Arquitetura
Publicado por mariana
carrillo,
Contenta-se em falando ser ouvida, e em
escrevendo ser lida.
Daniel Libeskind recebeu
pela primeira vez prêmios que nenhum outro arquiteto havia recebido. A lista de
projetos é extensa. O projeto que sucederá as Torres Gêmeas será, ao lado do
Museu Judaico de Berlim, um dos mais importantes.
Daniel Libeskind [© Michael Klinkhamer]
Arquitetura é uma linguagem. Essa frase é
assinada por Daniel Libeskind, cuja profissão não será preciso dizer qual é. E
ao que parece sua linguagem é entendida e bem aceite por todas as partes do
mundo. Se fosse necessário estar presente em todos os prêmios e nomeações, ele
iria passar a maior parte do seu tempo pulando de continente em continente,
indo de país a país.
Sua história começa em 1946, na Polônia.
Nasceu numa família judia que não fazia parte do Partido Comunista - isto numa
Polónia antissemita e comunista - e por esse motivo foi alvo de agressão. Em
1957 imigrou para Israel, onde Daniel começou a estudar música e a se
apresentar em concertos. Pouco tempo depois mudou-se para os Estados Unidos e,
em 1965, Libeskind tornou-se um cidadão americano.
Tendo ainda dado continuidade à carreira
musical por um período, Libeskind optou por deixar a música de lado e iniciou,
então, os estudos em arquitetura. Em 1970 recebeu seu diploma de arquiteto e,
em 1972, o de sua pós-graduação, em Inglaterra. Ainda hoje a música é presente
em sua vida. Fácil perceber isso quando ele a compara à arquitetura.
"Construir uma cidade não é para autoritários. É como em uma orquestra. O
plano diretor conduz e fornece a música, mas são muitos os que vão executá-la."
Museu Judaico, Berlim
Museu Judaico, Berlim
Aos 26 já tinha sido polonês, americano,
tinha vivido em Israel, tinha se formado em música, morado na Inglaterra e era
pós-graduado em arquitetura. Se é como dizem - que as pessoas são aquilo que
acumulam em suas bagagens no decorrer de suas vidas - Libeskind guardou um
pouquinho daqui e de acolá e aprendeu a falar uma linguagem universal, expressa
nas construções de grandes instituições culturais e comerciais, centros de
convenções, universidades, hotéis, shopping centers... Além de desenhar
cenários de óperas e manter um estúdio de design.
Os projetos de fato vieram um pouco mais
tarde. Até os 52 anos Libeskind trabalhou quase exclusivamente como professor
universitário. Suas ideias desconstrutivas influenciaram toda uma geração de
arquitetos. E o rumo que as coisas tomaram, meio desconexas, meio conectadas,
acabou por ser a melhor maneira de conduzir sua carreira. Em entrevista ao site DW-World ele declarou que sua vida "se
desenvolveu numa sequência inversa. Inicialmente foi determinada pela reflexão,
pela teorização, e não por trabalhos públicos. É uma boa sequencia, pois a
teoria pode se tornar prática, mas não é possível teorizar com na
prática."
Como seu desejo nunca foi viver isolado na
vida acadêmica, em 1989 deu início ao seu primeiro projeto. "Nunca quis
sair construindo qualquer coisa", disse à IstoÉ. E assim, o Museu Judaico
de Berlim foi a sua primeira obra. Para consegui-la ele e sua família chegaram
a té a se mudar para a Alemanha por um tempo. "Pensar o projeto antes de
executá-lo é muito importante. Estudar a história do terreno, o que o prédio
deve dizer – tudo isso precisa ser feito."
Museu Judaico, Berlim
Memory Foundations, World Trade Center [© SPI, dbox]
Libeskind mantém um escritório em Nova York,
onde cerca de 70 pessoas, na maioria jovens profissionais, são responsáveis
pelos projetos do mundo inteiro. O arquiteto consegue manter 12 projetos em
andamentos ao mesmo tempo, espalhados por nove países em quatro continentes.
Criador do plano diretor para a reconstrução no terreno das antigas Torres
Gêmeas, em Nova York, sua linguagem traz ângulos imponentes, espaços
labirínticos, planos inclinados, geometrias que se intersectam, plantas em
ziguezague... E é isso que faz dele um dos mais renomados arquitetos do mundo.
Libeskind defende que trabalhar alinhado com
uma ideologia é limitador. Por isso, a sua ideia é bem simples: trabalhar de
maneira aberta e promover a justiça, criando prédios que fazem sentido no
espaço que ocupam e que estimulam a interação entre as pessoas. "As minhas
obras têm um papel ético na cidade em que estão. Esse papel pode ser descrito
como o de não reforçar ideologias estabelecidas."
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