Ataque terrorista
Procurador da República chegou a falar em
iminência de um 11 de setembro à francesa
Para El PAÍS – o Jornal
global
París 14 NOV 2015
Bombeiros franceses
socorrem um ferido na última sexta-feira em Paris. / CHRISTIAN HARTMANN (REUTERS)
A França é o país ocidental mais ameaçado pelos jihadistas. Em guerra contra os radicais em várias frentes,
os atentados contra o Charlie Hebdo e o supermercado Hiper
Cacher, que custaram a vida de 17 pessoas, foram um dramático chamado de
alerta. Desde então, o país livrou-se por pouco de oito atentados, pelo menos
dois deles programados para causar verdadeiras matanças. Quase 2.000 cidadãos
franceses viajaram para a Síria ou o Iraque – muitos via Barcelona ou Madri – e
500 já empunham armas.
Os aspirantes ao combate
aumentaram 212% só este ano. E o dado mais preocupante: entre 200 e 300 retornaram
da Síria e do Iraque. O medo de um novo grande atentado estava no ar. O
procurador da República François Molins chegou a falar da iminência de um 11 de
setembro à francesa.
O arsenal de novas medidas
antiterror também cresce a cada mês. Desde janeiro, entre 7.000 e 10.000
militares patrulham as ruas. Outros 25.000 policiais vigiam 5.000 lugares
sensíveis. O Governo levou adiante uma polêmica Lei de Serviço Secreto que
autoriza a coleta maciça de dados na rede. Ao mesmo tempo, aumentou em 736
milhões o orçamento para recrutar peritos e comprar material mais moderno.
O jovem detido em Toulon tinha
ficha na polícia desde o verão de 2014 em razão, justamente, de seus projetos
de viajar para a Síria e por sua intensa atividade no Facebook com mensagens
próximas ao ISIS. Uma vez preso, confessou sua intenção de lutar na França, já
que não podia ir a Síria.
Um dos mais importantes ataques
abortados foi o do francês Yassine Salhi, que tentou explodir depósitos de gás
em Saint-Quentin-Fallavier em junho, depois de decapitar seu chefe. Como em
quase todos os casos, o terrorista tinha ficha policial como suspeito de
extremismo islâmico. Também está fichado o marroquino Ayoub El Khazzani, que em
agosto tentou realizar uma matança no trem Thalys que ia de Bruxelas para Paris
com todo um arsenal de armas.
As críticas na França ante a escassa eficácia
policial foram mínimas. A polícia recorda que há 5.000 fichados por suspeita de
radicalismo e que é impossível seguir todos eles 24 horas por dia. O procurador
Molins afirma que 1.733 são vigiados, mas não continuamente. E destaca a
dificuldade adicional de que não existe organização, nem células, nem rede de
comando. "Enfrentamos comportamentos individuais, lobos solitários".
Desde 2012, 326 pessoas foram presas por conexões com atos violentos.
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