segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A LENDA DE MOEMA

Salvador de Ávila*



Entre as lendas mais curiosas e sentimentais da nossa quatricentenária Cidade do Salvador, está, sem nenhuma dúvida, a lenda de Moema. Diogo Álvares, o Caramuru, naufragara na costa da Bahia, em 1510,  nos arrecifes em frente à aldeia Tupinambá do Meira-qui-guig – cuja tradução, Mariquita, hoje dá nome ao largo da praça (NR) -, no Rio Vermelho, cujo chefe era o índio Taparica, pai da nativa Paraguaçu, a qual livra o náufrago da morte certa, unindo-se a ele, e, posteriormente, tornando-se sua mulher legítima.  Diogo tornou-se naturalmente cobiçado pelas outras índias, e a prova disso é que, com sua mulher Paraguaçu ele teve somente quatro filhas, de nomes: Genebra, Apolônia, Graça e Madalena. Mas teve ao todo vinte filhos, sendo dezesseis com outras índias.


Dentre as índias apaixonada por Diogo, uma existiu, a linda Moema, a qual, no momento em que Diogo Álvares viajava para a França em companhia do historiador Jacques de Cartier, isso por volta do ano de 1528 ou 30, não se conforma em perder seu bem amado, e, jogando-se na água, nada atrás do navio, até que lhe faltam as forças e vem morrer afogada. A respeito deste episódio, o grande poeta Santa Rita Durão compôs os seguintes versos, que, além da beleza, serviram para imortalizar a bela Moema:“Copiosa multidão da nau francesa Corre a ver o espetáculo, assombrada,E ignorando a ocasião da estranha empresaPasma da turba feminil que nada.Uma que as precede em gentilezaNão vinha menos bela que irada:Era Moema, que de inveja geme,E já vizinha à nau, se apega ao leme.Bárbaro, a bela diz, tigre e não homem...Porém o tigre por cruel que brame,Acha forças, amor, que enfim o domem;Só a ti não domou, por mais que te ame.A vil Paraguaçu, que sem que o creia,Sobre ser-me inferior. É néscia e feiaAh! Diogo cruel! – Disse com mágoaE sem mais ser vista, sorveu-se n’água.”Tal é a lenda de Moema, vítima do grande amor que dedicava a Caramuru.NR 

*Este trecho foi extraído do livro Bahia de Mil Encantos, 1ª edição, Escola Profissionais Salesianas.  Salvador de Ávila nasceu em Sergipe, mas viveu a maior parte de sua vida em Salvador-Ba. Era professor de História da Bahia, escritor e poeta. Acatado por seus pares, adorado pelos seus alunos, deixou, em livros, pesquisas sobre Salvador: sua gente, costumes, igrejas, monumentos, nomes de ruas, iconografias, indígenas e nações baianas de descendência africana. Seus livros têm servido de roteiro pedagógico para as muitas Faculdades de Turismo, na Bahia.


      

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