Literatura/pintura
Eça de Queirós: grande
nome do naturalismo na língua portuguesa
Émile Zola foi o grande
impulsionador do naturalismo literário
Émile
Zola – precursor do naturalismo
O naturalismo como forma de conceber o universo constitui um dos pilares da ciência moderna,
sendo alvo de considerações também de ordem filosófica.
Os
romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e
pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e
extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de
tão inovador. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler
uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os naturalistas acreditavam
que o indivíduo é um mero produto da hereditariedade e o seu
comportamento é fruto da educação e do meio em
que vive e sobre o qual age.
A
perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam
ser a Seleção Natural impulsionadora da transformação das
espécies.
Assim,
predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural,
retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem
a personalidade humana.
Ao
lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo
definitivo a estética naturalista.
Os
autores naturalistas criavam narradores omniscientes e impassíveis para dar
apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade, o
incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram
dominados pelos seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser
humano traços da sua natureza animal.
Jean François Millet (1814-1875) O Semeado
No
Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a
obra O mulato, publicado em 1881. Esta marcou o início do
Naturalismo brasileiro e a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência.
1.
Impessoalidade
/ Linguagem simples e enxuta
2.
Engajamento
literário (o autor tenta convencer o leitor)
3.
Determinismo
(o homem é fruto do meio/ raça/ momento)
4.
Darwinismo
social
5.
Positivismo
/ Cientificismo exagerado
Ambiente restrito como microcosmo de toda a
sociedade
Preferência por grupos humanos marginalizados
Patologias sociais (prostituição, traição, incesto)
Animalização / Zoomorfização dos personagens
O
francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o
escritor que mais se identificou com ele. O romance experimental (1880)
é considerado o manifesto literário do movimento.
As
leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies
foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um
grande estudo fisiológico e psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria
desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais
teve que fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro
"Introduction a l'étude de la médicine experimentale" (Claude
Bernard) para poder escrever a sua obra "Le Roman Expérimental", de
1880. Outras influências fortes sobre seu trabalho, nesse sentido, seriam a
obra de Honoré de Balzac (que havia realizado uma verdadeira
radiografia da sociedade francesa com a série de romances. A comédia humana, concluída em 1846) e as ideias socialistas
em ascensão (O Manifesto Comunista de Karl Marx e Friederich Engels é de 1848). Em 1871, Zola dava início a seu
grande projeto, a série Os Rougon-Macquart.
A
repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876) levou
Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou sendo considerado um
escritor democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se
quiserem me classificar, digam que sou naturalista. Vocês se espantam com as cores
verdadeiras e tristes que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam
a realidade. Eu apenas traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas
a necessidade de extrair lições. Minha obra não é publicitária nem representa
um partido político. Minha obra representa a verdade".
Em
1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema
ousado: a prostituição de luxo.
Em
1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se
contentou com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando
como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas
mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho
sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema
do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para
escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além
do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso sua narração é tão
impactante. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando Émile
Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.
No
teatro, o naturalismo exerceu mudanças marcantes, com o surgimento do diretor,
do cenógrafo e do figurinista. Até então, o próprio ator escolhia suas roupas,
um único cenário era usado para diversas montagens, e não estava definida a
posição do diretor como coordenador de todas as funções. A iluminação passou a
ser mais estudada e adotou-se a sonoplastia. É um radicalismo do Realismo.
Na
pintura, um exemplo naturalista é o famoso quadro de Van Gogh, Os Comedores de batatas (1885).
Horácio de Carvalho, autor naturalista.
No
Brasil, as primeiras obras naturalistas foram publicadas em 1880,
sendo influenciadas pela leitura de Émile Zola.
O
primeiro romance é O mulato (1881) do maranhense Aluísio de Azevedo, o escritor que melhor representa a corrente
literária do naturalismo brasileiro. Além dessa obra, foi o responsável pela
criação de um dos maiores marcos da literatura brasileira: O cortiço.
A
recepção crítica da teoria naturalista de Zola fez-se em Portugal por intermédio de autores como Júlio Lourenço Pinto (1842-1907), José António dos Reis Dâmaso (1850-1895), António José da Silva Pinto (1848-1911), Alexandre da Conceição (1842-1889), Teixeira de Queirós (1848-1919),
autor das séries Comédia do Campo e Comédia Burguesa, e o mais destacado deles,
Abel Botelho, (1854-1917),
criador da série Patologia Social, ou Carlos Malheiro Dias (1875-1941)
tentariam a aplicação do Naturalismo ao conto e ao romance.
Pela
primeira vez, a literatura pôs em primeiro plano o pobre, o homossexual, os
negros e os mulatos discriminados.
Alguns representantes do Brasil foram Aluísio Azevedo, Horácio de Carvalho, Inglês de Souza, Julio Ribeiro, Emília Bandeira de Melo, Adolfo Caminha, Pápi Júnior, Rodolfo Teófilo, Carneiro Vilela, Faria Neves Sobrinho, Manoel Arão entre
vários outros.
ótimo artigo, vou aplicar esse conhecimento no colegio zona norte SP, muito bom, recomendo aos alunos
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