Publicado por Brie Domenica
é roteirista e escritora formada em Cinema e Comunicação Social.
Toda ficção, por mais surreal que seja, é direta ou indiretamente inspirada em algo.
Por que muitos bons filmes só são convincentes se forem “baseados em fatos reais”? E muita gente acha que isso faz deles 100% verídicos. Alguns nem dão crédito aos outro gênero, como as comédias românticas. “Ai, até parece que um homem lindo e perfeito assim existe na vida real! Só em filme, mesmo". E acreditam que é mais fácil ser abduzido por um E.T. do que encontrar a alma gêmea. Se Diário de uma Paixão tivesse sido realmente baseado no diário de alguém, os incrédulos dariam (mais) valor a ele?
Toda ficção, por mais surreal que seja, é direta ou indiretamente inspirada em algo. Precisamos de referências sobre algo que já temos certo conhecimento sobre, um ponto de partida. Quando, por exemplo, Avatar foi lançado, muita gente falava “Nossa, tão inovador e criativo! Com aquelas criaturas gigantes e extraordinárias!”. Eu já vi essa história de colonização, amor proibido, choque entre culturas, árvores da sabedoria, anos atrás, em Pocahontas. E seres azuis no Blue Man Group. Onde está a genialidade em transformar um animal, aumentar o seu tamanho, triplicar a quantidade de membros e dar vida a um inseto carnívoro gigante que já vimos lá nos anos 80 em A Mosca?
O James Cameron passou muitos anos se dedicando a esse projeto e desenvolvendo uma tecnologia avançada o suficiente para poder alcançar os altos padrões de efeitos especiais que o resto acabou ficando um tanto ultrapassado...
Por mais primitiva e animalesca a forma com que esses seres tão formidáveis foram retratados, ainda assim, eles são altamente organizados, com suas leis e morais, instituições familiares e matrimoniais. Claro, porque deve existir uma conexão entre filme e público. E, para criar esse laço, é preciso desenvolver algo crível. É mais fácil se identificar com a mocinha batalhadora que sonha em ter o seu próprio negócio do que com o assassino mutante. Não que alguém não possa criar algum vínculo emocional com o bandido, só porque é de uma classe social superior, cabe a cada um assimilar as suas experiências pessoais com as da personagem, independentemente de crença, religião, situação financeira.
Agora, se o seu namorado só curte filme de terror daqueles bem violentos e sangrentos...
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