quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE MEDIOCRIDADE

Literatura


Publicado por Gustavo Galli
“Toda e qualquer descrição escrita aqui estará jazida a partir do momento em que eu não for mais um vivente. A única imortalidade é a arte.”




É fato que estamos rodeados de pessoas medíocres. Como um vírus que se espalha entre as pessoas, a mediocridade traz danos aos indivíduos e à sociedade como um todo. Mas não precisa ser assim.


À primeira vista, a palavra “medíocre” pode soar extremamente rude e cruel, mas, ao pé da letra, ela não significa nada além de “mediano” (ou seja, aquele que está na média, que não se diferencia). Entretanto, já não seria extremamente rude e cruel para o próprio Ser o fato de ele não se diferenciar?
Os seres-humanos são diferentes. Não apenas biologicamente, com suas impressões digitais ímpares, mas essencialmente. Nossas experiências, medos, ambições etc. nos tornam únicos, e esse simples detalhe deveria servir para, afinal, nos diferenciarmos, certo?

Pelo que tenho observado, não é o que acontece atualmente em meu entorno. Parece-me que todos os esforços de outrem se concentram justamente em parecerem-se cada vez mais uns com os outros, como uma doença contagiosa que se espalha através do ar. Poucos são os imunes. Poucos são os que escapam do contágio. Pergunto-me quais serão suas defesas... Uma mente mais estruturada? Uma personalidade forte? Um bloqueio gerado pela Filosofia? Enfim, deixemos aqueles que não se contaminam com essa doença social e tratemos dos doentes.

Os sintomas daqueles que estão contaminados pela mediocridade são claríssimos. Como dito acima, uma breve análise basta. As pessoas medíocres são aquelas que seguem o mesmo padrão em todo e qualquer aspecto de suas vidas. Elas cultivam os mesmos hábitos, têm as mesmas opiniões, seguem os mesmos padrões, têm as mesmas crenças, se entretêm da mesma forma e pensam (ou não...) sobre as mesmas coisas. São um organismo só. Mas um organismo desunido e em constante disfunção, como se todos os seus órgãos fossem o mesmo, desempenhando a mesma função.

Um detalhe interessante é o fervor que os medíocres têm em defender a sua mediocridade. Qualquer um que se diferencie desse padrão seguido e estabelecido por eles (o único verdadeiro, não é mesmo?) é visto como anormal e estranho. Seria, entretanto, a palavra “estranho”, neste caso, uma ofensa ou um elogio? Se desprender dessa massa decadente seria o certo ou o errado a ser feito? Esta questão subjetiva jamais poderia ser concebida por aqueles que não conseguem enxergar além, olhar para o alto, para fora de seu mundinho. Assim sendo, abrir qualquer discussão seria injusta devido ao resultado infrutífero que ela traria.

Outro ponto que vale a pena ser abordado é que aqueles que estão na média (medíocres) também estão na moda (modistas). Em Estatística, a média é o resultado mediano que aparece. O meio da coisa toda. Não muito abaixo nem acima. Já a moda é o resultado que mais aparece. Ou seja, os medíocres modistas também demonstram que estão dispostos apenas a “ir com a maré”. Como pássaros migratórios, seguem o bando, independentemente do rumo tomado. Além de demonstrada a deslealdade que têm por tudo que os rodeia e pelo que seguem, esse comportamento irresponsável pode (e deve) evidenciar-se como daninho à virtude, podendo, em contrapartida, ser explorado por quem souber e puder fazer isso. Uma sociedade capitalista e consumista que tenha também como principal característica o fato de ser medíocre é um prato cheio àqueles que são espertos o suficiente para manipular isso.

Além dos resultados desastrosos que a mediocridade pode trazer para a sociedade como um todo, não podemos esquecer os danos que ela pode trazer (ou, melhor dizendo, para os benefícios que ela pode deixar de trazer) ao âmbito pessoal, ao âmbito do Ser, à nossa verdadeira essência. Ser diferente da maioria das pessoas é descobrir seu verdadeiro caminho. É viver a vida com sinceridade e lealdade a seu próprio Eu. Esse é o fator mais importante a ser considerado.


É fato que muitas pessoas nasceram para ser guiadas, mas aquelas que conseguiram se libertar do senso-comum foram as que realmente mudaram o mundo, e é por isso que é tão importante que mudemos e que não sejamos só mais um. Seja diferente nas mínimas coisas. Ouça outros tipos de música, aprenda um idioma diferente, frequente outros tipos de lugares, entretenha-se com o que realmente te agrada. Se descubra! Sejamos originais! Saiamos da caverna!

“Grandes almas sempre encontram forte oposição de mentes medíocres.” Albert Einstein.

“Deus deve amar os homens medíocres. Fez vários deles.” Abraham Lincoln.

“Algumas pessoas preferem ser medíocres. Outras, quando resolvem não ser, correm o risco de perder os amigos.” Oscar Wilde.

“Geralmente os espíritos medíocres condenam tudo o que está além do seu alcance.” François de La Rochefoucauld.


© obvious: http://obviousmag.org/minha_mente/2016/01/a-fantastica-fabrica-de-mediocridade.html#ixzz3x84eWw60 
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário