sexta-feira, 13 de novembro de 2015

'COFRE' DE SEMENTES NO ÁRTICO PODE SER ESPERANÇA DE LAVOURAS DO FUTURO

Ciência



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Image copyrightAPImage caption Silo Internacional é espécie de "cofre" criado para suportar condições ambientais extremas


Em pouco menos de um mês, líderes mundiais se encontrarão em Paris para tentar entrar em acordo sobre ações contra as mudanças climáticas e o aumento da temperatura global. Uma das principais preocupações é que o aquecimento global afete safras de alimentos.
Para garantir que plantas sobrevivam aos piores cenários possíveis, amostras de sementes estão sendo reunidas no chamado Silo Global (ou Internacional) de Sementes – um armazém nas ilhas Svalbard, no Ártico. A BBC teve acesso ao interior do local. Confira o depoimento do repórter David Shukman:

"Chegar ao que supostamente é o lugar mais seguro do planeta dá uma sensação amedrontadora.
No topo de uma montanha no Ártico, em meio à ventania, uma porta de concreto leva ao Silo Global de Sementes Svalbard, construído para assegurar a sobrevivência das plantas mais valiosas do mundo.



Image copyright AP
Criado para suportar as condições mais pessimistas de um apocalipse, o lugar faz com que os visitantes não se sintam muito bem.
A primeira barreira para chegar lá é a localização absolutamente remota – as ilhas Svalbard ficam a apenas 1.300 km no Polo Norte.
E, apesar das muitas luzes vindas da Noruega, e do aumento da popularidade de aventuras no Ártico, a população no local é esparsa e o turismo de massa ainda não é uma opção.
Há ainda um perigo não planejado: uma lâmina de gelo duro cobre o pequeno estacionamento do local. Cada passo dado pode ser traiçoeiro.



Image caption Portas congeladas do local abrigam mais de cinco mil espécies de diversos continentes
As chaves do reino
A porta externa é feita de aço, mas pode ser aberta com uma chave surpreendentemente comum – do tipo que a maioria de nós usa em casa.
Os primeiros passos nos tiram do vento cortante e nos levam a uma atmosfera de extrema quietude. Um conjunto de capacetes de segurança está esperando para ser usado.
Outra porta se abre para um túnel que suavemente desce mais profundamente dentro da montanha. A temperatura é -4ºC e agora estamos no "permafrost" – solo que nunca descongela.
A maior parte do túnel é forrada de concreto, mas mais para dentro as paredes de rocha estão expostas. Nossas vozes começam a ter eco.
O conceito do projeto é simples: imaginar tudo o que pode dar errado com as principais lavouras do mundo e assegurar que amostras delas fiquem intocadas aqui.
Por isso, a entrada do lugar fica 130 metros acima do nível do mar – uma distância confortavelmente acima das piores projeções do quanto os oceanos podem subir caso haja um derretimento total das calotas polares nos próximos séculos.
Ser esculpido na rocha também deve garantir que as sementes sejam imunes à guerra. Svalbard fica bem distante de qualquer conflito militar, mas digamos que um deles exploda no Ártico – o que não é totalmente inconcebível – e que uma arma aleatória chegue até lá. Em teoria, ela não deveria conseguir passar.
Chegamos a outra porta, sobre a qual há uma fina camada de gelo. A temperatura está caindo.


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