quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O PAPA E A PRESIDENTE

Literatura/artigo


Colaboração de Joaci Góes.
É empresário, autor de exuberantes ensaios, 
imortal da Academia de Letras da Bahia

O discurso que o Papa Francisco proferiu perante a Cúria Romana, na celebração do último Natal, passará à posteridade como o mais importante do cristianismo.





Diante do mais hierático dos sodalícios, formado por centenas de cardeais e bispos, engalanados em suas ricas vestes talares, o Santo Padre desancou, impiedosamente, os imperdoáveis vícios incrustados no seio da Igreja, corrompendo os princípios fundamentais que a conduziram ao elevado posto da mais longeva organização humana.

Dentre as quinze doenças de que sofre a Igreja, denunciou o sumo pontífice a preocupação de alguns prelados com o acúmulo de bens materiais, de caráter inteiramente mundano; o terrorismo dos fofoqueiros covardes que, pelas costas, difamam os que têm honra; os puxa-sacos que cobrem com louvores os superiores, com o exclusivo propósito de subir na escala hierárquica; os que vivem da formação de grupos de interesses divorciados do verdadeiro cristianismo; os arrogantes que se julgam imortais acima do bem e do mal, a quem aconselhou uma visita periódica ao cemitério, para ler a lápide de seus presunçosos precursores; os narcisistas que atuam atraídos, exclusivamente, pelo poder e alheios ao sentimento de genuína humildade; os esquizofrênicos que sofrem de Alzheimer espiritual.

Toda essa cólera santa, numa versão moderna de Jesus expulsando do Templo os vendilhões da fé, o Papa Francisco a exibe como parcela fundamental do seu corajoso e inédito empenho em derrubar os obstáculos que se erguem para impedir as reformas que o verdadeiro espírito Cristão reclama nos cinco continentes.

Cada palavra de reconhecimento à grandeza do Papa Bento XVI, que renunciou para dar lugar a que tivesse a determinação de fazer o que precisa ser feito.

Diante do sentimento de impeachment, pela ação obsequiosa de alguns ministros bolivarianos da nossa Suprema Corte, para evitar o colapso do Brasil, será imperativo uma de duas atitudes possíveis da Presidente Dilma: renúncia ao posto ou declaração de independência perante a base que ora sustenta o governo, substituindo-a por uma aliança verdadeira com as mais legítimas aspirações do povo Brasileiro. Premidos pela opinião pública, parlamentares de todos os partidos políticos acorrerão, pressurosos, para apoiar as medidas urgentes de que o País tanto necessita para sair da crise que o sufoca.

Agindo assim, a Presidente ingressará no Panteão da Historia.

Fora desse quadro, é prender a respiração e retesar os músculos para suportar grande sofrimento até 31 de dezembro de 2018.  

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