Ciência/tecnologia
O que se desenvolveu nos últimos 15 anos com
astronautas na Estação Espacial Internacional
M. VICTORIA S. NADAL, Madri,
Para EL PAÍS – o jornal global – Facebook
Estação Espacial
Internacional vista durante o voo Soyuz TMA-20, em imagem feita pela expedição
27. / NASA (REUTERS)
Desde 20 de novembro de 1998 a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) orbita
a 420 quilômetros de distância da Terra a uma velocidade de 8 quilômetros por
segundo. Esse centro de pesquisa espacial recebeu mais de 200 astronautas em 17
anos de vida. Em 2 de novembro de 2000 chegaram os primeiros ocupantes e, a
partir daí, as pesquisas e os avanços levados a cabo lá em cima tiveram
múltiplas aplicações à vida na Terra. Estes são alguns exemplos de como a
pesquisa no espaço pode contribuir para resolver problemas mundiais.
Potabilizar água
Tanto na Estação Espacial
Internacional como em uma pequena aldeia na África subsaariana, conseguir água
potável é vital para a sobrevivência. Usando a tecnologia desenvolvida pela
estação espacial, as áreas da Terra mais afetadas por esse problema podem
conseguir acesso a máquinas de filtrar água e sistemas de purificação. A
Corporação de Segurança da Água, empresa que colabora com a NASA, instalou em alguns países sistemas de purificação
usando a tecnologia de processamento de água da NASA.
Detecção do câncer de mama
O Robô Autônomo de Imagem Guiada
(IGAR, na sigla em inglês) é um instrumento cirúrgico inspirado em braços
robóticos projetados pela agência espacial do Canadá na Estação Espacial
Internacional. Está em ensaios clínicos para ser usado em pacientes com câncer de mama. O IGAR funciona dentro de uma máquina de ressonância magnética para
ajudar a identificar com precisão o tamanho e a localização do tumor. Graças a
ele, os cirurgiões também serão capazes de realizar movimentos muito precisos
durante as biópsias.
Atendimento médico em qualquer
lugar
Para os astronautas da Estação
Espacial Internacional, encontrar um médico na sala é algo complicado. Estão em
órbita a cerca de 420 quilômetros sobre a Terra e precisam de um meio de
conseguir atendimento médico se tiverem algum problema de saúde. Esse
inconveniente foi abordado em um estudo de Diagnóstico Avançado de Ultrassom em
Microgravidade. Essa pesquisa estabeleceu protocolos para realizar
procedimentos complexos à distância de forma rápida, com a orientação de
especialistas. Os cuidados médicos poderiam assim ser mais acessíveis em
regiões remotas graças ao uso de unidades de ultrassom, de telemedicina e de
técnicas de orientação à distância, como as empregadas para as pessoas que
vivem na estação espacial.
O braço robótico que opera
tumores
O delicado toque que eliminou com
sucesso um tumor em forma de ovo do cérebro de Paige Nickason, uma paciente
norte-americana operada em 2008, veio da mão de um braço robótico. A tecnologia
que desenvolveu o neuroArm, primeiro robô do mundo capaz de realizar essa
cirurgia, nasceu da Canadarm, Canadarm2 e Dextre — da Agência Espacial
Canadense —, uma família de robôs espaciais que realiza o trabalho pesado e a
manutenção a bordo da Estação Espacial Internacional. Desde a cirurgia dessa
paciente o neuroArm foi utilizado em 35 doentes que também tinham tumores
aparentemente inoperáveis.
Entender os mecanismos da
osteoporose
Embora muita gente nunca vá
vivenciar a vida no espaço, os benefícios de estudar a perda de osso e músculo
a bordo da estação espacial têm potencial para intervir na vida de algumas
pessoas na Terra. Os cientistas da estação realizaram um estudo com ratos para
compreender os mecanismos da osteoporose. Essa pesquisa tornou possível a
criação do Prolia, um produto farmacêutico para tratar pessoas com essa doença.
Controlar os desastres naturais
O ISERV (Pesquisa Ambiental e
Sistema de Visualização) é um sistema de imagens que estava a bordo da estação
e fez fotografias da Terra para uso em países em desenvolvimento afetados por desastres naturais. Essas imagens podem ajudar com respostas rápidas
às inundações, os incêndios, as erupções vulcânicas, o desmatamento, a
proliferação de algas nocivas e outros tipos de eventos relacionados com a
natureza. A cada 24 horas a estação percorre mais de 90% das zonas povoadas da
Terra, e esse sistema recolhia até 1.000 imagens por dia. Embora já tenha
concluído com êxito a sua missão, a estação espacial continua sendo uma
plataforma importante para a observação da Terra em tempos de desastre.
Descrever o comportamento dos
fluidos
Os Experimentos de Fluxo Capilar a bordo da estação
espacial estudam o movimento de um líquido sobre diferentes superfícies, como
os que fluem ao longo de uma toalha de papel. Essas pesquisas resultaram em
modelos que descrevem o comportamento de fluidos em condições de micro gravidade,
que deram lugar a um novo dispositivo de exames médicos na Terra. Esse novo
instrumento poderia melhorar o diagnóstico de HIV e Aids nas regiões mais
remotas do planeta, em parte graças aos conhecimentos adquiridos a partir dos
experimentos espaciais.
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