segunda-feira, 11 de abril de 2016

SEM SAÍDA



Brasil: política



Por
Joaci Góes.
É empresário, político, escritor,
Membro da Academia de Letras da Bahia.

Se o impeachment passar, o País fixa, imediatamente, o marco inicial da retomada do seu desenvolvimento. Se não passar, hipótese, a nosso ver, provável, pela afrontosa compra do voto de parlamentares venais, continuaremos atolados na estagnação econômica, no desemprego e na desesperança, enquanto aguardamos o desdobramento do ritual de novo pedido, e assim por diante, até o final dos tempos. O protraimento do desolador estágio em que nos encontramos imporá à sociedade brasileira sofrimentos inenarráveis, levando ao sentimento geral de que ontem foi melhor do que está sendo hoje, e de que amanhã será pior do que hoje.

 É fora de dúvida que o atual governo não tem a menor possibilidade de sair do atoleiro em que o lançou uma perversa combinação de despreparo, arrogância e desenfreado apetite por riqueza e poder. Passe ou não o impeachment, nada salvará o PT, Dilma e Lula do imediato desapreço popular.
Para o Partido dos Trabalhadores, a saída do governo traria a vantagem de ensejar o imediato restauro de seu discurso redentor, com estreia nas eleições municipais de outubro, com as sempre sedutoras e aliciantes promessas do céu na terra, campo em que adquiriu incomparável especialização. A persistência na manutenção de um poder evanescente, a mais de aumentar a já elevada temperatura do clima político reinante, provoca uma lenta, gradual e segura hemorragia do minguante prestígio popular do Partido dos Trabalhadores e de seus líderes.
 Dilma e Lula, por sua vez, não dispõem do horizonte existencial mínimo para testemunharem uma eventual recuperação de suas respectivas imagens.
Na percepção popular, cada vez mais alimentada pelos fatos, Lula é o verdadeiro artífice do sistemático assalto ao Erário, ora objeto da Operação Lava Jato que investiga os autores da destruição da Petrobrás. Em seguida, certamente, virão as investigações sobre o assalto ao BNDES, Fundos de Pensão, Eletrobrás e tantos outros que estarrecem o mundo. Ao jungir-se a Lula, num verdadeiro abraço de afogados, Dilma comprometeu de modo irrecuperável sua imagem de inocência e honradez, ao fazer do Palácio do Planalto, segundo a percepção popular, a base da luta pelo abafamento da Operação Lava Jato, com a consequente impunidade de seus fautores.
É patético acompanhar os sucessivos lances que evidenciam o estado administrativamente catatônico em que o Governo se encontra, quando a Presidente pouco mais faz do que vociferar, da manhã à noite, que não cederá ao golpe para defenestrá-la, nem renunciará ao posto a que chegou por via do mais lamentável estelionato eleitoral da história do voto popular. Suspeita-se que haja ministros que nunca despacharam com a Presidente a quem ela, sequer, seria capaz de reconhecer num encontro casual, fora do ambiente de trabalho.
Enquanto isso, o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal continuam firmemente aliançados com a opinião pública nacional que despertou para o exercício de sua soberania, com uma intensidade e determinação sem precedentes em nossa História, a ponto de levar ministros de tribunais superiores a repensarem seus gratos compromissos de leniência com os “malfeitos” oficiais, como pagamento por suas nomeações. Como nunca, os olhos da Nação acompanham cada passo dos que receberam da sociedade a atribuição do exercício de uma missão com poderes quase divinais! 
Como compensação pelo festival de equívocos oficiais que constrangem o povo brasileiro, intensifica-se o exercício da plena cidadania. As cobranças de cumprimento do dever que o jornalista José Neumanne Pinto fez ao ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello, num recente programa televisivo de alcance nacional, são emblemáticas desse momento verdadeiramente novo. Há quem avalie que, depois dessa pública censura, a Suprema Corte brasileira nunca mais será a mesma.
Que os anjos digam amém!

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