Literatura: poesia
Luiz
Carlos Facó
É um
poeta sergipano, conterrâneo dos grandes Tobias Barreto e Mário Cabral.
Nonagenário, está ainda em pleno exercício do seu vigor criativo. Destacou-se
pela publicação de contos, crônicas, artigos nos diversos segmentos da mídia,
principalmente depois do lançamento do livro de sua autoria ‘Versos no
Espelho’, em três volumes. Colaborador deste Blog, cuja honra em publicá-lo
sempre é ressaltada, agora apresenta uma pequena, mas expressiva mostra do seu afirmativo
talento poético, obra (prosa e verso) que sequencia o estilo da concisão desenvolvido
por Salústio e Tchecov.
Ave
Valadares! Seja bem-vindo.
MADRIGAL
Primícias! Bela ninfa Rosenei!
Disse Sócrates: de uma coisa eu sei;
Eu sei que nada sei.
Mas eu sei que você é graciosa
A alma perfumada como a rosa.
E na data do seu aniversário,
Desejo-lhe felicidade, rezando meu
breviário.
MÃE TERRA
Oh mãe Terra.
Fiat Voluntas Tua!
Acolha-me no teu seio.
Amamenta-me de vermes.
A vida é apenas um relâmpago
Que brilha um instante
E logo se apaga.
A morte parece triste
Mas só ela é eterna.
A sepultura humilde
Que meu corpo recebe
É morada provisória
Onde descansarei em paz.
E depois? Haverá um depois?
Responda-me
MALDIÇÃO
Maldito seja o dia em que eu nasci,
Malditos sejam os dias em que eu
vivi.
Feliz eu só seria se de minha mãe o
útero
Tivesse sido o meu silencioso
sepulcro.
Ao nascer do sangrento ventre materno
Abri os olhos e encontrei-me neste
Inferno
Onde a humanidade sofre o castigo da
dor
E engana-se acreditando existir o
amor!
Nascemos, vivemos e morremos por NADA
Abandonados fomos por Deus nesta
jornada
E matamos uns aos outros por
maldição!
E até quando viveremos neste mundo
cão?
Abandonados como vermes, nesta orbe,
sem opção,
Tendo como esperança a mentira da
salvação.
POR QUE O POETA DEVE
MORRER?
Caminho a passo acelerado,
Carregando às costas, alquebrado,
O peso nefasto de meus oitenta anos
Vividos num mar de desenganos!
Ouço o dobre dos sinos
Tangidos, talvez, por anjos divinos,
Anunciando a minha morte,
Pois Deus não livra o poeta desta
sorte!
E me pergunto o porquê de assim ser,
Por que o poeta deve morrer?
Por que não gozamos aqui a vida
eterna?
Culpa de Adão ou de Eva?!
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