Brasil: arte pictórica
Manabu Mabe (Kumamoto, 14 de setembro de 1924 — São Paulo, 22 de setembro de 1997) foi um pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro. Pioneiro
do abstracionismo no Brasil.
Manabu Mabe , em
1934,
chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para
trabalhar nas lavouras de café de
Lins, interior de São Paulo. Foi em Lins que conheceu Tikashi Fukushima. Manabu Mabe era quatro anos mais novo que
Tikashi, Tikashi e Mabe estavam decididos a serem pintores, Mabe
trabalhava na lavoura e pintava quando chovia. Mabe tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no
meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual
em São Paulo (1948), na
qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano
seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e
tem filhos. Conheceu Tadashi Kaminagai em 1952, Mabe foi um apreciador da arte de
Kaminagai, e conta que ficava horas ao lado do artista "admirando as
maravilhosas cores que ele pintava uma arara, na varanda da casa do doutor
Honda". Ganha o prêmio de pintura na segunda Bienal Internacional de
São Paulo (1953),
onde são aceitos só dois artistas nipo-brasileiros, Mabe e Tadashi Kaminagai.
Em 1956,
participa da Bienal de Arte do Japão e,
em 1959,
obtém o prêmio de melhor pintor nacional da quinta Bienal de São Paulo e o de destaque
internacional na Bienal de Paris.
No livro Vida e Arte dos Japoneses no Brasil,
Cecília França Lourenço descreve o uso do geometrismo e do abstracionismo pelos
artistas nipo-brasileiros como que atendendo a um "impulso vital e mesmo
cultural, mais facilmente identificado com o gesto, a mancha e as pesquisas
formais, sendo por isso mesmo, uma fonte inesgotável e revitalizada através da
vivência". Artistas como Mabe e Tikashi Fukushima puderam contribuir de
maneira decisiva no desenvolvimento dessa tendência abstrata. Cecília
França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um
nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe,
no contexto que ambos os três tinham "certa contenção, sem permitir
extravasar totalmente a emoção da obra".
Algumas de suas obras,
cerca de 153, avaliadas em mais de US$ 1,24 milhão, foram perdidas no mar, no
dia 30 de Janeiro de 1979,
quando o Boeing 707-323 Cargo da Varig,
registro PP-VLU, sob o comando do mesmo comandante sobrevivente do voo Varig RG-820, desapareceu
sobre o oceano cerca de trinta minutos após a decolagem em Tóquio. Nenhum sinal das obras, destroços ou corpos
foi encontrado. É conhecido por ser o
maior mistério da história da aviação até os dias de hoje. e um dos
raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Alguns
dos quadros foram posteriormente refeitos pelo pintor.
A arte na década de 80 foi influenciada pelo
aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu Mabe, Tikashi
Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e
outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses
da comunidade de artistas.
Realiza, em 1986, uma
retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e lança um livro com 156
reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
A Revista Veja de 22 de julho de 1988 descreve o fato de que
a "importância dada ao trabalho de Mabe, Fukushima e Shiró atraiu
ao Brasil uma nova leva de artistas japoneses, que chegaram ao país maduros e com
posturas estéticas sedimentadas". O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que
na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado
abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima,
Mabe, Wakabayashi, e Shiró.
Escreve, em 1995, a
autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi
publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum, de
Kumamoto, sua região natal. Em 1996 viaja
ao Japão para uma grande mostra retrospectiva de sua obra. Em 1997, alguns
meses antes de falecer Manabu Mabe, participou de uma vinheta interprogramas
pintando o logotipo da extinta Rede Manchete de televisão. No mesmo ano, por causa da Diabetes, Mabe morre em São Paulo por complicações
decorrentes de um transplante de rim.
Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, a demanda
de obras de arte no Brasil é grande, mas a desigualdade sócio-econômica é
enorme, e os compradores se limitam a pessoas de classe mais abastada, empresas
e órgãos públicos. Segundo Hariu, Ohtake, Fukushima, Mabe e outros são
reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos
apoiadores.
Suas obras encontram-se nos Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Arte Contemporânea de Boston e de Belas Artes de Dallas, entre outros. No Museu Nacional de Belas Artes,
no Rio de Janeiro, encontra-se uma de suas pinturas mais expressivas
Natureza-Morta (óleo sobre tela). Também estão no Museu Nacional de Arte da Bolívia.
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