Do livro: MINHA ALDEIA, de João Bosco Soares dos
Santos *
Não se soube como, quando, nem de onde veio.
Simplesmente chegou. Surgiu-se, derepentemente.
Magrinho, vestindo pequeno, frágil e leve shortinho, quase transparente,
e camiseta, tão branquinhas como nuvens puras, e que não amostravam qualquer
mancha de sujeiras de criança.
Sua doce face era orvalhada por gotinhas de água, como se fora
bolhas de cristal. Levantava e baixava a cabecinha e a virava delicadamente
para os lados, quando começou a balbuciar qualquer coisa, ainda não entendível.
Era lindo!
Não! Era belíssimo nos seus três anos aparentes de vida: olhos,
entre o verde e o azul, cintilando horizontes de luzes longes mas penetrantes;
cabelos de sol, em reflexos de sol, no seu amarelo-ouro mais brilhante; mãos
pequeninas, suaves e tímidas incapazes de disfarçar o encanto sutil ostentado
naquele todo tão pequenino e tão ternamente belo.
Corpo de imaginário anjo de um céu bem distante, delicadamente suave.
Pele ligeiramente amorenada, querendo ir para uma tonalidade sertaneja, ou para
uma doce cor parda leve, pura e suavemente tenra. Era uma beleza diferentemente
plena, em toda sua total e atualizada perfeição.
E foi visto envolvido em luzes e em frente de uma das casas.
Que linda criança! Dir-se-ia, seria um Pequeno Príncipe pousando
no nordeste, se aquela aldeia tivesse lido a história de Antoine de
Saint-Exupéry; tal eram o esplêndido e elegante porte e a purificada beleza
daquele menino-sol.
- Quem é você?
- Onde está sua mãe?
- E seu pai?
- De onde vem você?
- Com quem veio?
- Qual é o seu nome?
Você chegou aqui, agora?
De logo, somente movimentava a cabeça, quando parecia falar. E com
os braços, mãos e dedos gesticulavam, tentando apontar os mais distantes e
indefinidos lugares e meneava os olhos só para mostrar e provar que eles eram
estranhamente belos e magistrais e fazia dançar o pesinho direito, quando
reiterava o que queria dizer.
O barulho das pessoas presentes aumentou e todos os habitantes do
lugarejo vieram ver, de pertinho, o menino, já o aclamando como menino-sol.
Aparentemente, tomou um pouquinho de leite e mastigou,
magicamente, um pedacinho de queijo que lhe foram oferecidos e, de imediato,
adormeceu, coincidentemente, nos braços da mais velha, mais generosa e mais
carinhosa mãe do povoado, que já o ninava e para ele cantava, com sua adorada
voz de mãe adorada, a canção de ninar mais tocantemente emocional e maviosa que
aquela vila sabia cantar. E quase todas as almas daquele sítio passaram a noite
na varanda e em torno do casebre, olhando, analisando e amando aquele
momento-noite de alegríssima felicidade jamais imaginada.
Quando a madrugada abriu sua porta, encontrou algumas daquelas
pessoas ainda a dormir.
Mas, bem próximo daquele mesmo momento, alguém disse gritando que
a criança não mais estava a repousar em qualquer cantinho quer dos braços quer
da casa. E todos, atordoadamente e tumultuadamente, se movimentaram a
buscar aquela beleza-felicidade, com os
olhos, ouvidos, mãos, braços, corpos, espíritos e mentes, nas suas proximidades e em todos os possíveis
lugares.
E, e já bem cansadas, desesperadas e desesperançadas as pessoas
deram-se as mãos, ajoelharam-se e rezaram a DEUS, a Nossa Senhora do Rosário, a
São João Batista, a São Francisco e a São João Bosco, padroeiros e santos da
vila, em agradecimento por aquele momento, indagando-se, pedindo explicações e
a clamarem, prometendo tudo para terem de volta aquele anjo-luz, com aquele
feliz momento.
- Onde está?
- Quem está vendo?
- Quem viu?
- Para onde foi?
- Por que veio até aqui, nessa noite-manhã?
- E o que queria, então?
- Que veio nos dizer ou lembrar?
Quando a tarde veio vindo e o sol mostrou-se com toda sua
pomposidade dourada, despedindo-se do dia, para caçar outras sombras lá na
outra face das terra, todos perceberam
que um feixe de fortes e fantásticas luzes e reflexos, mais douradamente
fortes, partia do alto do Serrote, plantado a séculos no
meio do Rio São Francisco, do lado oposto ao poente sol.
E todos se inflamaram, levando alvoroçadas emoções às gargantas
porque constataram, com todos os sentidos
que de lá, realmente, estava bem fincada uma esplêndida cruz, tão ou
mais ofuscante que o sol.
Correram todos em corpos e sentidos e, imediatamente, ecoou um ohhhhhh...
por todos os lados e lugares, de susto, respeito, admiração e indagação.
E, em verdade encantada, lá estava o menino-sol, com corpo e
bracinhos abertos em cintilante cruz, olhando fixamente o alto dos céus, com
que afrontando magistralmente o sol, imaginando-se sol, querendo ser sol e
mostrando a todos que ele também era um extraordinário sol, muito mais
cintilante que o nosso.
E a pequena multidão de corpos e espíritos, sem qualquer outra
opção de adoração ou de louvação, ajoelhou-se todamente contrita e explodindo
emoções por todos os poros, comandada pelos bons valores cristão, que se
impunham com dignidade naquela diminuta aldeia, mas gigantemente crescente em
fé e em respeito a DEUS.
