banco do Espirito Santo (BES).
Segundo o deputado Anthony Garotinho, que divulgou o ocorrido, as autoridades, preocupadas com a grande quantidade de dinheiro, sugeriram, por medida de segurança, que ela contratasse um carro forte para transportá-lo. Nessa ocasião, considerando que a transportadora exigiu o seguro para o transporte, dona Rose foi obrigada a preencher uma declaração com a quantia e a titularidade dos recursos. Esse documento está arquivado na Alfândega Internacional Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto. Foi aí que ela, segundo a imprensa e o próprio deputado, identificou o seu bebê como o dono do dinheiro.

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