Literatura: Artigo
Publicado por Millene
Lima
“Encontrei na
escrita um modo de conciliar todos os mundos que me cercam, as nuances que me fascinam
e as dores que me afetam.”
Por que um povo tão colorido e cheio
de vida é tão marginalizado?
A mescla de culturas presentes no Brasil é
uma de nossas maiores riquezas, porém muitas vezes essa riqueza é ignorada ou
até mesmo marginalizada. Aprendemos desde crianças os costumes de nossa
sociedade, e mesmo que de geração em geração os costumes mudem singela ou
drasticamente, a marginalização de culturas é uma das coisas mais difíceis de
se extinguir. Os ciganos que há tantos anos chegaram em nosso país têm uma
cultura riquíssima, saberes acerca de remédios naturais, danças, canto,
artesanato, histórias de luta e determinação, pergunto-me então, aonde estão
aqueles que deveriam zelar para a perpetuação saudável da cultura? Aonde estão
os ciganos que residem nas cidades que não enxergamos? Lhes respondo, estão
escondidos.
Os dentes de ouro que são considerados por
muitos uma extravagancia começaram a fazer parte da cultura cigana quando
forçados pela sociedade a migrarem de um lugar para outro por não serem aceitos
onde chegavam os colocavam e assim podiam troca-los por comida caso não
conseguissem pagar a próxima refeição, as roupas tão características que fazem
os olhos de muitos brilharem não servem de armadura quando com vestes mais
simples porém não menos fáceis de identificar são seguidos em supermercados ou
barrados em estabelecimentos cotidianos como restaurantes.
Por que um povo tão colorido e cheio de vida
é tão marginalizado?
Por que não se ouve falar sobre suas lutas e
conquistas tão árduas?
O diferente nos assusta, criamos um medo
inconsciente de perdermos nosso lugar, somos ensinados nas escolas a sermos
uniformes, padronizados. Mascaram como disciplina, mas faltam marcar-nos com
códigos de barra para que saiamos prontos para seguir o que ditam. Aqueles que
fogem ao padrão são automaticamente um perigo para o sistema, e quando atacam
um sistema, por mais que não seja o ideal, aqueles que nele estão inseridos
lutam batalhas infindas para manter a ordem tal qual como a conhecem.
Somos então produto do meio? Aceitamos o que
a nós é imposto e impomos a outros sofrimento por não se encaixarem nas formas
que são distribuídas a torto e a direito... Pobres ciganos por terem que lidar
com nossa ignorância, pobre de nós que não enxergamos nossas deficiências
apáticas.
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