Brasil: política
Por
Joaci Góes.
É empresário, político, escritor,
Membro da Academia de Letras da
Bahia.
Se o impeachment passar, o País
fixa, imediatamente, o marco inicial da retomada do seu desenvolvimento. Se não
passar, hipótese, a nosso ver, provável, pela afrontosa compra do voto de
parlamentares venais, continuaremos atolados na estagnação econômica, no
desemprego e na desesperança, enquanto aguardamos o desdobramento do ritual de
novo pedido, e assim por diante, até o final dos tempos. O protraimento do
desolador estágio em que nos encontramos imporá à sociedade brasileira
sofrimentos inenarráveis, levando ao sentimento geral de que ontem foi melhor
do que está sendo hoje, e de que amanhã será pior do que hoje.
É fora de dúvida que o
atual governo não tem a menor possibilidade de sair do atoleiro em que o lançou
uma perversa combinação de despreparo, arrogância e desenfreado apetite por
riqueza e poder. Passe ou não o impeachment, nada salvará o PT, Dilma e Lula do
imediato desapreço popular.
Para o Partido dos Trabalhadores,
a saída do governo traria a vantagem de ensejar o imediato restauro de seu
discurso redentor, com estreia nas eleições municipais de outubro, com as
sempre sedutoras e aliciantes promessas do céu na terra, campo em que adquiriu
incomparável especialização. A persistência na manutenção de um poder
evanescente, a mais de aumentar a já elevada temperatura do clima político
reinante, provoca uma lenta, gradual e segura hemorragia do minguante prestígio
popular do Partido dos Trabalhadores e de seus líderes.
Dilma e Lula, por sua vez,
não dispõem do horizonte existencial mínimo para testemunharem uma eventual
recuperação de suas respectivas imagens.
Na percepção popular, cada vez
mais alimentada pelos fatos, Lula é o verdadeiro artífice do sistemático
assalto ao Erário, ora objeto da Operação Lava Jato que investiga os autores da
destruição da Petrobrás. Em seguida, certamente, virão as investigações sobre o
assalto ao BNDES, Fundos de Pensão, Eletrobrás e tantos outros que estarrecem o
mundo. Ao jungir-se a Lula, num verdadeiro abraço de afogados, Dilma
comprometeu de modo irrecuperável sua imagem de inocência e honradez, ao fazer
do Palácio do Planalto, segundo a percepção popular, a base da luta pelo
abafamento da Operação Lava Jato, com a consequente impunidade de seus
fautores.
É patético acompanhar os
sucessivos lances que evidenciam o estado administrativamente catatônico em que
o Governo se encontra, quando a Presidente pouco mais faz do que vociferar, da
manhã à noite, que não cederá ao golpe para defenestrá-la, nem renunciará ao
posto a que chegou por via do mais lamentável estelionato eleitoral da história
do voto popular. Suspeita-se que haja ministros que nunca despacharam com a
Presidente a quem ela, sequer, seria capaz de reconhecer num encontro casual,
fora do ambiente de trabalho.
Enquanto isso, o juiz Sérgio
Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal continuam firmemente aliançados
com a opinião pública nacional que despertou para o exercício de sua soberania,
com uma intensidade e determinação sem precedentes em nossa História, a ponto
de levar ministros de tribunais superiores a repensarem seus gratos
compromissos de leniência com os “malfeitos” oficiais, como pagamento por suas
nomeações. Como nunca, os olhos da Nação acompanham cada passo dos que
receberam da sociedade a atribuição do exercício de uma missão com poderes
quase divinais!
Como compensação pelo festival de
equívocos oficiais que constrangem o povo brasileiro, intensifica-se o exercício
da plena cidadania. As cobranças de cumprimento do dever que o jornalista José
Neumanne Pinto fez ao ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello, num recente
programa televisivo de alcance nacional, são emblemáticas desse momento
verdadeiramente novo. Há quem avalie que, depois dessa pública censura, a
Suprema Corte brasileira nunca mais será a mesma.
Que os anjos digam amém!
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