Ciência
Formas descobertas no Cazaquistão, que são
vistas apenas do ar, podem ter 8.000 anos
EL PAÍS -
O Jonal global
A construção conhecida
como o Quadrado Ushtogaysky. / DIGITALGLOBE
Um pouco de Discovery Channel,
alguma curiosidade, e um tanto de sorte levaram o economista e amante de
arquitetura Dmitriy Dey a descobrir formas geométricas colossais, do tamanho de
vários campos de futebol, em uma estepe desabitada no norte do Cazaquistão,
usando apenas o Google Earth. A descoberta inusitada dos “geoglifos da estepe” – como são chamadas as estruturas que também já
foram encontradas em países como Peru e Chile – é de 2007, mas
agora ganhou uma evidência incontestável: imagens feitas por um satélite
da NASA, a 700 quilômetros de altura.
Segundo o jornal The New York Times, a confirmação do achado de Dey por parte da agência
espacial americana é o maior sinal de interesse oficial em se investigar o local.
“Nunca tinha visto nada parecido; achei extraordinário”, disse ao jornal o
cientista de biosfera da NASA, Compton J. Tucker. As figuras, no mínimo 260,
formam quadrados, cruzes, linhas e anéis de tamanhos variados. Com até 8000
anos de idade, elas são constituídas por valetas, terraplanagens e montes de
terra – que têm um metro de altura por 12 de largura. Um quadrado feito com 101
montes e uma forma semelhante a uma suástica, feita de madeira, foram as
descobertas que mais chamaram a atenção.
O arqueólogo Persis B. Clarkson,
da Universidade de Winnipeg, no Canadá, disse ao New York Times que
a descoberta das formas no Cazaquistão e outras similares no Peru e Chile estão
mudando o modo como a comunidade científica enxerga os primeiros nômades do
planeta. Isso porque a cultura mahandzhar, que floresceu entre 5000 e 7000 anos
a.C na área hoje pertencente ao Cazaquistão, poderia estar relacionada com as
figuras. Para ter conseguido construir as estruturas, contudo, a civilização
teria que ter tido um tempo mais longo de fixação no local e uma população
maior do que se pensava até agora, podendo até mesmo ser a percursora de
sociedades sedentárias e mais civilizadas.
Mas para que elas serviam?
Excluindo-se a possibilidade de que as estrutura seriam tumbas, já que não foi
encontrado material orgânico no local, o economista Dey, que teve ajuda de
alguns cientistas da Universidade de Kostanay na exploração do local, acredita
que a explicação mais plausível para as formas é de que elas serviam como
“observatórios horizontais para acompanhar os movimentos do sol nascente”.
Como divulgou o New York Times, por
enquanto não há certezas sobre o achado, mas com as fotos da NASA a atenção da comunidade
científica foi atraída, o que pode representar um primeiro passo para que a
região seja mais estudada e menos explorada. Este ano, uma das figuras,
batizada de Cruz de Koga, foi consideravelmente danificada por construtores de
estradas.
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