Uma história sem prólogo nem epílogo
Vista parcial da Rua Chile: A PASSARELA DA VAIDADE de SALVADOR
A
propósito: semana passada postamos matéria sobre os 113 anos da Rua Chile.
Neste instante, com o intuito de homenageá-la, falamos da sua influência no
seio da sociedade baiana revivendo sua história através do texto da lavra do
escritor que nomeia este Blog.
Luiz
Carlos Facó
Noutros tempos, até meados do século passado,
Salvador era pouco conhecida. Raras pessoas se atreviam a dizer: vou à
Salvador. Era comum afirmar-se: vou à Bahia, como se ela fosse, de fato e de
direito, a Capital do Estado. Esse vício se espargia entre os que nos visitavam
pela vez primeira ou não, vindos de outras cidades do Brasil e exterior.
Exemplo
desse descuido é o que sobre a nossa cidade escreveu Pablo Neruda: “...uma
cinta de misterioso feitiço envolve a cidade da Bahia.”
Isso
ocorria também entre nossos conterrâneos quando se dirigiam do interior à
Capital em busca de lazer, reencontro com familiares, amigos ou ao encontro de
negócios, de entretenimento cultural, escasso em seus redutos, do polimento,
refinamento e dos modismos que a sociedade local era capaz de transmitir a quantos
dela se acercassem.
Por correlação, a Rua Chile padecia desse mesmo
sestro. Quando os soteropolitanos se encaminhavam ao centro da cidade, sempre
se referiam: vou à Rua Chile. Desprezavam dizer, dirijo-me à Praça Castro
Alves, à Rua Rui Barbosa, à d’Ajuda, à Praça Municipal ou a da Sé, logradouros
avizinhados àquela famosa via pública. Para eles todos aqueles sítios compunham
a famosa rua, pois de tão cantada e decantada, em prosa e verso, ela, em seus
devaneios, se alargara em limites geográficos através da anexação dos pontos,
becos e ruelas que a circundavam, tais quais os nossos sentimentos se isentam
de balizas ou fronteiras, voando livres somente carregados pelas asas dos
nossos sonhos.
Assim ela reinava plena e absoluta, engolfando todo
o centro histórico, indo da Praça Castro Alves ao Terreiro de Jesus.
Na verdade a Rua Chile já nasceu como o principal
caminho da cidade. Ela constava das traças de Salvador quando aqui aportou,
para construir, a mando de D. João III, a Capital do Atlântico Sul, Tomé de
Souza. Deu-lhe forma o mestre-de-obras Luiz Dias, mas não o nome. Este,
concedeu-lhe o povo. A princípio, chamaram-na Rua Direita do Palácio,
depois Rua dos Mercadores e, após outros onze batismos, ganhou a denominação
atual, em homenagem à Marinha Chilena, quando da visita da sua frota de guerra,
em 1902, à nossa cidade.
Palace Hotel
Sempre contemplei a querida Rua Chile com o olhar
do fascínio. Particularismos ela não os possuía. Eram quatrocentos metros de
avenida sem charmes arquitetônicos, urbanísticos, exceção feita ao prédio onde
se abrigava o Pálace Hotel, quiçá o Hotel Meridional. Contudo, havia nela um
encanto transcendente. Inexplicável. Onde tudo parecia luzir. Quem sabe se isso
não se devia por ela concentrar os quatro poderes em seu bojo: o Palácio Rio
Branco - fulcro da administração estadual - a Prefeitura e Câmara de
Vereadores, a Assembleia Legislativa e o Jornal “A Tarde”, do inesquecível Dr.
Ernesto Simões Filho? Ou por abrigar os melhores consultórios
médicos e escritórios de advocacia da Bahia, onde professores como Adriano
Pondé, Astor Baleeiro, Nelson Madureira, Aderbal Almeida, Jair Burgos, Maria de
Lourdes Burgos, Arnaldo Silveira e um sem número de sumidades ditavam cátedra?
Talvez por aglutinar em suas vertentes as lojas comerciais mais luxuosas de
Salvador: a Sloper, Clark, Duas Américas, de Armando Almendra, a Rialto, de
Joaquim Mattos, pai do general Mário Sérgio Mattos, o único baiano a alcançar o
oficialato no seu grau máximo, da Alfaiataria Londres, de Arquelau Pompílio de
Abreu, a Casa da Música, a Joalheria Nóvoa, a Nova América, da família Najar, o
Adamastor, pertencente ao pai do inesquecível Gláuber Rocha, desejoso em fazer
do filho seu sucessor nos negócios? Porventura por acolher a Gruta de Lurdes -
o famoso Café de Bernadete - e o Café das Meninas, o primeiro frequentado por
políticos, como Antônio Balbino, Tarcilo Vieira de Melo, Nelson Carneiro,
Josafá Marinho, Aloísio de Carvalho Filho, José Carlos Facó, Fernando Santana,
Aliomar Baleeiro, Orlando Ferreira Spínola, padre Palmeira, Antônio Carlos
Magalhães - este, segundo as más-línguas, jamais pagou um cafezinho para quem
quer que fosse - jornalistas respeitabilíssimos, como Vasconcelos Maia, Wilson
Lins, Adroaldo Ribeiro Costa, Aristóteles Gomes, Berbert de Castro, Geovanni
Guimarães, Junot Silveira, Walfrido Morais e grande parte da intelectualidade e
artistas locais, representados nas pessoas de Jorge Amado, Adonias Filho, José
Calazans, Mário Cabral, Estácio de Lima, Sante Scaldaferri, Mirabeau Sampaio,
Carlos Bastos, Mário Cravo Júnior, sendo o outro café preferido pelos
cacauicultores, fazendeiros e comerciantes? Quem não me assegura que o
magnetismo dela não adviesse por agasalhar os bons restaurantes e fast-foods da
terra, a Confeitaria Chile, de Nicolas Deminco, a Cubana, propriedade dos
Amoedo Amoedo, senhora dos milk-shakes de chocolate e
baunilha, dos bolinhos cobertos com raspas de castanhas de caju, do banana-split,
da Pastelaria Triunfo, do Cacique, da Casa de Chá da Loja Duas Américas, onde a
partir das dezessete horas se apresentavam os pianistas Carlos Lacerda, meu
colega do Colégio Marista, Eduardo Ramos e o impagável humorista Zé Coió? Outra
hipótese que avento: teria sua hegemonia se firmado por ali se encontrar o
Cantinho da Música, casa que vendia os melhores lançamentos fonográficos da
época, as livrarias Civilização Brasileira, Universitária, o alfaiate Spinelli,
cunhador do famoso slogan: “Adão não se vestia porque Spinelli não
existia”? Será que tal superioridade se devia às casas noturnas que ali
pululavam, o Tabaris, o Rumba Dancing, Varandá, os prostíbulos do beco do
Curriachito, da Rua Rui Barbosa, da 28 de Setembro, do Buraco Doce, dos
inúmeros “castelos”, hoje nominados motéis, onde mulheres, de todas as nacionalidades,
idades e etnias ministravam aulas de “minete”, coito anal, “boquete” aos
iniciantes das práticas sexuais, até então, reprimidíssimas, pela retrógada
sociedade baiana? Menos, digo comprometido com a verdade, na Semana Santa
quando as mulheres-damas fechavam seus baús e os homens embainhavam os seus
facões. Quem sabe por agasalhar o Cine Teatro Guarani, no qual
representaram as companhias de Dulcina e Odilon, Procópio Ferreira, Jaime Costa
e a soprano baiana Alexandrina Ramalho, o Glória, o Liceu, o Art, o Excelsior?
Ou por deixar que em sua passarela brilhassem as figuras míticas do folclore
baiano, Jacaré, Cuíca de Santo Amaro e a Mulher de Roxo? Enfim, por lá
encontrar abrigo uma miríade de jovens talentosos e inquietos como João Ubaldo
Ribeiro, Gláuber Rocha, Fernando Perez, Hélio Contreiras, Helena Inês, Calazans
Neto, Sonia Coutinho, Hélbio Palmeira, Miriam Fraga, Joaci Góes, João Carlos
Teixeira Gomes, Julival Góes todos perseguindo um ideal, em busca de um lugar
ao sol?
Ei-la: impávida, colosso
Mesmo que todas essas suposições e questionamentos
tenham respostas afirmativas, como aduzo que terão, porquanto elas
personificavam a Rua Chile, aposto, sem medo de errar, que a aura dela, daquela
rua, se debitava muito mais à gente bonita e elegante que por ela transitava.
Aos dramas e tragédias, guardados a sete chaves, ali desenrolados, mas que, de
quando em quando, eram expostos por uma boca rota e malfalante. Aos amores e
paixões lá nascidos. Aos casamentos, considerados estáveis, em seus esconsos,
desfeitos, muitas vezes, pela maledicência, perfídia e cupidez dos seus
frequentadores, insistentes em desejar a mulher ou o homem do próximo. Ao
paroxismo da vaidade e da elegância, que naquela artéria excelia em grau
inimaginável, criando um paradigma autóctone, impossível de ser explicado.
Além, é claro, das discussões de toda ordem que lá se desembrulhavam.
Amistosas, diga-se de passagem, entre os diversos grupos, cotidianamente, ali
reunidos. Controvérsias essas pouco substantivas, bizantinas, direi melhor, mas
que davam oportunidades aos litigantes de desvendar a pequenez dos seus
conhecimentos ou a grandeza das suas erudições. Por isso, sem preocupações
maiores, naquele espaço democrático, discutia-se sobre Kant, Karl Max, Lenine,
Proust, Malthus, Alceu Amoroso Lima, Keynes, João Mangabeira, sobre a
guerra-fria, comunismo e democracia, política brasileira e local, acerca da
literatura nacional, da francesa, da inglesa e, invariavelmente e
primacialmente, sobre a vida alheia. Esse, um tema comum a todas as rodas.
Infelizmente.
Malgrado tal absurdo, todos os dias ocorria na Rua
Chile uma epifania profana. Parecia que toda Salvador lá se manifestava, numa
ressurreição, ansiosamente aguardada. Mulheres deslumbrantes,
cheirando a Chanel número 5, Fleur de Roccaille, de Caron, usando cópias de
vestidos criados por Cristian Dior, Jacques Fath, Denner. Adornadas por joias
caras e de bom gosto, visitavam-na. Igualmente o faziam senhores envergando
ternos produzidos com linho irlandês, tropical inglês, cobertos por chapéus
Panamá ou de feltro, apoiando-se em bengalas encastoadas com marfim e ouro. Os
jovens mancebos compareciam com uniformes escolares. Também as mocinhas, hoje
designadas de adolescentes, virgens sem dúvida! com saias rodadas, discretos
decotes, estes, quando existentes, disfarçados pelo uso de um bolero. Era raro
usarem um tomara-que-caia. Só as ousadas se atreviam a desfilá-los, e, quando o
faziam, invariavelmente eram estigmatizadas com a chancela de “programistas”.
Mas, convenho, mesmo quando comportadas, elas eram portadoras de faceirices
ímpares. Sublimes. Hipnotizadoras incomparáveis. À época, chamadas de
“brotinhos” em contraponto às mulheres na casa dos trintas anos alcunhadas de
“balzaquianas”. Hoje, na certa, preferiríamos as “balzaquianas” aos
“brotinhos”, ambas exaltadas em marchinhas carnavalescas: “...ai, ai, brotinho/
não cresça meu brotinho/ nem murche como a flor/ ai, ai, brotinho/ eu sou um
galho velho/ mas quero o seu amor...” ou “...não quero broto/ não quero, não quero
não/ não sou garoto pra viver de ilusão/ sete dias na semana/ eu preciso ver
minha balzaquiana...”.
