Arte: revista em quadrinhos
Uma das maneiras de homenagear nossos ídolos, ou pessoas que
com seu trabalho nos inspiram é relembrar algo que nos foi marcante em algum
momento. Muita coisa me encanta nesse trabalho, primeiramente a simplicidade,
fazer com que personagens criados há tanto tempo atravessem gerações e ainda
ser capaz de inovar mantendo um diálogo com seus públicos é extraordinário.
Maurício de Sousa conseguiu fazer com que a Turma da Mônica
saísse de tirinhas de jornais e ganhassem vida própria; Já tiveram eternamente
sete anos, ganharam versões jovens e adultos e continuam sendo a Turma da
Mônica, não perdem a essência.
Talvez um dos segredos mágicos é o fato de Maurício se
inspirar em familiares e amigos para suas criações, acompanhar o crescimento
dos filhos pode ter influenciado no crescimento de cada um dos personagens,
eles são vivos, não é difícil conhece-los, é como se estivessem ali, o bairro
do Limoeiro pode ser o seu bairro, mesmo nas aventuras que envolvem fantasia é
possível sonhar e fazer parte da história.
Aprendi a ler com os Gibis da turma e nesses 28 anos foram
diversos Almanacões de férias, gibizinho, gibizão e agora Mangás... E boa parte
do meu gosto por cartoon vem desse contato direto com a obra desse autor. Ao
observar histórias e demonstrações de carinho que foram contadas na TAG
#Mauricio80 descobri que não estou sozinha, são milhares de pessoas, de lugares
diferentes, com culturas diferentes, inspiradas pelos mesmos personagens, não é
por acaso que muitos consideram Maurício o Wall Disney brasileiro.
Mas o que parece, é que Maurício sempre consegue ir além...
Como produtora Cultural, uma das minhas preocupações é a
formação de um novo público de artes, especificamente a forma como se tem
trabalhado a sensibilidade infantil...
Que Maurício desperta o gosto pela leitura é indiscutível,
mas ele levou a turma para o cinema, para a tv, para o teatro e para os museus
e é esse momento que eu quero recordar...
O livro “História em Quadrões”, com pinturas de Maurício de
Sousa foi lançado em 2001 pela editora globo.
Mas o processo de montagem das paródias dos quadros que
compõem o livro não nasceu da noite para o dia. A pesquisa realizada por
Maurício sobre os grandes pintores durou cerca de 14 anos.
A ideia surgiu de uma visita ao Museu de Arte de São Paulo -
MASP, no final da década de 80 quando ao ver uma de suas obras favoritas” Rosa
e Azul”, do pintor impressionista francês Auguste Renoir, Maurício se perguntou
como seria colocar a turma da Mônica nas obras de grandes artistas para ensinar
e divulgar arte para crianças de uma maneira diferente. E justamente Rosa e
Azul foi o primeiro quadro que ganhou vida através da Turminha com Mônica e
Magali.
E a pesquisa continuou, em uma visita realizada ao Museu do
Louvre em Paris, Maurício acabou se apaixonando por um dos quadros mais famosos
da História, a Monalisa do pintor Renascentista Leonardo Da Vinci, o cartunista
teria se impressionado com o fato de ver algumas crianças tentando copiar o
quadro e se perguntou o que poderia ocorrer com as crianças brasileiras. Em
homenagem ao pintor, surgia então Monicalisa, curiosamente, uma das obras mais
conhecidas dos Quadrões de Maurício.
As homenagens de Maurício não pararam, chega então a vez de
Chico Bento ganhar uma versão “artística” e o pintor escolhido foi o brasileiro
Cândido Portinari e seu quadro O Lavrador de Café, que combinado com nosso
personagem rural deu origem ao Chico lavrador de Café:
E assim, a cada tela concluída, Mauricio se via mais
envolvido com suas homenagens aos pintores consagrados, conforme o Livro
História em Quadrões, até o ano de 2001 foram realizadas 37 paródias das obras
de artistas como: Van Gogh, Sandro Boticelli, Michelângelo, Diego Velásquez,
Francisco Goya, Claude Monet, Édouard Manet, Rembrandt, Edgar Degas, Gauguin,
Eckhout, Gai Qi, Jacques Louis David e Toulouse-Lautrec. Dos nacionais, além de
Portinari, foram homenageados Pedro Américo, Almeida Júnior, Di Cavalcanti e
Anita Malfatti.
Mas e as exposições?
A princípio, as pinturas “Mauricianas” ficavam expostas nas
paredes dos corredores dos estúdios Mauricio de Sousa Produções, mas com o
passar do tempo, os quadros passaram a reproduzir melhor as telas originais,
sendo incorporadas molduras para que a proximidade fosse a maior possível. O
que era um passatempo para Maurício acabou se tornando sério, surgindo então a
ideia do Livro de artes para crianças e a exposição dessas peças. Conforme
relatado no livro, o trabalho envolveu uma equipe de diversos profissionais da
área de artes, contando com consultoria e curadoria.
A exposição História em Quadrões – Pinturas de Mauricio de
Sousa foi realizada primeiramente na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em
outubro de 2001, paralelamente à Exposição de Rodin, nascendo a inspiração para
criação de esculturas, então saindo do mundo das telas, Auguste Rodin por meio
do personagem Cebolinha, ganha uma divertida versão em “O Pensador de Planos
Infalíveis”, paródia de “O Pensador” a obra mais famosa do artista:
Depois de ser realizada na Pinacoteca do Estado em São
Paulo, a mostra não parou mais, foi para o Rio de Janeiro, no Museu Nacional de
Belas Artes e depois esteve nas cidades de: Salvador, Curitiba, Brasília, Belo
Horizonte, Goiânia e Recife, em algumas dessas cidades, o público pôde visitar
a mostra gratuitamente e crianças e jovens puderam participaram de oficinas e
cursos de desenho, pintura, música e confecção de bonecos, e ainda puderam
ouvir um pouco sobre este projeto do próprio Mauricio de Sousa, demonstrando
aqui a preocupação com a formação das crianças. Não era simplesmente fazer
paródias de quadros famosos, era despertar o interesse das pessoas em conhecer
os autores de cada uma das obras através da turma da Mônica.
O resultado almejado para a exposição foi atingido, Maurício
conseguiu fazer com que as crianças se interessassem por artes de forma lúdica.
Histórias contadas em Quadrões Ganhou também um segundo
volume.
Abaixo mais imagens da Turminha parodiando obras de arte:
![]() |
Cebolinha tocador de pífaro - Paródia de O
tocador de pífaro,1866 – Manet
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Magali,a Bailarina -
Paródia de A Bailarina,1874 –Renoir
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O Berro - Paródia de O Grito,1893 – Munch |
![]() |
De olho nas frutas tropicais - Paródia de Tropical, 1917-Anita Malfatti |
Todos os direitos reservados a Maurício de Sousa Produções.
Fontes:
http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00003E/00003ED8.pdf
© obvious:
http://obviousmag.org/pausas/2015/os-quadroes-de-mauricio-e-o-ensino-de-artes-para-criancas.html#ixzz3w2XnYYaL
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