Coluna de JOACI GÓES:
política
Por Joaci Góes.
É empresário, bacharel em direito,
político,
escritor e imortal pela Academia de
Letras da Bahia.
De erro em erro, Lula e Dilma
chegaram abraçados ao fundo do poço de onde não têm fôlego para retornar à
tona, desenhando, no seu rocambolesco percurso, um cenário político de deixar
boquiaberto o mais delirante dos ficcionistas. Nomes a serem invocados pelo PT,
ao longo da quarentena a que o Partido terá que se submeter, para recobrar-se
do colossal desgaste a que o lançaram seus líderes, Lula e Dilma não dispõem de
tempo físico para voltarem a exercer funções públicas. Uma vez concluído o
processo em curso acelerado de sua defenestração, os bastidores serão o mundo
de sua mobilidade.
Enquanto no plano individual
Collor de Melo é a expressão máxima de ascensão e queda na vida política
brasileira, no âmbito partidário a Palma de Ouro da indesejável oscilação cabe
ao PT pela arrogância de se haver outorgado o monopólio de todas as virtudes
humanas e a representação exclusiva do bem, contra os demais partidos,
integrados pelos vendilhões da Pátria, sob a inspiração do mal. As siglas
partidárias que se associaram ao PT para pilhar o Erário, nos escândalos dos
mensalões, lavagens a jato e tantos outros episódios que empobrecem o Brasil,
sairão arranhadas, com muitos dos seus próceres, também presos, mas com a
tolerância coletiva observada perante quem não se arvorou a sepulcro caiado -
bonitinho por fora, mas podre por dentro-, como se revelou a prática do Partido
dos Trabalhadores, que se “lambuzou no mel” do dinheiro público, como tão bem
definiu o ex-governador Jaques Wagner.
A verdade é que o segundo mandato
de Dilma, decorridos 15 meses da posse, sequer, de fato, começou, paralisia que
retarda, num panorama de desnecessário sofrimento infligido ao povo brasileiro,
a marcha ascensional do País ao patamar das nações mais bem sucedidas. E assim
será enquanto Dilma se mantiver a frente de um governo sobre o qual perdeu
qualquer poder de mando, de tal modo crescente a percepção geral de uma
fragilidade que se consolidou a partir do momento em que ela jogou a toalha e
pediu ao seu patrono e mentor para assumir o comando e salvar o barco do
iminente naufrágio. A emenda saiu pior do que o soneto: a tempestuosa reação
popular fez o barco adernar, sem sinais mínimos alentadores de que voltará ao
prumo.
É verdade que com tantos
ministérios e funções públicas relevantes para aliciar votos, não será difícil
ao Governo encontrar entre os mais de duzentos parlamentares que respondem por
crimes de improbidade o número que falta para completar o terço impeditivo do
Impeachment em curso. O problema é que novo processo será instaurado, já agora
de iniciativa da OAB, apoiado em razões diversas do atual. Se este não vingar,
mais outro o substituirá, ‘ad infinitum’. Para esse ‘continuum’ razões são o
que não falta.
Numa palavra: à frente decorativa
do Governo, a função única da Presidente se restringe a lutar contra o seu
impedimento e dizer que não renunciará, anúncio que elimina sua única saída
honrosa na dantesca conjuntura. A Presidente não percebeu que de suas atitudes
recentes resultou a percepção popular de que o eixo da luta saiu dos que são a
favor e contra o impeachment para os que são a favor da continuidade das
investigações da Operação Lava Jato e os que querem o seu abafamento,
patrocinando a impunidade geral. Ao agarrar-se a Lula, como última tábua de
salvação, a Presidente trouxe a defesa da momentosa roubalheira para dentro do
Palácio Presidencial, comprometendo de modo irremissível sua imagem de
probidade e honradez.
A tola ladainha de que são
golpistas os que a querem derrubar aumenta, ainda mais, o seu isolamento.
Afinal de contas, além dos 70% do povo brasileiro que clamam por sua saída, são
golpistas todas as instituições nacionais que consideram legítimo e
constitucional o processo de impeachment para afastar a presidente da
República, a começar pelos 11 membros do Supremo Tribunal Federal, a maioria
dos quais nomeada ao longo dos governos petistas?
Dificilmente, Albert Einstein
terá se inspirado em erros tão crassos como os recentemente praticados pelo
governo brasileiro para cunhar sua implacável conclusão: “Tudo no universo é
relativo, com a única exceção da estupidez humana”.
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