Rua Chile, agora no ostracismo
Por hábito, no limítrofe das dezessete e trinta
horas, os novos ricos dirigiam-se à Rua Chile, a fim de observar a movimentação
das elegantes mulheres baianas. Desfilando pelas calçadas, num vaivém sem rumo
traçado, para se tornarem alvos dos olhares cobiçosos dos homens ávidos por
aventuras amorosas. Onde os políticos teciam tricas e futricas, tentando
indicar ou derrubar um Secretário de Estado, os “coronéis” envaidecidos,
arrotando grandeza, contavam suas últimas conquistas amorosas. Entre outras,
como: botei casa para fulana, para sicrana ou beltrana. Alardeando, para que
todos ouvissem, o alto preço da arrouba de cacau. Da boa safra temporã. Da
excelência do comércio fumageiro em Cruz das Almas e Arapiraca. Do preço
alcançado pelo açúcar processado nos engenhos de Santo Amaro, Maracangalha,
terra do meu grande amigo Emilton Rosa, que age como um samurai para ressuscitá-la,
e Feira de Santana.
Lamentavam também. Fundamentalmente se queixavam da
falta de chuva em Jequié, Itapetinga e Conquista, prejudicando os pastos que,
por via de consequência, diminuíam os seus lucros, devido ao emagrecimento do
rebanho bovino.
Enfim, fofocavam. Exaltavam a nova sensação da
Churrascaria Líder, mais conhecida como Ide, a cantora e dançarina Argentina,
Dolores Del Plata, que, exigia, para ir para a cama com algum ricaço, um
pagamento mínimo de quinhentos mil réis.
- Até se fosse mais, valia a pena. - Arvorava-se em esclarecer um deles,
arrematando:
- Para que tanto cacau senão para nos dar prazer. Tantas lutas para
plantá-lo e colhê-lo teriam sido vãs se não pudéssemos gastar o dinheiro dele
provindo para comer um “xibiu” como o dela, babar no seu seio, duro e arfante,
dar uma palmada gostosa naquela bunda de meu Deus.
Outro interrompia o monólogo, uma ode de fatuidade,
pois tinha pressa em dar lugar à sua:
- Qual Dolores! Não sei das quantas, qual nada! Mulher “arretada” é a
gaúcha Safira, que apareceu lá no Bataclã, em Ilhéus. Não houve coronel que não
a disputasse. Também com aquela ”xoxota” chupeta, quem não haveria de lutar
para obter dela, favores? Ficou rica, em dois tempos. Mesmo assim, não a
trocaria por Inocência. Uma negrinha lá da roça. Até hoje não conheci ninguém
que inventasse tanto na hora de “vadear”. Fui levado, diante dessas virtudes a
botar casa para ela, em Itabuna. Tornou-se minha única amásia. E ai do “cabra”
que se acercar da safada. Arranco-lhe os bagos. Dela, só me livro por decreto
da morte.
Dessas futilidades, desses papos que não levam a
nada, viviam os frequentadores daquele espaço. Deixavam-se ficar ali, por
horas, só para ouvir tais relatos. Mesmo sabedores de que eles se repetiriam
nos dias subsequentes. Só se alternariam os contadores, as versões e as
personagens.
À noite eles se abrigavam nos salões de jogos de
algum cassino clandestino, onde arriscavam enormes quantias no bacará ou
na roleta. Quando a sorte os apadrinhava, ali permaneciam. Caso contrário,
chispavam em direção ao Cassino Internacional Tabaris, para assistir
às apresentações dos balés de Evandro Castro Lima, Tito Jofre, Carlan ou
Manoel Monteiro. As performances das dançarinas Carmem Diana,
Isabel, Beba, Ajara, Regina Helena, Lurdes. Bebericar e prosear com Mirandão.
