por
Maria Fernanda Ziegler - iG São Paulo
Publicada em 26/01/2013 11:58:02
Foto: Sxc/Creative Commons
Capacidade de digerir amido pode ter tornado possível a domesticação dos
cachorros
Pesquisadores descobriram
que as adaptações que permitiram com que cachorros conseguissem digerir
carboidratos foram cruciais para a domesticação dos animais. Para chegar a esta
conclusão, uma equipe de cientistas suecos comparou os genomas de cães e lobos
e identificou 36 regiões com genes relacionados ao desenvolvimento cerebral e
ao metabolismo do amido.
“Nossos resultados mostraram que estas adaptações
nos ancestrais dos cães modernos permitiram uma dieta rica em amido, ao
contrário da dieta carnívora dos lobos, e constituíram algo muito importante para
o primeiro passo da domesticação de cão há cerca de dez mil anos”, disse Erik
Axelsson, pesquisador do departamento de Bioquímica da Universidade de Uppsala
e autor principal do estudo publicado esta semana no periódico científico
Nature .
Axelsson
explica que estudos anteriores afirmam que a domesticação dos cães começou
quando lobos foram atraídos pelos restos de alimentos nos primeiros
assentamentos humanos. A partir desta estratégia para se obter alimento começou
um processo de seleção natural. O lobo se mostrou mais eficiente para se
alimentar da carne e fugir com frequência quando os humanos se aproximavam.
“Uma peça
totalmente nova para este quebra-cabeça é a descoberta da digestão mais
eficiente do amido pelos cachorros”, disse Axelsson. Para ele, isto indica que
a eficiente alimentação de restos orgânicos deixados pelos humanos incluía ter
um eficiente sistema para digerir os restos dos alimentos em um momento em que
o ser humano iniciava a prática da agricultura, justamente com os cereais que
compõem alimentos cheios de amido como o pão.
“Apenas os
lobos que podiam fazer bom uso dos escassos restos de comida sobreviveram para
se tornarem os ancestrais dos cachorros de hoje. Tanto as diferenças de
comportamento quanto as diferenças digestivas se mostraram importantes neste
processo”, disse.
Genética reflete comportamento
A diferença entre cães e lobos parece mesmo
intrigar cientistas. Na semana passada uma pesquisadora da
Universidade de Massachusetts em Amherst, nos Estados Unidos, publicou um
estudo que analisou o comportamento de filhotes de cães e lobos . O estudo não
envolvia análise genética, mas também pode observar diferença importantes entre
os animais.
Kathryn
Lord, pesquisadora que conduziu o estudo comportamental, concluiu que filhotes
de cães e lobos começam a explorar o mundo de forma distinta durante o
desenvolvimento. Ela afirmou que e isso explica porque lobos não conseguem ser
domesticados.
Perguntado
sobre o estudo de Kathryn, Axelsson afirmou que ele reafirma que existem muitas
diferenças genéticas que afetam o desenvolvimento dos genes do sistema nervoso
dos animais. “Os genes relacionados neste estudo são também genes que governam
o desenvolvimento do cérebro. São sinais muito fortes que sugerem que as
mutações nestes genes explicariam o que foi reportado no estudo de Lord”,
disse.
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