segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

OS QUADRÕES DE MAURÍCIO E O ENSINO DE ARTES PARA CRIANÇAS




Arte:  revista em quadrinhos



Uma das maneiras de homenagear nossos ídolos, ou pessoas que com seu trabalho nos inspiram é relembrar algo que nos foi marcante em algum momento. Muita coisa me encanta nesse trabalho, primeiramente a simplicidade, fazer com que personagens criados há tanto tempo atravessem gerações e ainda ser capaz de inovar mantendo um diálogo com seus públicos é extraordinário.



Maurício de Sousa conseguiu fazer com que a Turma da Mônica saísse de tirinhas de jornais e ganhassem vida própria; Já tiveram eternamente sete anos, ganharam versões jovens e adultos e continuam sendo a Turma da Mônica, não perdem a essência.
Talvez um dos segredos mágicos é o fato de Maurício se inspirar em familiares e amigos para suas criações, acompanhar o crescimento dos filhos pode ter influenciado no crescimento de cada um dos personagens, eles são vivos, não é difícil conhece-los, é como se estivessem ali, o bairro do Limoeiro pode ser o seu bairro, mesmo nas aventuras que envolvem fantasia é possível sonhar e fazer parte da história.
Aprendi a ler com os Gibis da turma e nesses 28 anos foram diversos Almanacões de férias, gibizinho, gibizão e agora Mangás... E boa parte do meu gosto por cartoon vem desse contato direto com a obra desse autor. Ao observar histórias e demonstrações de carinho que foram contadas na TAG #Mauricio80 descobri que não estou sozinha, são milhares de pessoas, de lugares diferentes, com culturas diferentes, inspiradas pelos mesmos personagens, não é por acaso que muitos consideram Maurício o Wall Disney brasileiro.
Mas o que parece, é que Maurício sempre consegue ir além...
Como produtora Cultural, uma das minhas preocupações é a formação de um novo público de artes, especificamente a forma como se tem trabalhado a sensibilidade infantil...
Que Maurício desperta o gosto pela leitura é indiscutível, mas ele levou a turma para o cinema, para a tv, para o teatro e para os museus e é esse momento que eu quero recordar...

O livro “História em Quadrões”, com pinturas de Maurício de Sousa foi lançado em 2001 pela editora globo.
Mas o processo de montagem das paródias dos quadros que compõem o livro não nasceu da noite para o dia. A pesquisa realizada por Maurício sobre os grandes pintores durou cerca de 14 anos.
A ideia surgiu de uma visita ao Museu de Arte de São Paulo - MASP, no final da década de 80 quando ao ver uma de suas obras favoritas” Rosa e Azul”, do pintor impressionista francês Auguste Renoir, Maurício se perguntou como seria colocar a turma da Mônica nas obras de grandes artistas para ensinar e divulgar arte para crianças de uma maneira diferente. E justamente Rosa e Azul foi o primeiro quadro que ganhou vida através da Turminha com Mônica e Magali.


E a pesquisa continuou, em uma visita realizada ao Museu do Louvre em Paris, Maurício acabou se apaixonando por um dos quadros mais famosos da História, a Monalisa do pintor Renascentista Leonardo Da Vinci, o cartunista teria se impressionado com o fato de ver algumas crianças tentando copiar o quadro e se perguntou o que poderia ocorrer com as crianças brasileiras. Em homenagem ao pintor, surgia então Monicalisa, curiosamente, uma das obras mais conhecidas dos Quadrões de Maurício.


As homenagens de Maurício não pararam, chega então a vez de Chico Bento ganhar uma versão “artística” e o pintor escolhido foi o brasileiro Cândido Portinari e seu quadro O Lavrador de Café, que combinado com nosso personagem rural deu origem ao Chico lavrador de Café:


E assim, a cada tela concluída, Mauricio se via mais envolvido com suas homenagens aos pintores consagrados, conforme o Livro História em Quadrões, até o ano de 2001 foram realizadas 37 paródias das obras de artistas como: Van Gogh, Sandro Boticelli, Michelângelo, Diego Velásquez, Francisco Goya, Claude Monet, Édouard Manet, Rembrandt, Edgar Degas, Gauguin, Eckhout, Gai Qi, Jacques Louis David e Toulouse-Lautrec. Dos nacionais, além de Portinari, foram homenageados Pedro Américo, Almeida Júnior, Di Cavalcanti e Anita Malfatti.
Mas e as exposições?
A princípio, as pinturas “Mauricianas” ficavam expostas nas paredes dos corredores dos estúdios Mauricio de Sousa Produções, mas com o passar do tempo, os quadros passaram a reproduzir melhor as telas originais, sendo incorporadas molduras para que a proximidade fosse a maior possível. O que era um passatempo para Maurício acabou se tornando sério, surgindo então a ideia do Livro de artes para crianças e a exposição dessas peças. Conforme relatado no livro, o trabalho envolveu uma equipe de diversos profissionais da área de artes, contando com consultoria e curadoria.
A exposição História em Quadrões – Pinturas de Mauricio de Sousa foi realizada primeiramente na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em outubro de 2001, paralelamente à Exposição de Rodin, nascendo a inspiração para criação de esculturas, então saindo do mundo das telas, Auguste Rodin por meio do personagem Cebolinha, ganha uma divertida versão em “O Pensador de Planos Infalíveis”, paródia de “O Pensador” a obra mais famosa do artista:
Depois de ser realizada na Pinacoteca do Estado em São Paulo, a mostra não parou mais, foi para o Rio de Janeiro, no Museu Nacional de Belas Artes e depois esteve nas cidades de: Salvador, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Goiânia e Recife, em algumas dessas cidades, o público pôde visitar a mostra gratuitamente e crianças e jovens puderam participaram de oficinas e cursos de desenho, pintura, música e confecção de bonecos, e ainda puderam ouvir um pouco sobre este projeto do próprio Mauricio de Sousa, demonstrando aqui a preocupação com a formação das crianças. Não era simplesmente fazer paródias de quadros famosos, era despertar o interesse das pessoas em conhecer os autores de cada uma das obras através da turma da Mônica.
O resultado almejado para a exposição foi atingido, Maurício conseguiu fazer com que as crianças se interessassem por artes de forma lúdica.
Histórias contadas em Quadrões Ganhou também um segundo volume.
Abaixo mais imagens da Turminha parodiando obras de arte:
Cebolinha tocador de pífaro - Paródia de O tocador de pífaro,1866 – Manet
Magali,a Bailarina - Paródia de A Bailarina,1874 –Renoir
O Berro - Paródia de O Grito,1893 – Munch
De olho nas frutas tropicais - Paródia de Tropical, 1917-Anita Malfatti
Todos os direitos reservados a Maurício de Sousa Produções.
Fontes: http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00003E/00003ED8.pdf


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