Aquele mesmo feito personagem por Jorge Amado, em seu romance, Dona Flor e seus
Dois Maridos. Sobre quem, Sílvio Valente, professor de português e francês,
poeta, jornalista, membro mobília dessa patota, escreveu na coluna de 08.11.48,
no jornal A Tarde, sob o pseudônimo de Pepino Longo: “Quem na Bahia não conhece
Mirandão? É um dos palestradores mais adoráveis que possuímos, sempre a par da
última anedota, sobretudo conhecedor profundo da vida alheia...Gostamos de sua prosa
e, ainda outro dia, conversávamos a respeito de certos homens públicos de
indiscutível talento, mas honestidade dúbia. Mirandão apresentou uma lista
considerável desses aproveitadores da função pública, e, para terminar, soltou
essa “bola”:
- No Brasil, meu caro, o homem inteligente que não é descarado é burro”.
Quem diria, digo eu, que essas coisas já aconteciam no país há seis
décadas?
Além deles, fazia gosto a todos estar com Dólar,
Jeová de Carvalho, Enoque Silva, Antônio e Genésio Ramos, este radialista,
Ribeirinho, Francisco Baggi, alcunhado Chiquito Bengala, cuja homossexualidade
adorava assumir, como se portasse uma bandeira de luta, mesmo sofrendo
perseguição odienta e discriminatória da então tacanha sociedade baiana. Com o
inesquecível Nilson Oliva César, apelidado Pixoxó, jornalista e irmão da
saudosa Nilda Spencer, primeira dama do teatro baiano.
Assim era a jornada na Rua Chile para os seus
“habitués”. Nada produtiva. Perdulária. Néscia. Finda, quase sempre,
numa cama malcheirosa de um castelo situado na Rua Rui Barbosa ou no Terreiro
de Jesus, ao lado de uma mulher árdega, bonita, gostosa e sempre mercenária.
Para
encerrar conto dois episódios que definem o caráter multifacetado da Rua Chile,
acontecidos no século passado, período de 1900, entre as décadas de cinquenta e
final da de sessenta:
O
jornalista Ernesto Simões Filho, figura excepcional na lhaneza do trato,
sóbrio, talentoso, político de posições irremovíveis, dono do jornal A Tarde,
apoiava, decididamente, a candidatura para Governador do Estado o nome de Dr.
Luiz Régis Pacheco Pereira, e o fazia escrevendo editoriais violentos contra o
adversário do seu apaniguado. Um dia, no fulgor da contenda, acompanhado de
amigos, o jornalista entra na Gruta de Lurdes para tomar um cafezinho. A
notícia daquela visita, inesperada, se espalha como rastilho por todo
logradouro. Os partidários do postulante criticado, aproveitando da
oportunidade, se postaram em frente à casa comercial e, em coro, começaram a
gritar: “homem tem bigode/ quem tem cavanhaque é bode”. Só restou ao vetusto
jornalista enfrentar a turba que o acossava. Ao assomar à porta de saída, com
acenos, sorriso nos lábios, encara a multidão agressiva que, silencia, ante a
sua figura respeitável e, desafiadoramente, emite a seguinte frase: “podem
vaiar, mais a Bahia não se vende, nem se entrega”.
Doutra
feita o então Governador Juracy Montenegro Magalhães, ao passar em frente ao
Pálace Hotel foi apupado. Enraivecido desce do carro oficial que o transportava
soca violentamente o seu agressor verbal e, não satisfeito, manda prendê-lo.
Acho, salvo
prova em contrário, que esses dois episódios foram decisivos para a biografia
de ambos. Enquanto Simões é lembrado como um libertário, um democrata, Juracy é
havido como um déspota, embora sua grandeza como homem público jamais haja sido
contestada.
Era assim a
Rua Chile, plena de atitudes contraditórias, um palco onde as histórias ali
representadas não tinham prólogo ou epílogo, se bem que as suas marcantes
personagens, particularíssimas, ficassem bem guardadas na memória do povo, no
baú onde conservo reminiscências e no sacrário do meu eu, no qual aprisiono
intocadas as minhas saudades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário