Brasil: literatura (artigo)
Amante da
leitura e da escrita, a palavra é a melhor forma de expressão autêntica
existente, nela há a possibilidade de desembaraçar os sentimentos e
embaralhá-los novamente. Pode-se reconstruir e destruir a qualquer momento,
convidando a uma viagem diária repleta de surpresas.
Há diversas formas de violência
contra o gênero feminino, no presente texto será dado ênfase à violência
simbólica sofrida pela mulher, que foi assunto de obras do sociólogo francês
Pierre Bourdieu.
Diante de um mundo globalizado, regido pela
lei do consumismo, que valoriza o lucro e o mercado e em uma era tecnologizada,
todos se comunicam de forma veloz, através da internet, rádio, televisão, redes
sociais, entre outros meios de comunicação, o que trouxe muitos benefícios à
sociedade. Porém, estes meio também são usados, como uma forma de denegrir a
imagem da mulher na sociedade.
Em uma sociedade patriarcal, onde a mulher
era sempre subordinada ao pai e depois que se casava tornava-se propriedade do
marido, sempre controlada e submetida à autoridade irrefutável da figura do
patriarca, nota-se que esse modelo reverberou até os dias atuais, uma vez que a
mulher ainda é usada como um objeto podendo ser comprada/vendida e as vezes
atingida pela mídia onde as informações de massa se propagam de forma
instantânea e tem grande influência na sociedade.
A distorção, a coisificação e a degradação da
imagem da mulher na mídia, vem crescendo através da publicidade, onde é vista
como um objeto de mercado, que pode ser comprada e vendida através do seu
corpo, mostrando sempre uma mulher perfeita e desprovida de pudores, utilizando
sua sexualidade para comercializar produtos.
De acordo com o Código Brasileiro de Auto
Regulamentação, no capítulo II, nos Princípios Gerais, diz o seguinte: Art. 19
“Toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da
pessoa humana, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos
nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar”. (CONAR, 2002, Art.
19, Seção 1). E reforça no Art. 22 “Os anúncios não devem conter afirmações ou
apresentações visuais ou auditivas que ofendam os padrões de decência que
prevaleçam entre aqueles e que a publicidade poderá atingir”(CONAR, 2002, Art.
22,Seção 2).
A publicidade muitas vezes tem criado uma
visão equivocada da mulher, tratando-a em suas propagandas como seres
impensantes e descartáveis, que não merecem respeito algum, destruindo sua
integridade diante da sociedade. O próprio CONAR reconhece que “a publicidade
exerce forte influência de ordem cultural sobre grandes massas da população”
(CONAR, 2002, Art. 7º, Seção 1).
De todos os meios de comunicação, a internet
é o que mais manipula, pois além de ser um dos meios mais utilizados, a
propagação de informações por este meio infringe a imagem da mulher,
principalmente seu decoro, um caminho sem volta que causa impactos desastrosos,
causando danos morais à imagem da mulher, como a dispersão de imagens íntimas
sem sua autorização, pois, deixam marcas intensas e que não são esquecidas
facilmente pela sociedade.
Vê-se, ainda, que são cada vez mais
crescentes os números de músicas que denigrem a imagem da mulher, formando uma
imagem pejorativa e erótica, tratando-a como um objeto de satisfação sexual e
de prazer, submetendo-a a todos os tipos de constrangimento, mostrando uma
mulher submissa, sem pensamento próprio e fútil. Desrespeitando-a e
desvalorizando-a, com palavras de baixo calão, diante da sociedade, ocasionando
a desigualdade de gênero, pois é desmoralizada na sociedade e vista como um
objeto sem valor que não merece dignidade e respeito.
Manifesta Bourdieu, acerca da violência
simbólica sofrida pela mulher, em seu livro Dominação Masculina: “Violência
simbólica, violência suave, insensível, invisível as suas próprias vítimas, que
se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do
conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento, ou
em última instância, do sentimento. Essa relação social extraordinariamente
ordinária oferece também uma ocasião única de apreender a lógica da dominação,
exercida em nome de um principio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo
dominante quanto pelo dominado, de uma prioridade distintiva, emblema ou
estigma, dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade corporal
inteiramente arbitrária.”(BOURDIEU, 2007, p. 78)
É necessário repensar como esta sendo formada
a imagem da mulher na sociedade, buscando não mais associá-la a um objeto de
consumo, limitando legalmente o uso dos meios de comunicação, quando estes
forem utilizados para agredir ou discriminar o gênero feminino. Assegurando o
direito da imagem de todas as mulheres, de não ser discriminada, denegrida,
desvalorizada ou coisificada, e para que estas não sejam lembradas como uma
mercadoria, objeto ou coisa descartável.
Pois, a mídia tem grande influência na
dispersão de informações e tem usado a sexualidade feminina, como um meio de
obtenção de lucro, formando a imagem de uma mulher banal, que não merece o respeito
pela sociedade. Ressalta, Bourdieu: “O fundamento da violência simbólica reside
nas disposições modeladas pelas estruturas de dominação que a produzem.”
(BOURDIEU, 2007, p. 54)
Desse modo, cabe à sociedade reconhecer as
influências, não assumindo este fato como um valor e ter ética no uso de
tecnologias, ou seja, utilizar esse meio com consciência, sem agredir ou violar
a imagem da mulher, pois esta unificada aos meios de comunicação, em especial
as redes sociais e a mídia, quando não são usadas de maneira ética podem
espalhar informações discriminando e denegrindo a imagem do gênero feminino.
Sendo assim, os órgãos competentes devem instituir leis mais rigorosas que
coíbam à discriminação da imagem da mulher através da mídia e que garantam seus
direitos à privacidade, a liberdade, a igualdade, a estar livre de todas as
formas de discriminação, a liberdade de pensamento, educação, a participação
política, entre outros.
Portanto, a imagem da mulher deve ser
protegida e respeitada, para as gerações futuras, pois a mídia muitas vezes
alia valores distorcidos, que poderão ser geradores de um dano irreversível que
é a dignidade da imagem da mulher.
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