E, ansiosos, todos contritos, esperaram a voz e as palavras que o
menino-sol parecia dizer, e todas as pessoas acreditavam estar a ouvi-las e a
entendê-las, mas, na verdade, ninguém ouvia som nenhum: tudo era tocante e
magicamente encantado e encantante.
E, logo ao depois, o menino-sol somente era silêncio retumbante e
sublimação celestial. E assim continuou a ser silêncio de voz e reflexos
áureos, os mais brilhantes e mais dourados, por toda a noite.
E, por todos os dias seguintes, só ficou a magistral visão; a
inexplicável imaginação da lembrança.
Não se sabe se todas as pessoas presentes acordaram ou se o
menino-sol desurgiu ainda mais instantaneamente do que surgiu.
- Teria sido o próprio DEUS? Não! Todos ali acreditaram e
afirmaram não merecer a digna visita de DEUS, ainda que encantadamente.
- Foi Jesus Cristo, o Filho VIVO de DEUS?
- O Divino Espírito Santo?
- Ou apenas um anjo especial?
- Sua mensagem não poderia ser mais clara?
- Com que objetivo teria vindo a esse lugar tão pequeno, tão
distante, tão abandonado, mas tão confuso e indeciso?
- Por que tanto brilho, infinitamente inimaginável, até então?
- Por que tanto mistério e encantamento?
Diante de indagações sem respostas efetivas e claras, somente
restou para cada uma das pessoas, escutar sua própria consciência, perguntar-se
sobre o porquê desse acontecimento fantástico e, após construir suas ponderadas
conclusões, partir para redirecionar suas atitudes, ações, palavras, objetivos,
metas, razões, na busca de uma vida-perfeição de alegria, de saúde, de boa e
tranquila convivência familiar e comunitária; na mais construtiva paz, calcada
no mérito, no equilíbrio, na judiciosidade, no respeito e no mais doce amor
cristão e fraternal, carregado de afeto e de lealdade.
NR/ * DADOS
BIOGRÁFICOS DO AUTOR JOÃO BOSCO SOARES DOS SANTOS.
JÁ PUBLICOU:
- CANTARES – Poesias.
- POR UMA HUMANIZAÇÃO DA POLÍTICA BRASILEIRA - Política e Ética,
- DIREITO E MORALIDADE NO ESTADO BRASILEIRO, Política, Direito, Moral e Ética, em co-autoria com sua filha HERTA RANI TELES SANTOS, Doutora em Direito, Bacharela em Turismo e Autora de livros e Artigos de Direito.
- MANOEL DOS SANTOS – O DELMIRO GOUVEIA DOS SERTÕES RODELENSES – Biografia.
- CARTA À PRESIDENTE. Uma Microvisão da Política Brasileira e Algumas Sugestões Administrativas.
- TOCATAS – Poesia e Prosa.
CARTA ABERTA À HISTÓRIA RODELENSE - FOLHETOS.
- Tem Artigos, Biografia, Ensaios, Contos, Poesias e Trovas publicados em Jornais, Revistas, Coletâneas, Blogs, Sites, Links.
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- TEM EM EDITORAÇÃO:
- REFLEXÕES SOBRE O DIREITO APLICADO, A MICROPOLÍTICA E A GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL - Política, Administração Pública e Ética.
- O PEABIRU - Artérias sulamericanas, Entradas, Bandeiras, Moções, Estradas reais e caminhos, para e pelo Antigo Sertões dos Rodelas; Tropeiros, Mascates, Emboabas, vias, rotas; e o atual Município de Rodelas - História, caminhos de índios e as primeiras povoações do Médio São Francisco.
- MINHA ALDEIA - Volume I
- MINHA ALDEIA – Volume II
- CORDEIS.
- REATIVANDO A HISTÓRIA – Sobre os índios e os primeiros habitantes do Médio São Francisco.
- PEQUENAS PALAVRAS... GRANDES LIÇÕES.... AFORISMOS.
- A REGIÃO QUE NÃO SE LEMBROU DE SER PROVÍNCIA. Tese Histórica.
- Advogado, Professor, Auditor, Escritor, Historiador, Biógrafo, Contista, Poeta e Trovador.
- Pós-graduado em Direito Administrativo, Direito e Processo Trabalhista e Direito Penal.
- Graduado em Direito, Letras com Francês e Matemática.
- É verbete do Dicionário de autores baianos, editado pela Secretaria de Cultura da Bahia.
- Premiado em concursos de Poesias e Trovas.
- Indicado pelo Tribunal de Justiça da Bahia, em lista tríplice, por duas vezes, para compor o Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia.
- Agraciado pela OAB-Ba por Serviços Educacionais e Assistenciais prestados.
- Advogado da CAESB, Brasília e da CHESF, Bahia; Chefe da Procuradoria Jurídica do PREVI-Salvador (ex-IPS), Promotor Adjunto do Estado da Bahia, Procurador Municipal e membro do Conselho de Contribuintes do Município de Salvador.
- Auditor do Estado da Bahia e da Prefeitura de Salvador, por concurso de provas e títulos.
- Integra o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, o Grupo de Ação Cultural da Bahia, a União Brasileira de Trovadores da Bahia e a Academia de Cultura da Bahia.
- Fundador, Implantador, Presidente, Integrante de Diretorias e Diretor de Escolas, Cursos do ensino médio, Sindicato, Entidades literárias, educacionais, sociais e bibliotecas.
- Preside e integra Diretorias de entidades educacionais, culturais e sociais.
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