Literatura/Teatro:
história
A peça
teatral de Goethe é considerada um símbolo da modernidade
Johann Wolfgang von Goethe foi um autor e
estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural.
Fausto é o protagonista de uma popular lenda alemã
de um pacto com o demônio, baseada no médico, mago e alquimista alemão Dr.
Johannes Georg Faust (1480-1540). O nome
Fausto tem sido usado como base de diversos textos literários, o mais famoso
deles a peça teatral do autor Goethe, produzida
em duas partes, escrita e reescrita ao longo de quase sessenta anos. A
primeira parte - mais famosa - foi publicada em 1806 e
a segunda, em 1832 - às vésperas da morte do autor.
Considerado símbolo
cultural da modernidade, Fausto é um poema de
proporções épicas que relata a tragédia do Dr. Fausto, homem das ciências que, desiludido com
o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o
demônio Mefistófeles, que o enche com a energia satânica
insufladora da paixão pela técnica e pelo progresso.
Não são muitas as fontes
que se referem a Johann Georg Faust e as de que se têm conhecimento apresentam
muitas informações incompletas ou conflitantes, além de poderem ser apócrifas.
Knittlingen, Helmstadt e Roda (atualmente Stadtroda) são indicados como os possíveis locais de
nascimento de Dr. Fausto. É em Knittlingen, entretanto, que se encontram hoje o
Faust-Museum e o Faust-Archive (Museu e Arquivo de Fausto).
Também não há consenso quanto ao ano de nascimento
de Johann Faust. Há fontes que indicam que este teria ocorrido em 1466, em 1478
e, finalmente, entre 1480 e 1481, informação contida na maioria dos textos
sobre a personagem histórica. As informações comuns entre as diferentes fontes
é que Dr. Fausto teria estudado para tornar-se alquimista, astrólogo, mago e vidente.
O teólogo protestante Philipp Melanchton, que viveu em período próximo ao de
Fausto (1497-1560), produziu um texto em que consta que Fausto teria estudado
em Cracóvia, onde a magia era então matéria curricular.
O teólogo menciona também uma conferência que teria sido realizada por Fausto
em 1539, na qual "muitas pessoas se deixaram iludir". Quando Dr.
Fausto morre, em 1540/1541, Melanchton menciona que muitos acreditavam ser obra
do diabo e admite a hipótese de tratar-se de morte sobrenatural.
Fausto e Mefistófeles
Em 1507 foi
nomeado mestre-escola em Kreuznach "um homem muito douto e
místico", chamado Georgius Sabellicus Faust Junior, que,
conforme uma carta achada na abadia de Sponheim, "abusou dos alunos e fugiu". Em 15 de
janeiro de 1509 colou
grau de bacharel em teologia, na universidade de Heidelberg, um certo Johannes Faust. Conrad Mutianus Rufus,
da paróquia de St. Marien em Gota,
conta que um tal Georg Faust blasfemava soberbamente em Erfurt, em
setembro de 1513. O bispo de Bamberg declarou ter pago a um Faust, em 10 de
fevereiro de 1520, dez moedas de ouro, para que ele lhe lesse
o horóscopo. Documentos rezam que um doutor Georg Faust
foi banido de Ingolstadt, em 15 de junho de 1528, como charlatão. Um
doutor Faust teve negado salvo-conduto, em Nuremberg, a 10 de maio de 1532. Em Münstero doutor Faust, em 25 de junho de 1535, predisse a
capitulação da cidade pelo bispo, como depois aconteceu.
Em pouco tempo outros
mitos e lendas que envolviam personagens como Simão Mago, Cipriano e Teófilo, episódios bíblicos e medievais, burlas e
fábulas começaram a compor uma tão considerável tradição oral e apócrifa acerca
desse Fausto, que ele acabou por tornar-se figura literária.
No intuito de compilar tudo quanto se acreditava e
dizia acerca de Fausto, Johann Spiess, livreiro e escritor de Frankfurt, compôs no ano de 1587 a primeira narrativa
literária dessa personagem. Era um volume de 227 páginas, intitulado como
a Historia von dr. Johann Fausten, cujo enredo contava como ele se
vendeu ao diabo a prazo estipulado, as extraordinárias aventuras que viveu
nesse ínterim, a magia que praticava, e por fim sua morte e danação. Tudo isso
publicado para servir de advertência sincera contra os que levavam a
curiosidade intelectual além do limite estabelecido pelas igrejas[carece de fontes].
Muitos críticos e estudiosos avaliam esse primeiro romance faustiano, ou Faustbuch,
como mera propaganda luterana para doutrinação e proselitismo.
Controvérsias à parte, outros escritores perceberam
que a personagem poderia servir a temas mais profundos e complexos. Com efeito,
Fausto tornou-se figura recorrente ao longo de cinco séculos de literatura
ocidental.
Dois anos depois da publicação de Spiess, ou seja
em 1589, o escritor e dramaturgo inglês Christopher Marlowe (1563-1593) transforma Fausto em peça
teatral, onde sutilmente retrata o dilema do novo homem ocidental, então
dividido entre a religiosidade medieval e o humanismo renascentista.
Quase dois séculos depois, no ano de 1760, foi a
vez do escritor alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) criar uma nova versão
dramática do Fausto, na qual ele encarnaria o heroísmo do intelecto humano,
capaz por si mesmo de triunfar sobre o mal, personificado no diabo. A obra de
Lessing, porém, hoje encontra-se fragmentada.
