Brasil: política
Colaboração de Fernando Alcoforado*
“Não vai ter
golpe” é o brado usado pelos defensores da permanência de Dilma Rousseff na
Presidência da República. Trata-se de uma palavra chave ou senha utilizada pelo
lulopetismo para preparar o PT e as forças políticas que lhe dão sustentação
para reagir, inclusive com o uso da violência, contra o impeachment de Dilma
Rousseff que tudo indica deverá acontecer porque cada dia que passa o governo
federal está cada vez mais isolado seja no Congresso Nacional seja em todo o
País. Esta palavra chave tem, também, o propósito de desqualificar quem é a
favor do impeachment que seria tachado de golpista e desrespeitar a própria
justiça com o argumento de estar se colocando ao lado dos golpistas para depor
Dilma Rousseff. O desespero do lulopetismo aumenta a cada dia com o provável
rompimento do PMDB em relação ao governo que deverá acontecer no dia 29 de
março próximo na reunião do Diretório Nacional do partido que dará início ao
desmantelamento da base aliada do governo no Congresso Nacional.
A expressão
“não vai ter golpe” tem, também, por objetivo mobilizar o lulopetismo na luta
contra o impeachment de Dilma Rousseff da Presidência da República ao mesmo
tempo em que prepara, irresponsavelmente, suas forças para resistir ao pós
impeachment para evitar a perda de poder que exerceram desde 2002 quando o
ex-presidente Lula deu início à malfadada Era PT na história do Brasil. O uso
da violência contra o impeachment de Dilma Rousseff já foi anunciado por Lula
quando fez referência à utilização do “exército” de Stédile do MST, pelo
presidente da CUT Wagner Freitas que falou em pegar em armas para defender o
governo e por Stédile do MST que ameaçou parar o País se Dilma sofrer
impeachment.
Tudo indica
que não será pacífica a reação do lulopetismo ao afastamento de Dilma Rousseff
da Presidência da República. Muito dificilmente, o afastamento do PT do poder
não terá as mesmas características pacíficas do afastamento de Fernando Collor
em 1992 porque o então presidente só exerceu a Presidência da República por um
período de apenas 2 anos durante o qual ele não teve tempo para aparelhar a
estrutura administrativa do Estado brasileiro e não construiu uma rede de apoio
no seio da sociedade civil em função de seus interesses como fizeram os
governos do PT. O aparelhamento dos governos do PT com 30 mil cargos
comissionados e a cooptação das entidades sindicais, estudantis e outras da
sociedade civil são trunfos do atual governo que podem ser mobilizados pelo
lulopetismo para se contrapor antes e depois do inevitável impeachment da
presidente Dilma Rousseff.
Incrível é
atitude daqueles que afirmam que não vai ter golpe, enquanto planejaram um
golpe de estado com a conivência da própria Dilma Rousseff para a nomeação do
ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil que passaria a exercer, na
prática, o comando da nação. Colocar Lula na Casa Civil tinha, também, o
propósito de evitar sua prisão pelo Juiz Sérgio Moro porque passaria a ter foro
privilegiado do STF, além de possibilitar a ele fazer as articulações políticas
necessárias no Congresso Nacional para evitar o impeachment de Dilma Rousseff e
promover a recuperação política e administrativa do falido governo Dilma
Rousseff. Este golpe de estado planejado por Lula e pelo PT para assumir o
governo contando com concordância de Dilma Rousseff fracassou até o momento
porque Lula foi impedido de assumir a Casa Civil pelo STF apesar de ter evitado
sua prisão pelo Juiz Sérgio Moro graças a intervenção do ministro Teori
Zavascki. Da mesma forma que não houve o golpe patrocinado por Lula e pelo PT,
não vai ter golpe contra Dilma Rousseff, também, porque o impeachment ocorrerá
de acordo com a Constituição, isto é, dentro da Lei.
A grande
maioria do povo brasileiro aguarda ansiosamente o fim da desgraça a que foi
submetido com os desastrosos governos do PT de Lula e Dilma Rousseff. Hoje,
existe a quase unanimidade nacional de que a permanência de Dilma Rousseff no
poder significaria a continuidade da devastação da economia brasileira e a
impossibilidade do atual governo assegurar a governabilidade do Pais. O Brasil
continuaria sem rumo. Dilma Rousseff já demonstrou não possuir a necessária competência
para comandar o País em busca de sua reconstrução econômica e social nem tem
liderança capaz de aglutinar a maioria da nação em torno dela. O Brasil poderá
se encaminhar para um estado de anarquia que é definida como ausência
generalizada de respeito às normas sociais se Dilma Rousseff continuar na
Presidência da República e, também, se Dilma Rousseff for afastada do poder. A
anarquia resultante de ambas as situações costuma anteceder os regimes
totalitários de direita e de esquerda se não houver soluções políticas que
impeçam a ocorrência deste cenário.
O estado de
anarquia configura uma situação de desobediência civil da qual podem resultar 2
cenários: 1) a permanência de Dilma Rousseff na Presidência da República; e, 2)
o impeachment de Dilma Rousseff da Presidência da República e ascensão ao poder
de Michel Temer. Ambos os cenários contribuiriam para o acirramento dos
conflitos entre os partidários e os oponentes do atual governo alimentando o
dissenso entre as forças políticas que se opõem porque as forças políticas
vencedoras em conflito passariam a impor sua vontade que não seria aceito pelas
forças políticas derrotadas. Tanto a permanência de Dilma Rousseff quanto a
ascensão de Michel Temer ao poder trarão insatisfação para amplos setores da população
porquanto, ambos são corresponsáveis pela hecatombe política, econômica e
social que levou à falência os sistemas político e econômico do Brasil. Ambos
os cenários acirrariam os conflitos entre os partidários e oponentes do
‘lulopetismo’ que poderiam conduzir o País à guerra civil que seria deflagrada
por uma das forças políticas em confronto excluída do poder.
Diante da
impossibilidade de Dilma Rousseff e Michel Temer construir a paz social no
Brasil seria necessário haver a renúncia de ambos, respectivamente à
Presidência e Vice-Presidência da República para abrir caminho à constituição
de um governo provisório composto por respeitáveis figuras públicas aceitas por
todas as forças políticas em confronto que teria a incumbência de convocar uma
nova Assembleia Constituinte para reordenar a vida nacional, buscar o consenso
do País na solução da crise econômica e social, evitar a escalada da violência
no Brasil e realizar novas eleições gerais no País. Este seria o caminho para
evitar uma luta fratricida ou uma guerra civil no Brasil quando o dissenso
inviabilizaria a construção de um novo pacto social. Se esta solução política
não for adotada só haverá um desfecho para o impasse institucional em que vive
a nação brasileira que é a intervenção das Forças Armadas visando a manutenção
da ordem constitucional para evitar a emergência de uma guerra civil no Brasil.
*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de
Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros
Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a
Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 3 1998), Um Projeto para o
Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento
do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944,
2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia-
Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic
and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento
Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010),
Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento
global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os
Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015). Possui blog na
Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário