sexta-feira, 22 de abril de 2016

PROCURA-SE ESTADISTA



Literatura: filosofia
 

”Resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas...”

 
Estadista ou homem de Estado, na definição de Houaiss, é pessoa versada nos princípios ou na arte de governar, ativamente envolvida em conduzir os negócios de um governo e em moldar a sua política; ou ainda pessoa que exerce liderança política com sabedoria e sem limitações partidárias.



Heráclito Fontoura Sobral Pinto nasceu em Barbacena em 5 de novembro de 1893 e faleceu Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1991 foi jurista brasileiro. Foi ferrenho defensor dos direitos humanos, especialmente durante a ditadura do Estado Novo e a ditadura militar que foi instaurada após o golpe de 1964. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro). Advogado na área de Direito Privado, acabou por se notabilizar como brilhante criminalista defensor de perseguidos políticos. Católico fervoroso aceitou defender Luís Carlos Prestes, que fora preso após o levante comunista de 1935. No caso do alemão Harry Berger, que também fora preso e severamente torturado após o mesmo levante, Sobral Pinto exigiu ao governo a aplicação do artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais ao prisioneiro, fato bastante inusitado. No fim da carreira, recusou convite do presidente Juscelino Kubitschek para assumir um posto de ministro do Supremo Tribunal Federal, para que não supusessem que sua defesa da posse do presidente fosse movida por interesse pessoal. Na fase da abertura política no início da década de 1980, participou das Diretas Já. Em 1984, causou sensação ao participar do histórico Comício da Candelária, e defender o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da República, lendo o artigo primeiro da Constituição Federal do Brasil.
Em 2013 foi lançado o documentário Sobral – O Homem que Não Tinha Preço que mostra a biografia do jurista na trajetória da defesa dos direitos humanos no Brasil dirigido por Paula Fiuza.

Aristóteles (384 a.C. Atenas, 322 a.C.) filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental. Em 343 a.C. torna-se tutor de Alexandre da Macedónia, na época com treze anos de idade, que será o mais célebre conquistador do mundo antigo.
Para Aristóteles, o que o estadista mais quer e deveria produzir o caráter moral nos seus concidadãos, particularmente uma disposição para a virtude e a prática de ações virtuosas.

Tomás de Aquino, (1225 - 1274), frade da Ordem dos Pregadores (dominicano) italiano cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica.
Tomás de Aquino refletia que as virtudes e os valores cristãos são inseparáveis da prática política, do bom governo e da figura do rex justus (arte de governar). A cosmovisão do governante inclui felicidade em Deus, homens bons e virtuosos, abnegação cristã (diversa da abnegação republicana), amizade honesta, unidade, paz e comunhão social. O governante virtuoso inspira súditos igualmente virtuosos, pelos quais é amado. A natureza é tomada como modelo para o governo dos homens e o governante tem o papel ordenador análogo ao de Deus.

Niccolò di Bernardo dei Machiavelli (1469 - 1527) historiador, poeta, diplomata e músico italiano do renascimento, reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna escreveu sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.
Virtù conceito teorizado por Machiavelli, centra no espírito aguerrido e da capacidade da população ou através do seu líder, que engloba um conjunto de características necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes acontecimentos. Para Maquiavel a virtude é o único modo de se chegar à glória da historia. Na visão de Maquiavel, ele afirmava que a condução do Estado é considerada uma arte, e o estadista, um autêntico artista.

Maurice Merleau-Ponty (1908 - 1961) filósofo francês. Estudou na École Normale Supérieure de Paris, graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon. Em 1949 foi chamado a lecionar na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).
Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se depara com algo que se apresenta diante de sua consciência, primeiro nota e percebe esse objeto em total harmonia com a sua forma, a partir de sua consciência perceptiva. Após perceber o objeto, este entra em sua consciência e passa a ser um fenómeno.
Merleau-Ponty define que o estadista é adaptável às circunstâncias, harmonizando o próprio comportamento à exigência dos tempos. Sua virtù é a flexibilidade moral, a disposição de fazer o que for necessário para alcançar e perenizar a glória cívica e a grandeza com boas ou más ações envolvidas contagiando os cidadãos com essa mesma disposição. Na visão de Merleau-Ponty o estadista é visto como simulador e manipulador da opinião pública ("a ação acusa, mas o resultado escusa"), em uma sociedade acrítica e influenciável pelas aparências, constituída de indivíduos interessados exclusivamente em seu próprio bem estar. Mas a corrupção é vista como perda da virtù que é a habilidade de agir da maneira certa no momento certo.
José Ortega y Gasset (1883 - 1955) filósofo, ensaísta, jornalista e ativista político espanhol , principal expoente da teoria da razão vital e histórica, situado no movimento novecentista.
Ortega y Gasset, classifica os governantes em estadistas, escrupulosos e pusilânimes. O homem de Estado deve ter o que chama de "virtudes magnânimas" e não as "pusilânimes".
Ortega alerta que um arquétipo (aquilo que é) não se confunde com um ideal (aquilo que deve ser). Isto porque a confusão entre arquétipo e ideal levaria a pensar que o político, além de bom estadista, deva ser virtuoso, o que, segundo o autor, seria um equívoco. Tampouco, segundo Ortega, dever-se-ia confundir um político e um intelectual. Um político é aquele que se ocupa; intelectual aquele que se preocupa. Ou se vem ao mundo para fazer política ou para elaborar definições, mas não ambas as coisas, pois a política é clara no que faz no que consegue, mas é contraditória na sua definição.
- O estadista se preocupa com a próxima geração e o político com a próxima eleição.
No processo politico em que nos encontramos uma das dificuldades nestes períodos de “impeachment” nesta roda viva de acusações entre coxinhas versus petralhas, comprova como nos cognominamos e nos qualificamos, de forma pejorativa. Neste universo de nuvens escuras surge me levou a esquadrinhar o estadista brasileiro, para minha prosperidade e admiração aparece o nome de Olívio Dutra, pessoa singular neste universo de criativos indivíduos políticos de atributos interrogáveis.
Entrevista de Roberto D'Avila com tempo de 25m: 26s: Olívio Dutra comenta sobre corrupção e crise política em 5 de março de 2016 no Globo News.
Olívio de Oliveira Dutra nasceu em Bossoroca, 10 de junho de 1941 sindicalista e político brasileiro, sua base política no Rio Grande do Sul, tendo sido prefeito de Porto Alegre, governador do Estado do Rio Grande do Sul e ministro das Cidades. Olívio pessoa de princípios que foi mostrado na entrevista. Logo no inicio do seu mandato como governador ficou marcado por não ter aceitado os termos de negociação de uma montadora a Ford para implantar a fábrica no Rio Grande do Sul. Hoje se sabe que ele não aceitou os termos que a multinacional propunha para o governo. Foi uma escolha dele baseada em seus princípios. Formado em Letras, Olívio foi um funcionário concursado do Banrisul, banco estatal gaúcho, a partir de 1961. Nesta condição, começou sua militância no Sindicato dos Bancários de Porto.

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