quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A MARGINALIZAÇÃO DA CULTURA CIGANA

 Literatura: Artigo








Publicado por Millene Lima
“Encontrei na escrita um modo de conciliar todos os mundos que me cercam, as nuances que me fascinam e as dores que me afetam.”



Por que um povo tão colorido e cheio de vida é tão marginalizado?





A mescla de culturas presentes no Brasil é uma de nossas maiores riquezas, porém muitas vezes essa riqueza é ignorada ou até mesmo marginalizada. Aprendemos desde crianças os costumes de nossa sociedade, e mesmo que de geração em geração os costumes mudem singela ou drasticamente, a marginalização de culturas é uma das coisas mais difíceis de se extinguir. Os ciganos que há tantos anos chegaram em nosso país têm uma cultura riquíssima, saberes acerca de remédios naturais, danças, canto, artesanato, histórias de luta e determinação, pergunto-me então, aonde estão aqueles que deveriam zelar para a perpetuação saudável da cultura? Aonde estão os ciganos que residem nas cidades que não enxergamos? Lhes respondo, estão escondidos.
Os dentes de ouro que são considerados por muitos uma extravagancia começaram a fazer parte da cultura cigana quando forçados pela sociedade a migrarem de um lugar para outro por não serem aceitos onde chegavam os colocavam e assim podiam troca-los por comida caso não conseguissem pagar a próxima refeição, as roupas tão características que fazem os olhos de muitos brilharem não servem de armadura quando com vestes mais simples porém não menos fáceis de identificar são seguidos em supermercados ou barrados em estabelecimentos cotidianos como restaurantes.
Por que um povo tão colorido e cheio de vida é tão marginalizado?
Por que não se ouve falar sobre suas lutas e conquistas tão árduas?
O diferente nos assusta, criamos um medo inconsciente de perdermos nosso lugar, somos ensinados nas escolas a sermos uniformes, padronizados. Mascaram como disciplina, mas faltam marcar-nos com códigos de barra para que saiamos prontos para seguir o que ditam. Aqueles que fogem ao padrão são automaticamente um perigo para o sistema, e quando atacam um sistema, por mais que não seja o ideal, aqueles que nele estão inseridos lutam batalhas infindas para manter a ordem tal qual como a conhecem.
Somos então produto do meio? Aceitamos o que a nós é imposto e impomos a outros sofrimento por não se encaixarem nas formas que são distribuídas a torto e a direito... Pobres ciganos por terem que lidar com nossa ignorância, pobre de nós que não enxergamos nossas deficiências apáticas.

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