Não obstante, Fausto se tornaria um das personagens
preferidas do período romântico, que vai de meados do século XVIII ao século
XIX, a notória época do Sturm und Drang. A personagem apareceria em
muitas obras do romantismo alemão como o Fausts Leben (A Vida de
Fausto, 1778), escrita por Maler Müller, e o Fausts
Leben, Taten und Höllenfahrt (Vida, feitos e danação de Fausto, 1791) escrita
por F. M. Klinger. Além
destes, Nikolaus Lenau também fez uma versão romântica do Faust.
Mas seria através do poeta Johann Wolfgang von Goethe que Fausto alcançaria a sua máxima
expressão. A tragédia de Fausto, como dito anteriormente, foi a obra de toda a
vida de Goethe. A primeira versão foi composta em 1775, mas era apenas um
esboço intitulado Urfaust (Proto-Fausto, ou Fausto zero) que
só foi publicado em 1887, décadas depois da morte do autor.
Doze anos após a composição do Urfaust, houve ainda
outro esboço, feito em 1791, que era intitulado Faust, ein Fragment
(Fausto, um fragmento), e também não chegou a ser publicado.
A versão definitiva, só seria escrita e publicada
por Goethe no ano de 1808, sob o título de Faust, eine Tragödie
(Fausto, uma tragédia), e assim trazia a lume sua maior obra prima.
Mas a problemática humana do Fausto continuou a intrigar o poeta, e em 1826 ele
começou a escrever a segunda parte do poema, publicado postumamente sob o
título de Faust. Der Tragödie zweiter Teil in fünf Akten (Fausto.
Segunda parte da tragédia, em cinco atos).
O enredo:
Ilustração da 2ª parte do
Fausto, por Retzsch
No afã de superar os conhecimentos de sua época,
Fausto evoca espíritos e, por fim, Mefistófeles, o demônio (palavra
que significaria, etimologicamente, inimigo da luz) - com o qual
negocia viver por vinte e quatro anos sem envelhecer.
Durante este tempo, conforme o contrato assinado
com seu próprio sangue serviria o diabo a Fausto, em troca da sua alma. Entregue
aos prazeres durante este tempo, é finalmente ao término deles levado para o
Inferno.
Tendo, porém, encontrado o amor de Margarida, dela
tenta obter a salvação, mas foi inevitável o destino a que se comprometera.
Sendo um arquétipo da alma humana, o mito de Fausto
jamais se esgotou simbólica e literariamente, de modo que diversos artistas
contemporâneos e posteriores a Goethe reagiram criativamente à personagem.
O poeta russo Puchkin escreveu em 1826 um Faust notável
pelo diálogo com Mefistófeles. Christian Dietrich Grabbe também compôs em 1836 uma tragédia onde
confrontava Don Juan und Faust(Don Juan e Fausto).
No século XX, o poeta francês Paul Valéry escreveu a peça Mon Faust (Meu Fausto),
sem todavia a concluir.
Depois foi a vez do
poeta português Fernando Pessoa escrever Fausto: Uma Tragédia Subjetiva,
inusitadamente narrado na primeira pessoa.
E por fim, Thomas Mann publicou seu romance Doktor Faustus em
1947.
Recentemente, em 2008, o
escritor Rafael Dionísio lançou os seus "Cadernos de Fausto"
revisitando também este mito.
Em 2011, a escritora brasileira Regina Baptista
publicou o livro "Ato Penitencial" que também faz referência ao mito
de Fausto, numa versão do século XXI.
Em 2012, a escritor argentino Edgar Brau publicou
seu tragédia "Fausto".
Fausto também foi tema para as peças musicais de
vários compositores clássicos como Wagner (Faust), Berlioz (La Damnation de Faust), Schumann (Szenen aus Goethes Faust), Liszt (Faust-Symphonie)
e Gounod (Faust).
Ainda na música Fausto de Goethe serviu de
inspiração para dois álbuns, Epica e The Black Halo, da banda de Metal Melódico Kamelot, e para três álbuns, The Scarecrow, The Wicked Symphony e Angel Of Babylon do
projeto de Power Metal Avantasia, onde o compositor, Tobias Sammet, cria sua própria versão da Lenda de Fausto
através de canções. Em 2012, a banda de Black Metal Agalloch lança o EP Faustian Echoes, a
letra conta com trechos da obra.
Ainda na chamada "Cultura Pop", o
escritor de quadrinhos Alan Moore traz em sua premiada obra
"Promethea" (1999) uma versão de Fausto, baseado livremente na lenda
original.
O livro O Fantasma da Ópera (Gaston Leroux) apresenta a ópera Fausto, de Charles Gounod, no momento em que Erik sequestra Christine.
Em um episódio do seriado "Chapolin" a
história de Fausto é abordada em um tom humorístico com a varinha chama
Chirrin-Chirrion e com um final diferente aonde Fausto engana do diabo.
Em 1926 foi
lançado na Alemanha o filme Faust - Eine Deutsche Volkssage, dirigido por F.W. Murnau e baseado na obra de Goethe. Em 1986, Carlos Reichenbach dirige Filme Demência, uma atualização do mito na cidade de São Paulo.
Em 1994 foi lançado na República Checa o filme Faust, dirigido por Jan Svankmajerse utilizando de um roteiro fantástico e de
bonecos marionetes. Em 2011 o
diretor russo Alexander Sokurov lança sua versão de Fausto, também baseada na
obra de Goethe.
Origem: Wikipédia
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