Literatura: filosofia
Por Geraldo
Costa
”Resposta
certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas...”
Estadista ou homem de Estado,
na definição de Houaiss, é pessoa versada nos princípios ou na arte de
governar, ativamente envolvida em conduzir os negócios de um governo e em
moldar a sua política; ou ainda pessoa que exerce liderança política com
sabedoria e sem limitações partidárias.
Heráclito Fontoura Sobral Pinto nasceu
em Barbacena em 5 de novembro de 1893 e faleceu Rio de Janeiro, 30 de novembro
de 1991 foi jurista brasileiro. Foi ferrenho defensor dos direitos humanos,
especialmente durante a ditadura do Estado Novo e a ditadura militar que foi
instaurada após o golpe de 1964. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional
de Direito (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro). Advogado na área de
Direito Privado, acabou por se notabilizar como brilhante criminalista defensor
de perseguidos políticos. Católico fervoroso aceitou defender Luís Carlos
Prestes, que fora preso após o levante comunista de 1935. No caso do alemão
Harry Berger, que também fora preso e severamente torturado após o mesmo
levante, Sobral Pinto exigiu ao governo a aplicação do artigo 14 da Lei de
Proteção aos Animais ao prisioneiro, fato bastante inusitado. No fim da
carreira, recusou convite do presidente Juscelino Kubitschek para assumir um
posto de ministro do Supremo Tribunal Federal, para que não supusessem que sua
defesa da posse do presidente fosse movida por interesse pessoal. Na fase da
abertura política no início da década de 1980, participou das Diretas Já. Em
1984, causou sensação ao participar do histórico Comício da Candelária, e
defender o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da
República, lendo o artigo primeiro da Constituição Federal do Brasil.
Em 2013 foi lançado o documentário Sobral – O
Homem que Não Tinha Preço que mostra a biografia do jurista na trajetória da
defesa dos direitos humanos no Brasil dirigido por Paula Fiuza.
Aristóteles (384 a.C. Atenas, 322 a.C.)
filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus
escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, as leis da
poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a
biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão),
Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental. Em 343 a.C.
torna-se tutor de Alexandre da Macedónia, na época com treze anos de idade, que
será o mais célebre conquistador do mundo antigo.
Para Aristóteles, o que o estadista mais quer
e deveria produzir o caráter moral nos seus concidadãos, particularmente uma
disposição para a virtude e a prática de ações virtuosas.
Tomás de Aquino, (1225 - 1274), frade da
Ordem dos Pregadores (dominicano) italiano cujas obras tiveram enorme
influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida
como Escolástica.
Tomás de Aquino refletia que as virtudes e os
valores cristãos são inseparáveis da prática política, do bom governo e da
figura do rex justus (arte de governar). A cosmovisão do governante inclui
felicidade em Deus, homens bons e virtuosos, abnegação cristã (diversa da
abnegação republicana), amizade honesta, unidade, paz e comunhão social. O
governante virtuoso inspira súditos igualmente virtuosos, pelos quais é amado.
A natureza é tomada como modelo para o governo dos homens e o governante tem o
papel ordenador análogo ao de Deus.
Niccolò di Bernardo dei Machiavelli (1469 -
1527) historiador, poeta, diplomata e músico italiano do renascimento,
reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna escreveu
sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.
Virtù conceito teorizado por Machiavelli,
centra no espírito aguerrido e da capacidade da população ou através do seu
líder, que engloba um conjunto de características necessárias para a manutenção
do estado e a realização de grandes acontecimentos. Para Maquiavel a virtude é
o único modo de se chegar à glória da historia. Na visão de Maquiavel, ele
afirmava que a condução do Estado é considerada uma arte, e o estadista, um
autêntico artista.
Maurice Merleau-Ponty (1908 - 1961) filósofo
francês. Estudou na École Normale Supérieure de Paris, graduando-se em
filosofia em 1931. Lecionou antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como
oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da
Universidade de Lyon. Em 1949 foi chamado a lecionar na Universidade de Paris I
(Panthéon-Sorbonne).
Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se
depara com algo que se apresenta diante de sua consciência, primeiro nota e
percebe esse objeto em total harmonia com a sua forma, a partir de sua
consciência perceptiva. Após perceber o objeto, este entra em sua consciência e
passa a ser um fenómeno.
Merleau-Ponty define que o estadista é
adaptável às circunstâncias, harmonizando o próprio comportamento à exigência
dos tempos. Sua virtù é a flexibilidade moral, a disposição de fazer o que for
necessário para alcançar e perenizar a glória cívica e a grandeza com boas ou
más ações envolvidas contagiando os cidadãos com essa mesma disposição. Na
visão de Merleau-Ponty o estadista é visto como simulador e manipulador da
opinião pública ("a ação acusa, mas o resultado escusa"), em uma
sociedade acrítica e influenciável pelas aparências, constituída de indivíduos
interessados exclusivamente em seu próprio bem estar. Mas a corrupção é vista
como perda da virtù que é a habilidade de agir da maneira certa no momento
certo.
José Ortega y Gasset (1883 - 1955) filósofo,
ensaísta, jornalista e ativista político espanhol , principal expoente da
teoria da razão vital e histórica, situado no movimento novecentista.
Ortega y Gasset, classifica os governantes em
estadistas, escrupulosos e pusilânimes. O homem de Estado deve ter o que chama
de "virtudes magnânimas" e não as "pusilânimes".
Ortega alerta que um arquétipo (aquilo que é)
não se confunde com um ideal (aquilo que deve ser). Isto porque a confusão
entre arquétipo e ideal levaria a pensar que o político, além de bom estadista,
deva ser virtuoso, o que, segundo o autor, seria um equívoco. Tampouco, segundo
Ortega, dever-se-ia confundir um político e um intelectual. Um político é
aquele que se ocupa; intelectual aquele que se preocupa. Ou se vem ao mundo
para fazer política ou para elaborar definições, mas não ambas as coisas, pois
a política é clara no que faz no que consegue, mas é contraditória na sua
definição.
- O estadista se preocupa com a próxima
geração e o político com a próxima eleição.
No processo politico em que nos encontramos
uma das dificuldades nestes períodos de “impeachment” nesta roda viva de
acusações entre coxinhas versus petralhas, comprova como nos cognominamos e nos
qualificamos, de forma pejorativa. Neste universo de nuvens escuras surge me
levou a esquadrinhar o estadista brasileiro, para minha prosperidade e
admiração aparece o nome de Olívio Dutra, pessoa singular neste
universo de criativos indivíduos políticos de atributos interrogáveis.
Entrevista de Roberto D'Avila com tempo de
25m: 26s: Olívio Dutra comenta sobre corrupção e crise política em 5 de março
de 2016 no Globo News.
Olívio de Oliveira Dutra
nasceu em Bossoroca, 10 de junho de 1941 sindicalista e político brasileiro,
sua base política no Rio Grande do Sul, tendo sido prefeito de Porto Alegre,
governador do Estado do Rio Grande do Sul e ministro das Cidades. Olívio pessoa
de princípios que foi mostrado na entrevista. Logo no inicio do seu mandato
como governador ficou marcado por não ter aceitado os termos de negociação de
uma montadora a Ford para implantar a fábrica no Rio Grande do Sul. Hoje se
sabe que ele não aceitou os termos que a multinacional propunha para o governo.
Foi uma escolha dele baseada em seus princípios. Formado em Letras, Olívio foi
um funcionário concursado do Banrisul, banco estatal gaúcho, a partir de 1961.
Nesta condição, começou sua militância no Sindicato dos Bancários de Porto.
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