LENDA: TEXTO
DE AUTORIA DESCONHECIDA
Era uma vez uma mulher de Guadalupe, na Graciosa, que ía
casar uma filha em poucos dias. Estavam a fazer as cozeduras e, com todos os
preparativos, a mulher já tinha gasto muito do pouco que tinha. É que para
casar uma filha são gastos e mais gastos.
Numa certa altura, a mulher já estava farta de puxar pela
carteira e, arrenegada, virou-se para a filha e disse:
- Vai-te com o diabo, rapariga, que me levas tudo o que
tenho!
Ninguém prestou atenção a estas palavras, mas passado
pouco tempo , quando foram pela rapariga, não a encontraram em casa nem na
vizinhança. Toda a gente ficou muito aflita, principalmente os pais e o noivo.
Começaram então a procurar em lugares mais distantes, até que, sem saber mais
onde procurar, foram para a serra e chegaram junto de um algar a que chamam de
Caldeirinha. Desceram o mais depressa que puderam a vereda perigosa que conduz
até à entrada de forma arredondada que conduz não se sabe onde? Ainda mais
surpresas e aflitos ficaram, quando viram ali as galochas da rapariga e
acreditaram que ela estava dentro da Caldeirinha.
Foram buscar cordas muito fortes, ataram-nas umas às
outras e o noivo amarrou-se. Cheio de medo por não saber o que ía encontrar lá
dentro, foi descido pelo buraco escuro e medonho. No fundo encontrou a infeliz
rapariga, tremendo de medo e aparvalhada. Amarrou-a também com as cordas e lá
subiram os dois.
O pior estava passado! Mas quando questionaram a rapariga
como tinha ído ali parar, ela não sabia ao certo. Então a mãe lembrou-se da
blasfémia que tinha dito, tendo-a entregue ao diabo. Ele, que anda sempre à
procura de almas, levara-a logo para o lugar onde se costumava esconder, a
Caldeirinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário